Φ Cap XVII: Finalmente Roma - Gabriel Φ
Assim
que amanheceu, todos já estávamos de pé e prontos para partir.
Eu, Rachel e Arthur, montamos nossos pégasos. Ethan, Peter e Thiago,
em Nidhogg, o dragão de estimação deles. Tanto
o dragão quanto os pégasos eram igualmente rápidos, logo, chegamos
rapidamente à Roma.
— Estão preparados? — Perguntei, embora eu mesmo não
estivesse.
— Se estar pronto para lutar, mas não ter a certeza que vai
sobreviver, é estar preparado, então, eu estou. — Disse Ethan.
Pousamos
bem no meio da arena do Coliseu, onde já haviam alguns esqueletos
saindo do chão. Sacamos as armas. Sete adolescentes parados em
formação de círculo, no meio do Coliseu, não é uma coisa que se
impressione, ainda mais quando o adversário é um exército de
monstros. Mas estávamos lá, e íamos lutar até o fim para salvar o
mundo.
Os
esqueletos não eram tão fortes e bons quantos os primeiros que eu
enfrentara alguns dias atrás. Apenas alguns se reerguiam e não
mais de uma vez. O que me levava a pensar que o semi-deus estava
ficando fraco, que invocar todo aquele exército, estava o cansando.
Talvez fosse a nossa chance de vencê-lo.
Depois
de algum tempo, os esqueletos, que apareciam e logo viravam pó,
pararam de vir. Mas outras criaturas foram aparecendo. Eram cães
infernais, telquines, gigantes e outras criaturas que provavelmente
eram nórdicos, pois eu não conhecia.
A
arena se encheu, tínhamos de sair dali, mas todas as entradas já
estavam bloqueadas, por monstros nada simpáticos e o caminho até
ela também. Nesse momento, eu lembrei de um pedaço da profecia:
apenas
no dia final, todos os heróis se reunirão. Então,
aquele havia de ser o último dia? Mas, e o sonho que eu tivera com
Rachel, no qual nós éramos velhos? Mas eu acho que deveria confiar
mais na profecia, do que em um sonho. Ou não? Minha cabeça estava
confusa. Eu só sabia de uma coisa: se dependesse de mim, aquele
NÃO seria o último dia.
Depois
disso, só lembro de ter acordado com a pior dor de cabeça da minha
vida. Minha visão estava embaçada, meus amigos em volta de mim. O
lugar em que estávamos era escuro, apenas uma ou duas lâmpadas
iluminavam o local. Parecia bem antigo, tinha teias em todo o lugar,
e onde quer que encostasse havia poeira, muita
poeira.
De repente, uma onda de imagens começou a vir em minha mente: o coliseu, vários monstros vindo pra cima de mim... e uma que me assustou muito. E foi a que não saiu de minha mente. Era a imagem do chão se abrindo e o semideus filho de Hades surgindo do buraco. Ele gargalhava, mas, ao mesmo tempo, seu olhar mostrava seriedade e ódio.
De repente, uma onda de imagens começou a vir em minha mente: o coliseu, vários monstros vindo pra cima de mim... e uma que me assustou muito. E foi a que não saiu de minha mente. Era a imagem do chão se abrindo e o semideus filho de Hades surgindo do buraco. Ele gargalhava, mas, ao mesmo tempo, seu olhar mostrava seriedade e ódio.
— Olá hã, Gabriel, certo? Bom isso não vai importar já que
você vai ser só mais um que vai morrer. Prazer meu nome é Joe, mas
acho que você já sabe disso. Você pode derrotar todo esse
exército, pode até me matar, mas o Kraken vai destruir tudo e
todos e aqueles deuses finalmente vão cair. Você não tem chance,
você... — ele perdeu o equilíbrio, se ajoelhou e tossiu.
Lembro de correr para cima dele e, quando estava bem perto, um gigante me acertou com seu porrete do tamanho de uma porta. BAM! Bem na minha cabeça. EU voei e, assim que caí, eu perdi a consciência vendo meus amigos me pegarem e correrem.
