Capítulo XIV: Encontro meu pai (Tiago)
Estávamos em meio a um
turbilhão de cores. Eu podia sentir que estávamos subindo mais e
mais. A nossa volta, várias estrelas passavam rapidamente, seguidas
de vários borrões pretos, brancos e coloridas.
De repente nos vimos
caídos em um chão frio, sem vegetação. Um pouco afastado de nós,
uma ponte começava, indo até a porta de um castelo gigante. O
castelo tinha uma cor branca, e um portão de madeira maciça, que
estava aberto.
Ao lado do portão, uma
figura encapuzada estava nos observando. Sua capa era cinza, e cobria
por completo suas roupas e seu rosto. Em suas mãos, ele segurava uma
lança. Mesmo assim, nos aproximamos.
_ Onde estamos? – Peter
veio à frente e começou a olhar ao redor – esse lugar é estranho.
_ Estamos em Valhalla.
Para os que não sabem
Valhalla é o lugar para o qual somente os guerreiros nórdicos vão, depois
de morrerem com honra em uma batalha e serem escolhidos por uma das
Valquírias para lutar ao lado de Odin no Ragnarok. E agora,
estávamos no seu portão.
_ Isso não é um bom
sinal...
_ Mas o que... – assim
que vi o portão subindo, meu coração disparou. A figura encapuzada
permanecia quieta e imóvel ao nosso lado, somente observando, ate
que, no exato instante que o portão fechou por completo, ele levou a
mão ao capuz que cobria seu rosto e o tirou, revelando um rosto que
pensei que nunca veria na vida.
_ Pai... - Odin, o maior
de todos os deuses nórdicos, e principalmente meu pai, estava nos
observando com um sorriso no rosto. Fiquei sem reação, não sabia
se chorava, se o abraçava, ria ou me curvava.
_ Senhor Odin – atrás
de mim Peter e Ethan se ajoelharam juntos.
_ Levantem-se, crianças.
- fez sinal para que os dois levantassem e se aproximou – Oh Thiago,
como você cresceu! – e me abraçou.
Foi realmente um choque
ele ter me abraçado. Novamente fiquei sem reação, até que uma
lágrima caiu no meu ombro e eu o abracei de volta.
_ Pai... - minha voz
estava trêmula e parecia que minha garganta havia secado, mas
rapidamente me recompus e soltei o abraço.
_ Hum... Isso é meio
embaraçoso – Odin se afastou um pouco e pude ver que algumas
lágrimas saiam de seu olho esquerdo.
Sempre havia me
perguntado como era meu pai e agora que ele estava à minha frente. Percebi que ele era igual ao que eu havia imaginado. Tinha 1,85 m de altura, usava uma enorme capa cinza, com uma barba grande e branca. Um dos
seus olhos estava tampado por um tapa-olho e o outro tinha uma cor
preta cintilante. Seu rosto não aparentava muita idade, a não ser
por algumas rugas ao redor dos olhos e uma expressão de cansaço.
Seus cabelos eram um pouco compridos, brancos. Aparecendo meio
escondida pela capa, uma armadura de ouro cintilava. Sua lança,
Gungnir, tinha quase o tamanho dele e irradiava poder e glória de
antigas batalhas.
_ Meu filho, você se
tornou um semideus poderoso, – ele se aproximou e colocou a mão no
meu ombro – estou orgulhoso de você.
_ Obrigado pai – estava
emocionado, pois nunca tinha visto meu pai antes - por que nunca te
vi antes pai?
_ Ah, Heimdall nunca
deixou que eu fosse até a Terra para te visitar, nem que eu mandasse
muitas mensagens. Meu único meio de te observar era Munin e Hugin.
_ E porque nunca fez uma
aparição astral quando eu te chamava?
_ Eu era alvo de muitas
críticas por parte dos outros deuses, principalmente por Frigga, de
ter feito um filho em uma mortal. Portanto, para não criar muito
tumulto, resolvi somente te observar, e caso precisasse de mim, eu
mandava Hugin e Munin, como na vez em que se perdeu naquela trilha na
floresta.
A menção deste
incidente me fez rir. Eu tinha sete anos e acabei me perdendo da
minha mãe, enquanto andávamos por algumas trilhas na floresta. Um
lobo havia me seguido por alguns quilômetros, mas ele se assustou
quando dois pássaros deram um rasante em direção a ele. Agora eu
sabia que aqueles dois pássaros eram os enviados de meu pai para me
proteger.
_ Senhor Odin – Ethan
deu um passo à frente – Será que pode me responder? Aqui é mesmo
Valhalla?