Acordei de novo, estava dentro de alguma construção. Ouvi alguns barulhos do lado de fora. Tentei levantar, mas o máximo que consegui foi ficar sentado, escorado na parede. Thiago viu e veio até mim.
Lembro de correr para cima dele e, quando estava bem perto, um gigante me acertou com seu porrete do tamanho de uma porta. BAM! Bem na minha cabeça. EU voei e, assim que caí, eu perdi a consciência vendo meus amigos me pegarem e correrem.
Acordei de novo, estava dentro de alguma construção. Ouvi alguns barulhos do lado de fora. Tentei levantar, mas o máximo que consegui foi ficar sentado, escorado na parede. Thiago viu e veio até mim.
— Ei, cara, está tudo bem?
— Vou ficar melhor. Mas, onde estamos?
— Em uma casa abandonada que encontramos. Tivemos que correr muito,
você levou uma pancada feia.
— É — disse eu colocando a mão na cabeça. — E... E
esses barulhos do lado de fora?
— São dragões, eles estão nos procurando.
Me
levantei cambaleando, mas já estava bom, bom o suficiente para
correr. Os outros cinco estavam sentados à mesa, conversando.
— … Kraken — dizia Rachel a Arthur — O único jeito de
derrotá-lo é com a cabeça da Medusa! Se não a tivermos, não
teremos chance! O Kraken sozinho, matou um punhado de titãs...
acabar com nós seria mais do que fácil!
— Nós vamos — disse Thiago aproximando-se da mesa.
— Aonde? — Perguntei.
— Atrás da Medusa oras, não é da cabeça dela que precisam?
Deixe com a gente. Apenas sobreviva enquanto não voltamos, ok? - Fiz
uma careta.
— Tem certeza? — perguntou Rachel preocupada, o que, eu
admito, me deixou com ciúmes. — Afinal, só de olhar para ela
você vira pedra e, como se isso não bastasse, ela vive no
sub-mundo! Como vocês vão chegar lá?
Ethan
deu uma risada.
— Fácil — disse ele. — Nidhogg já esteve por lá e, com
certeza sabe o caminho. Então, estamos combinados assim?
Rachel
deu de ombros.
— Se vocês insistem...
Thiago
assoviou e Nidhogg apareceu arrancando o teto. Ele parecia um
cachorro quando vai passear. Abanava seu “rabinho” fazendo um
certo vento. Então ele abaixou a cabeça e Ethan, Peter e Thiago
subiram nele.
— Rachel — disse Thiago. — Tente não sentir muita falta
de mim. — e deu uma risada enquanto Nidhogg ganhava altura e três
dragões para o perseguir.
Trinquei
os dentes. Nidhogg sumiu nas nuvens.
— Você fica lindo com ciúmes — disse Rachel dando uma
pequena risada.
Dei
de ombros.
— Você pareceu não importar muito com ele dando em cima de você
não é?
— Ah, não seja bobo, afinal, sou uma garota bonita, tenho que
aguentar isso, e, mais uma coisa: eu gosto é de você
seu bobinho.
Então
ela me deu um beijo na ponta do nariz. Eu ainda não estava
totalmente calmo. Mas, naquele momento, eu teria que esquecer aquilo,
pois um esqueleto montando um dragão nos viu e partia para cima de
nós. Uma
grande onda de fogo, veio e queimou grande parte do cômodo onde
estávamos, mas nós já estávamos do lado de fora, correndo meio
sem direção, apenas fugindo.
Ter
um lagarto gigante que voa e um esqueleto “vivo” atrás de você
não é la a melhor coisa do mundo, mas pior ainda, é quando na sua
frente, vários pedaços de metal começam a se juntar e formam um
gigante de bronze: Um colosso. Ele
era da altura de um eucalipto, usava uma espada do meu tamanho,
estava todo vestido com roupas de guerra e estava pronto para nos
matar.
Ele
investiu contra mim. Eu esquivei e ataquei seu braço, minha espada
acertou-o, mas apenas fez algumas faíscas. O colosso era bem lento.
Mas era muito forte. Em um dos golpes que ele desferiu, sua espada
acertou uma árvore e a cortou.
Rachel,
arremessou suas foices, e a corrente entre elas, se enrolaram nas
pernas do colosso e ele caiu. BAM! Um barulho muito alto, e um leve
tremor. A calçada havia sido destruída. Arthur correu, pulou e
cravou sua espada nas costas do monstro. De lá saiu um líquido
preto, acho que era óleo.
Eu
parti para cima, para terminar logo com isso, mas uma visão me fez
cair para trás. Por um segundo, talvez menos, o mundo se
transformou. Embora tenha sido em um intervalo pequeno, eu consegui
ver todos os detalhes. O
lugar que eu vira, era assustador. Haviam várias construções em
ruínas, tudo estava em chamas. Eu ouvia o barulho de uma guerra, mas
não via nada. Nas nuvens, quando relampeava, podia-se ver a sombra
de criaturas lutando. Não só criaturas, humanos também. Seria uma
visão do futuro? Teria a ver com a profecia?
De
repente, me vi deitado e o colosso prestes a me golpear. Rolei e
consegui desviar do golpe. Rachel
me olhava com os olhos arregalados que diziam: por que de
repente você cai assim e fica deitado, só esperando para ser
golpeado? Você quer morrer?
Dei
de ombros e fiz um sinal dizendo que depois contaria tudo a ela.
Levantei-me pois o colosso já estava atacando de novo. Desviei e
cravei a minha espada em seu braço. Ele o ergueu e eu quase fui
lançado para longe. Mas consegui me segurar. Quando o braço estava
bem alto, chacoalhando, eu me soltei, e enquanto descia, golpeei sua
testa, a lâmina da espada ficou inteira para dentro do rosto do
colosso, e enquanto eu descia ela descia também, abrindo o rosto do
monstro. Eu caí. Quando olhei de novo, uma estátua com a cabeça
dividida ao meio vinha para cima de mim. Mas já estava mais lenta.
Vários golpes se sucederam, até que ela ajoelhou-se, e eu fiz uma
bola de gelo e terminei de amassar toda a sua cabeça.
Nos
escondemos de novo, dessa vez, em um restaurante fechado. Lembrei que
estava com fome. Fui até a cozinha e fiz alguns pratos. Torci para
que os monstros não sentissem o cheiro, e não viessem atrás de
nós. Enquanto
comíamos, eu contei sobre minha visão à Arthur e Rachel, ninguém
soube explicar aquilo, o que me deixou preocupado.
Assim
que pensei no filho de Hades de novo, eu quase tive um ataque. Eu já
o vira antes, ele era o antigo diretor da minha escola: Joe. Ele
estava um pouco diferente, mas eu tinha certeza que era ele. O que
ele fora fazer em minha casa? Seria por isso que ele tentara me matar
na escola?
Senti-
me tonto e mais confuso do que já estava. Resolvi deixar essas
coisas de lado e fui para perto de Rachel, que estava sentada num
canto sozinha, com vários parafusos, porcas e alguns pedaços de
metal. Rapidamente, ela fez um pequeno coração que veio voando até
mim, e se abriu, mostrando uma foto nossa, que, a propósito, eu não
fazia ideia de quando havia sido tirada.
— Hã, Rachel — chamei eu.
— Sim? — disse ela docemente, mas com um olhar um pouco
triste.
— Você me desculpa?
— Pelo que?
— Ah, você sabe, por aquele ataque de ciúmes a pouco, me
desculpe, é que eu gosto muito de você, e não quero, por hipótese
nenhuma, te perder.
— Ah não sei Gabriel.
Seu
olhar ainda estava triste, como se estivesse sofrendo por causa do
fato.
— Por favor! Não vai se repetir, eu juro!
— Não é por isso, é que, bem, eu... eu não gosto mais de você.
Me desculpe.
Uma
lágrima escorreu em seu rosto. Eu levei um choque, aquilo doeu muito
mais que da vez em que aquela dracaenae
me golpeou.
— Então, aquele cara te conquistou, em um dia? E o coração que
você acabou de fazer para mim?