_ Sim criança, aqui é Valhalla.
_ Então falhamos na
missão – disse Peter visivelmente triste.
_ Não, vocês não
falharam, mas isto eu explicarei depois. Por hora devo dizer que
estou orgulhoso do trabalho de todos, especialmente quando derrotaram
aquele gigante marteleiro.
_ Ele foi difícil de
matar – eu disse.
_ Foi mesmo.
_ Isso me lembra – Odin
continuou – o principal motivo para ter trazido vocês aqui.
_ Você nos trouxe aqui? –
Ethan perguntou.
_Tudo no seu tempo,
crianças.
Odin estendeu a mão e, na
nossa frente, apareceu um baú de madeira, com dobradiças de ferro
um pouco desgastadas e um símbolo de um corvo. Ele se abaixou e
tocou o símbolo com a mão direita. Respondendo ao toque, o baú,
com um pequeno click, foi destrancado. Assim que começou a ser
aberto, além de um pequeno rangido, uma luz irradiou de dentro dele.
_ Digam-me – Odin
continuou olhando para o baú, mas parou de abri-lo – onde estão
suas armas?
Pela primeira vez desde
que chegamos, percebi que não estava com minhas armas e, pelo visto,
nem Ethan nem Peter haviam notado que as deles também haviam sumido.
_ Nem perceberam que antes
mesmo de chegarem aqui, já estavam sem suas armas, não é? – Odin
não parecia surpreso enquanto falava, e antes mesmo de respondermos,
ele abriu o baú por completo.
Dentro do baú não se
via nada, a não ser uma luz mais forte do que a de qualquer
holofote. Odin enfiou a mão lá dentro e então...
_ AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!
Peter, Ethan e eu pulamos de susto assim que ouvimos o grito que Odin estava soltando. Fiquei sem reação, até que Odin parou de gritar e começou a rir.
Peter, Ethan e eu pulamos de susto assim que ouvimos o grito que Odin estava soltando. Fiquei sem reação, até que Odin parou de gritar e começou a rir.
_ Desculpem por isso... –
ele não sabia se ria ou se falava – mas vocês... deviam ter visto
a cara de vocês.
_ Deuses tem senso de
humor! - Ethan também estava rindo - Legal.
_ Agora falando sério, eu
quero... Deixa-me desligar isso primeiro – ele colocou a mão la
dentro do baú e com um pequeno click, a luz apagou – isso já
estava me dando dor de cabeça. Agora voltando ao que eu queria dizer
eu ...
_ Ei, são nossas armas! –
Peter estava apontando para dentro do baú, que após ter a luz
apagada, mostrava nossas armas enfileiradas lá dentro.
_ Como eu ia dizendo, eu
resgatei suas armas do acidente que vocês sofreram e as trouxe
aqui, junto com vocês, para fazer algumas melhorias.
Ele colocou a mão la
dentro, e puxou o martelo do Ethan,que estava no tamanho normal.
_ É uma bela arma, muito
poderosa,e pelo que vejo,pode aumentar o tamanho de acordo com a sua
vontade – e com isso, ele aumentou o martelo ao seu tamanho real, o
de uma marreta bem grande – Realmente fica grande – e o fez
voltar ao tamanho menor.
Ele pousou a mão de leve
na cabeça do martelo e recitou em silêncio algumas palavras.
Respondendo às palavras, um símbolo apareceu no martelo.
_ Está pronta – e
entregou o martelo a Ethan.
_ Ele está mais leve –
disse Ethan assim que o pegou na mão. Ele também começou a golpear
o ar, com uma velocidade maior do que eu já o vi fazendo.
_ Eu aumentei a força
mágica dele. Agora ele está mais leve, resistente e pode ficar
maior. Não posso fazer mais coisas, pois a magia de seu pai
interfere com a minha.
_ Obrigado mesmo assim
senhor.
_ E agora - Odin se
virou para o baú e puxou as armas de Peter. – São armas
extraordinárias, Peter.
Repetiu o feito e
entregou as pistolas a Peter. Este, assim que recebeu as pistolas,
começou a girá-las na mão e a fazer pontaria.
_ Eu aumentei a precisão
dela e o dano que ela causa também. – Disse Odin visivelmente
satisfeito. – E agora, o principal – e puxou minha espada do baú
– É uma bela espada que você tem meu filho. Leve e muito
resistente, mas falta uma coisa – Ele repetiu o mesmo ritual que
fez antes, mas dessa vez, foi mais demorado. Ele usava tanto poder,
que eu chegava a sentir na pele. A espada começou a brilhar. Quando ele parou, minha espada brilhava, mas depois voltou ao normal.
Assim que ele me entregou ela, vi que estava mais poderosa.
_ E agora, seu escudo. –
e fez novamente a mesma coisa – Não se esqueça dessa aqui – e
pegou a soqueira, que ele também deixou mais poderosa.
_ E por último`... – Odin
estendeu a mão em minha direção – Um passo à frente filho.
Obedeci à ordem e
segurei a mão dele. Ele colocou uma mão na minha cabeça e fechou
os olhos, como se tentasse se concentrar. Imediatamente depois disso,
uma luz começou a brilhar não minha mão, sendo seguida por outra,
na mão de Odin que estava na minha cabeça.
Uma sensação estranha
estava percorrendo meu corpo. Era como se uma corrente elétrica
passa-se pelo meu corpo, da cabeça, ate a ponta dos pés.
Meu cérebro parecia que
havia sido aberto. A cada segundo, eu recebia mais conhecimento, que
era passada pelo meu pai. Poderia tirar 10 em qualquer prova naquele
instante. Minhas técnicas de batalhas estavam mudando. Eu as
visualizava de uma maneira diferente, reparando qualquer erro, e
melhorando tudo. Meu pai passava tanto conhecimento para mim, que eu
achava que minha cabeça ia explodir.
Mas também aprendi uma
coisa que nunca vi antes. Magia. Mas não a magia que os mágicos
fazem em circos ou festas de aniversários. Uma mágica capaz de
restaurar qualquer lesão no corpo, ou de fazer uma planta crescer
mais rápido, capaz de fazer coisas incríveis.
Enquanto pensava nisso,
Odin tirou a mãos da minha cabeça e o ciclo de sabedoria e poder
que ele me passava parou.
_ Isso é o máximo que
posso te dar filho. Senão você correrá sérios riscos de
explodir a cabeça.
_ Nossa, – minha cabeça
estava zonza de tanta informação adquirida – nunca fiquei tão
inteligente quanto agora.
_ Você não viu nada.
Quando você voltar da missão, vou te ensinar a controlar a magia.
Por hora, eu te dei a maioria das habilidades que um asgardiano tem,
uma força sobre humana, envelhecimento mais devagar e se você se
concentrar bastante – ele me olhou com cara séria – você pode
até tentar se curar de algum machucado. Mas isso não é recomendado ainda.
_ Desde que o senhor me
ajude a controlar ela depois, eu topo.
_ Ah, antes que eu me
esqueça, aqui tem um localizador para vocês – e me entregou um
pequeno dispositivo com um botão em cima – Usem quando precisarem
se mover rapidamente e terão uma surpresa. - ele soltou um suspiro
– Acho que é só nisso que poderei ajudar vocês, já que não vou à guerra com vocês.
_ Como assim? – Ethan
que estava meio escondido deu um passo a frente, fazendo uma cara que
deixava claro que ele estava confuso.
_ Não poderei intervir
pessoalmente na Terra, mas vou ajudar vocês na medida do possível. Tem algumas raças aqui que fariam de tudo para ver a Terra
destruída e eu não quero que elas se metam por lá. E tem também
o... – ele deu uma rápida olhada para Ethan – Tem também Loki,
que ultimamente tem tentado fugir da prisão dele.
_ Que coisa hein... –
Ethan evidentemente estava um pouco constrangido, embora não
deixasse isso aparecer. – Pelo menos teremos o senhor de aliado.
_ Sinto informá-los, mas
demoramos demais aqui. O tempo passa mais rápido aqui do que na
Terra, então não tenho certeza de quantos dias se passaram la.
_ Dias? Mas ficamos aqui só
alguns minutos.
_ Estranho não? - Odin
puxou um GPS de ultima geração de dento da capa e começou a
pressionar vários botões – aqui será um bom lugar. Só devo
avisá-los de que talvez os seus corpos estejam um pouco machucados lá na Terra, então vocês não estarão se sentindo totalmente bem.
_ Como é que é? – Peter
pareceu preocupado assim que ouviu isso.
Mas antes mesmo de ele
nos responder, uma luz colorida nos rodeou, e começou a nos levantar
devagar.
_ Pai, quando o verei de
novo?
_ Em muito breve. – a
luz começou a ficar mais forte e só conseguia ver o vulto do meu
pai – Lembre-se Thiago – o vulto dele desapareceu - estou sempre
com você.
E tudo ficou escuro.