— Não Gabriel, ninguém me conquistou, e o coração, é para
você nunca se esquecer de mim! Bom, tenho certeza que não vai
mesmo, mas talvez não sejam lembranças boas.
Dois
deles traidores. Essas palavras
da profecia ressoaram em minha mente. Seria Rachel a traidora? Não,
não era possível.
— Você … — quando eu ia completar, eu vi algo em seus
olhos, que me deram uma certeza: ela estava mentindo. — Você
não está falando a verdade! Você ainda gosta
de mim!
— Não, Gabriel — disse ela, mas dessa vez não tão
convincente. — Eu não
gosto mais de você, acabou.
— Então diga isso olhando para os meus olhos.
Ela
se virou e seus olhos azuis olharam para os meus profundamente. Quase me perdi naqueles belos olhos.
Ela começou a falar:
Ela começou a falar:
— Eu... — ela dizia sem virar o olhar. — Eu...
Então
eu a beijei. Ela não recusou, e logo depois ela me deu um
longo abraço.
— Me desculpe! Eu, eu não queria mentir! É só que era
preciso...
— Mas por que?
— Por que, eu vou morrer. É o trato. E eu queria que você
ficasse com lembranças ruins de mim, para não sentir saudade, não
ficar triste. Queria que fossem as lembranças de eu terminando com
você, sem motivo, falando que eu não gostava mais de você.
— Morrer? Trato? Que trato?
— Foi o trato com Hades... Quando me encontrei com ele, ele me
disse que uma grande batalha estava por vir, e que um de suas
criações, o Kraken, iria atacar, e nós perderíamos. Então, eu
fiz um trato, minha vida pela do Kraken e a salvação de vocês.
Fiquei
pasmado.
— Então, o único jeito de você não morrer é matar Hades?
— Sim. Ou seja, não há jeito. Assim que o Kraken surgir, Hades o
mandará de volta para o Tártaro.
— Então, eu vou ter que fazer isso.
— Isso o que?
— Matar Hades.
— O QUE? Mas, por que? E não há como!
— Por que eu não vou te perder! Eu entraria numa guerra... Eu
contra titãs, deuses e monstros, todos juntos, só para não te
perder. Então, desafiar só Hades vai ser moleza. E, eu descubro um
jeito, não importa como, eu vou te
salvar.
Ela
abriu um sorriso. Ela estava linda, como nunca eu a vira antes. Mesmo
com toda a fuligem, ferimentos e tudo mais, seus olhos azuis
brilhavam, intensos, um azul estonteante, e seu sorriso... Bem, eu já
estava perdido só em seu olhar, quando vi seu sorriso, aí que eu
esqueci mesmo quem era, aonde estava e tudo mais.
— Obrigada! Não sei como agradecer essas palavras!
— Com três coisas. Primeira: Você vai lutar até o fim, não
vai desistir, nunca! Segunda: não vai sair por aí, trocando sua
vida pela vida de monstros ridículos como esse. E terceira: vai me
dar mais um beijo daqueles que só você sabe. Combinado?
— Combinado — disse ela sorrindo e logo depois me dando um
beijo.
Foi quando eu ouvi o grito do que parecia um exército de meninos que estavam trocando a voz, e umas vozes femininas que pareciam de fãs estéricas de alguma banda ou jogador. Em seguida um grito um pouco mais assustador, mais seco, como se não tivesse vida. O restaurante onde estávamos, era bem na borda da cidade. Alguns metros à frente, já era apenas um campo. Um extenso campo com uma rodovia perfeita atravessando-o.
Foi quando eu ouvi o grito do que parecia um exército de meninos que estavam trocando a voz, e umas vozes femininas que pareciam de fãs estéricas de alguma banda ou jogador. Em seguida um grito um pouco mais assustador, mais seco, como se não tivesse vida. O restaurante onde estávamos, era bem na borda da cidade. Alguns metros à frente, já era apenas um campo. Um extenso campo com uma rodovia perfeita atravessando-o.
Assim
que saímos vimos uma cena um tanto quanto incomum. À nossa frente,
havia um exército realmente. Não deu para contar, mas posso jurar
que havia pelo menos um milhar de adolescentes e adultos. Todos
vestidos para a guerra, em formação, parecendo apenas a espera de
uma ordem. E, do outro lado do campo, em uma montanha no horizonte,
um exército, no mínimo, dez vezes maior e mais assustador, todos
monstros ao que me parecia. Então, eu, Laio, Arthur e Rachel nos
juntamos a esse exército. Agora eram mil e quatro contra dez mil. Fácil.
Fomos passando e, mais a frente estava Alfeu. Ele logo nos reconheceu e veio até nós.
Fomos passando e, mais a frente estava Alfeu. Ele logo nos reconheceu e veio até nós.
— Todos os campistas do mundo — foi dizendo ele apontando para
o nosso exército.
— Contra todos os monstros existentes — disse eu apontando
para os dez mil monstros. Ok, vamos lá.
Saquei
minhas armas, como se fossem um espelho, o exército todo sacou
também.
Olhei
para Alfeu e ele sorriu dizendo:
— Você é o líder.
Eu
ia protestar, mas vi o exército inimigo gritando e começando a
correr até nós, tínhamos no máximo cinco minutos.
— Vamos lá! — gritei. — Eu sei que muitos de vocês não
gostam de deuses, não pediram para estar aqui, mas creio que vocês
gostam de suas famílias, morar nesse planeta, e, principalmente
viver! Porque, se esse cara conseguir o que quer, vai ser o fim de
tudo isso! Então, lutem acabem com cada um desses monstros!
Um
grito de aprovação de todos.
— Preparar! Atacar!
Os
arqueiros, esticaram o fio de seus arcos e muitas flechas zuniram no
ar enquanto corríamos para cima do inimigo. Foram muitos “puf”,
e vários monstros viraram pó.
Vi
Rachel do meu lado, olhei para ela, e fiz um sinal de positivo com a
cabeça, ela sorriu e eu lembrei que tinha uma promessa a cumprir,
então, não poderia morrer ali, nem eu, nem ela.
Na
linha de frente dos monstros, estavam esqueletos com escudos e
lanças, para evitar ferimentos e mortes desnecessários, eu criei
uma onda, que desequilibrou e desarmou alguns deles, criou uma brecha
grande o suficiente para entrarmos.
Aquilo
foi uma das melhores coisas que eu já fiz. Fui golpeando,
esquivando, defendendo. A cada golpe, um monstro virava pó. Juntavam
vários em mim, mas eles não eram páreo. E
eu estava totalmente consciente de meus movimentos dessa vez, tudo
mesmo, esquives, ataques, defesas. Nem sequer ameaçava um
companheiro, e, com meu reflexo aguçado, até defendia alguns.
A
tarde ia caindo, e a batalha continuava. De dentro de algumas
barracas que haviam atrás de nós, começaram a sair umas
engenhocas. Filhos de Hefesto
— pensei.
Haviam
algumas bem legais, algumas não, as únicas coisas que eu achei
estranho, foram um porco gigante de bronze que voava, e um tubarão
com patas, mas de resto, haviam coisas incríveis. Catapultas que
tinham vários recipientes que ficavam girando, o que fazia um
disparo contínuo, um lança-chamas de fogo grego, uma balista com
flechas tele-guiadas e outas coisas igualmente ou mais interessantes
Meus
parceiros ao meu lado, sempre mudavam, menos uma : Rachel. Ela estava
sempre lá a meu lado, golpeando graciosamente, nos ajudávamos,
dávamos as costas, defendíamos um ao outro. Tudo numa perfeita
sincronia. Como se um soubesse o que o outro ia fazer.
Em
algum momento depois que a noite caiu, Laio se juntou à mim. Ele ia
golpeando perfeitamente, ele sem dúvida era um dos melhores
guerreiros de todo o exército. Até que ele fez uma coisa que me
surpreendeu: Ele deu as costas para o exército inimigo, olhou em
meus olhos, sorriu malignamente, e me golpeou.
Defendi,
e olhei para ele com cara de surpresa.
— Tra...Traidor — gaguejei eu. — Você, você é
ele. Mas por que?
— Simples — disse ele rindo. — Por que eu ficaria do lado
que vai perder? Eu não sou idiota, sei escolher o lado vencedor.
Então
ele investiu de novo. Defendi, os exércitos formaram um pequeno
círculo em volta de nós para assistir a batalha.
— Você não quer se juntar a nós? Ainda tem chance... —
disse ele apontando a ponta da espada para mim.
— Nem em mil anos — falei entre dentes.
Foi
aí que a nossa luta começou. A cada golpe mais forte, que chegava
mais perto de acertar, o exército correspondente gritava em apoio. Eu
golpeei-o na altura do peito. Ele aparou com a espada, eu a girei e
fiz um movimento de desarme. Lancei sua espada para o alto. Ele
ergueu o escudo, e ela foi atraída para ele. Assim que encostou, os
dois começaram a se fundir, transformando-se naquele escudo que dera
um tiro que quase matara a dracaenae. E
agora estava mirando em mim.
Aquilo
lançou uma bola de energia que, ao tentar defender, me lançou para
longe. Caí de costas no chão. Foi como se eu tivesse que segurar o
mundo sendo arremessado em mim.
O
exército gritou, enquanto eu me levantava. Eles batiam as espadas e
lanças nos escudos. Ele disparou de novo. Dessa vez, eu rolei e
desviei. Quando o disparo tocou o chão, se expandiu,
transformando-se numa grande esfera que fez uma cratera no chão.
Laio
riu.
— Você não tem chance pirralho.
— É o que vamos ver.
Ele
deu mais um disparo. Pus o escudo na minha frente. Prendi bem meus
pés no chão e aquilo o acertou. Dessa vez, não fui lançado, ou
seja, o bola se expandiu no meu escudo, e eu teria de segurar tudo
aquilo. Fui sendo arrastado para trás. Mas eu resistia. Criei forças
e dei um passo a frente. Mais um, e o bola de energia continuava a
destruir meu escudo. Fui avançando e o disparo perdendo força, até
que consegui jogá-lo para o lado.
Corri
para cima dele. Um erro. Ele disparou e aquilo foi bem na minha
barriga. Fiz toda a força do mundo, e não fui arremessado de volta
ao coliseu. Aquilo doía como nada havia doído até hoje. Isso
enquanto não havia expandido. Quando isso aconteceu, senti-me
queimando inteiro. Mas mesmo assim, dei um passo à frente.
Vi seu rosto através da grande bola de energia azul. Ele estava surpreso, e já preparava outro disparo. Consegui me desvencilhar, minha armadura estava destruída, e eu, todo queimado, aquilo ardia, mas eu nem liguei para isso naquela hora.
Vi seu rosto através da grande bola de energia azul. Ele estava surpreso, e já preparava outro disparo. Consegui me desvencilhar, minha armadura estava destruída, e eu, todo queimado, aquilo ardia, mas eu nem liguei para isso naquela hora.
— É assim que você vai matar Hades? — gritou ele. —
Assim que vai salvar aquela garota irritante? Duvido. Assim que eu te
matar, eu vou matá-la, só para ela não sentir muito a sua falta.
Senti
a raiva me dominando. Ele disparou de novo. Ergui um muro de água
que parou o tiro. Corri para cima dele. Mais um tiro. Com minha
espada mesmo, fiz um movimento que rebateu o tiro para à minha
direita. Estava
bem próximo dele. Ataquei, ele defendeu com seu escudo-canhão e
rapidamente o transformou em espada e escudo de novo. Recomeçamos a
batalha. Quando percebi, meu escudo já estava inteiro de novo.
Talvez uma de suas habilidades, além de sempre aparecer nas minhas
costas, mesmo quando eu o perdia.
Ataquei,
Laio aparou e contra-atacou, eu desviei rolando para trás. Ele fez
seu canhão de novo. E atirou. Aquilo me pegou em cheio. Eu fui
arremessado para uns dez metros de distância, caindo em cima de
alguns meninos que assistiam a luta.
Tentei
me levantar, mas não consegui. Aquilo realmente havia acabado
comigo. Fiquei com a cara na grama, com dificuldade até para
respirar. Foi quando lembrei da promessa que eu havia feito à
Rachel. Eu nunca quebrara uma promessa, e essa não seria a primeira
vez.
Vamos
filho — disse a voz de meu
pai em minha mente — esse não é seu verdadeiro poder.
Seu poder não está na raiva, e sim, na felicidade, na paz, tente
buscar isso, e você experimentará um poder que nunca viu.
Naquele
momento, como eu já estava pensando em Rachel, eu já havia me
acalmado um pouco. Pensei na minha mãe, nos meus amigos, e eu todo o
mundo, que precisava que eu o ajudasse, pois eles nem sabiam o que
estava acontecendo. Fui me levantando, minhas queimaduras não
existiam mais, e davam lugar a uma pele perfeita.
Quando
fiquei de pé, todo mundo me olhou surpreso e os campistas gritaram
em apoio. Realmente
eu sentia algo diferente, não estava com raiva de Laio, estava
apenas querendo salvar o mundo, manter as pessoas bem. Eu estava em
paz.
Parti
para cima de Laio novamente. Ele estava surpreso por eu estar vivo,
mas já estava pronto para atirar novamente. E o fez. Eu desviei com
tanta facilidade, como se o tiro viesse em câmera lenta em minha
direção. Apenas fiz um movimento com o lado direito do corpo, e a
bola de energia passou por mim, explodindo um pedaço de terra atrás
de mim.
Continuei
correndo, ele estava a poucos metros de mim. Mais um disparo, eu o
rebati com a espada e pulei para cima de Laio. Ele se defendeu com o
escudo, e rolou para longe de mim. Transformou
seu escudo em uma lança, e investiu de novo. Eu defendi com meu
escudo, e contra-ataquei. Mas ele estava fora do alcance de minha
espada. Tentei avançar, mas ele me impedia com a lança, não
importando da maneira que eu fosse.
Então,
eu tive uma ideia. Desprendi o escudo de meu braço, e arremessei-o
em Laio. Para ele aparar, ele teve que virar sua lança na
horizontal, removendo o raio de defesa que ele havia estabelecido.
Corri para cima dele de novo. Quando ele viu, transformou sua lança
em uma espada e um escudo. Ataquei com tamanha força, que ele
desequilibrou e não conseguiu contra-atacar. Eu continuei golpeando,
e ele defendendo, mas cada vez em situação pior. Chutei seu escudo
e ele foi parar longe. O meu já estava novamente e minhas costas.
Mais uma vez, ele fez alguma coisa e a espada atraiu o escudo, e,
quando eles se encostaram, se transformaram numa espada de duas mãos,
toda de bronze, mas muito reluzente.
Os
golpes dele estavam mais forte por causa da espada, mas eu conseguia
defender bem. Em um contra-ataque meu, eu o consegui ferir na perna.
Ele ajoelhou. Fui para cima de novo. O dragão entalhado e minha
espada brilhava. Eu ia atacando sem parar, usava a água agora, só
com a mente, não precisava fazer gestos como antes. Ele mal
conseguia se defender.
Foi
então que eu ataquei e lancei sua espada para longe. Dessa vez, ele
não a atraiu, e eu pus a espada em seu pescoço. Ele se levantou, e
segurou a lâmina rente à sua barriga, na altura do umbigo. Deu um
suspiro e cravou a lâmina em seu próprio corpo. Eu tirei
rapidamente, pela primeira vez, minha espada continha sangue.
Ele
caiu sorrindo.
— Vo...Vo...Você — gaguejou ele, com a mão no ferimento. —
Você está apenas cumprindo a profecia... ago...agora você está
pronto, vai lá, salve a sua garota, e mude para o nosso lado o
quanto antes... Você matou um de nós, ainda tem milhares... e... e
o Kraken. Você tem a chave para derrotá-lo. — Então ele
suspirou a última vez e morreu em meus braços.
Os
exércitos ficaram em silêncio por um instante antes de voltar à
guerra.
Eu
estava indo para a batalha novamente quando vi uma coisa no topo da
colina: a dracaenae.