sábado, 19 de maio de 2012






Capítulo XIV:  Encontro meu pai (Tiago)




      Estávamos em meio a um turbilhão de cores. Eu podia sentir que estávamos subindo mais e mais. A nossa volta, várias estrelas passavam rapidamente, seguidas de vários borrões pretos, brancos e coloridas.
      De repente nos vimos caídos em um chão frio, sem vegetação. Um pouco afastado de nós, uma ponte começava, indo até a porta de um castelo gigante. O castelo tinha uma cor branca, e um portão de madeira maciça, que estava aberto.
      Ao lado do portão, uma figura encapuzada estava nos observando. Sua capa era cinza, e cobria por completo suas roupas e seu rosto. Em suas mãos, ele segurava uma lança. Mesmo assim, nos aproximamos.
     _ Onde estamos? – Peter veio à frente e começou a olhar ao redor – esse lugar é estranho.
       _ Estamos em Valhalla.
    Para os que não sabem Valhalla é o lugar para o qual somente os guerreiros nórdicos vão, depois de morrerem com honra em uma batalha e serem escolhidos por uma das Valquírias para lutar ao lado de Odin no Ragnarok. E agora, estávamos no seu portão.
       _ Isso não é um bom sinal...
     A figura encapuzada, assim que nos aproximamos, bateu o cabo da lança no chão, fazendo um baque surdo. No mesmo instante, os portões começaram a se fechar.
    _ Mas o que... – assim que vi o portão subindo, meu coração disparou. A figura encapuzada permanecia quieta e imóvel ao nosso lado, somente observando, ate que, no exato instante que o portão fechou por completo, ele levou a mão ao capuz que cobria seu rosto e o tirou, revelando um rosto que pensei que nunca veria na vida.
     _ Pai... - Odin, o maior de todos os deuses nórdicos, e principalmente meu pai, estava nos observando com um sorriso no rosto. Fiquei sem reação, não sabia se chorava, se o abraçava, ria ou me curvava.
     _ Senhor Odin – atrás de mim Peter e Ethan se ajoelharam juntos.
   _ Levantem-se, crianças. - fez sinal para que os dois levantassem e se aproximou – Oh Thiago, como você cresceu! – e me abraçou.
      Foi realmente um choque ele ter me abraçado. Novamente fiquei sem reação, até que uma lágrima caiu no meu ombro e eu o abracei de volta.
     _ Pai... - minha voz estava trêmula e parecia que minha garganta havia secado, mas rapidamente me recompus e soltei o abraço.
     _ Hum... Isso é meio embaraçoso – Odin se afastou um pouco e pude ver que algumas lágrimas saiam de seu olho esquerdo.
     Sempre havia me perguntado como era meu pai e agora que ele estava à minha frente. Percebi que ele era igual ao que eu havia imaginado. Tinha 1,85 m de altura, usava uma enorme capa cinza, com uma barba grande e branca. Um dos seus olhos estava tampado por um tapa-olho e o outro tinha uma cor preta cintilante. Seu rosto não aparentava muita idade, a não ser por algumas rugas ao redor dos olhos e uma expressão de cansaço. Seus cabelos eram um pouco compridos, brancos. Aparecendo meio escondida pela capa, uma armadura de ouro cintilava. Sua lança, Gungnir, tinha quase o tamanho dele e irradiava poder e glória de antigas batalhas.


    _ Meu filho, você se tornou um semideus poderoso, – ele se aproximou e colocou a mão no meu ombro – estou orgulhoso de você.
    _ Obrigado pai – estava emocionado, pois nunca tinha visto meu pai antes - por que nunca te vi antes pai?
    _ Ah, Heimdall nunca deixou que eu fosse até a Terra para te visitar, nem que eu mandasse muitas mensagens. Meu único meio de te observar era Munin e Hugin.
    _ E porque nunca fez uma aparição astral quando eu te chamava?
    _ Eu era alvo de muitas críticas por parte dos outros deuses, principalmente por Frigga, de ter feito um filho em uma mortal. Portanto, para não criar muito tumulto, resolvi somente te observar, e caso precisasse de mim, eu mandava Hugin e Munin, como na vez em que se perdeu naquela trilha na floresta.
     A menção deste incidente me fez rir. Eu tinha sete anos e acabei me perdendo da minha mãe, enquanto andávamos por algumas trilhas na floresta. Um lobo havia me seguido por alguns quilômetros, mas ele se assustou quando dois pássaros deram um rasante em direção a ele. Agora eu sabia que aqueles dois pássaros eram os enviados de meu pai para me proteger.
    _ Senhor Odin – Ethan deu um passo à frente – Será que pode me responder? Aqui é mesmo Valhalla?
    _ Sim criança, aqui é Valhalla.
    _ Então falhamos na missão – disse Peter visivelmente triste.
   _ Não, vocês não falharam, mas isto eu explicarei depois. Por hora devo dizer que estou orgulhoso do trabalho de todos, especialmente quando derrotaram aquele gigante marteleiro.
    _ Ele foi difícil de matar – eu disse.
    _ Foi mesmo.
    _ Isso me lembra – Odin continuou – o principal motivo para ter trazido vocês aqui.
    _ Você nos trouxe aqui? – Ethan perguntou.
    _Tudo no seu tempo, crianças.
    Odin estendeu a mão e, na nossa frente, apareceu um baú de madeira, com dobradiças de ferro um pouco desgastadas e um símbolo de um corvo. Ele se abaixou e tocou o símbolo com a mão direita. Respondendo ao toque, o baú, com um pequeno click, foi destrancado. Assim que começou a ser aberto, além de um pequeno rangido, uma luz irradiou de dentro dele.
    _ Digam-me – Odin continuou olhando para o baú, mas parou de abri-lo – onde estão suas armas?
    Pela primeira vez desde que chegamos, percebi que não estava com minhas armas e, pelo visto, nem Ethan nem Peter haviam notado que as deles também haviam sumido.
     _ Nem perceberam que antes mesmo de chegarem aqui, já estavam sem suas armas, não    é? – Odin não parecia surpreso enquanto falava, e antes mesmo de respondermos, ele abriu o baú por completo.
    Dentro do baú não se via nada, a não ser uma luz mais forte do que a de qualquer holofote. Odin enfiou a mão lá dentro e então...
  _ AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!! 
     Peter, Ethan e eu pulamos de susto assim que ouvimos o grito que Odin estava soltando. Fiquei sem reação, até que Odin parou de gritar e começou a rir.
    _ Desculpem por isso... – ele não sabia se ria ou se falava – mas vocês... deviam ter visto a cara de vocês.
    _ Deuses tem senso de humor! - Ethan também estava rindo - Legal.
   _ Agora falando sério, eu quero... Deixa-me desligar isso primeiro – ele colocou a mão la dentro do baú e com um pequeno click, a luz apagou – isso já estava me dando dor de cabeça. Agora voltando ao que eu queria dizer eu ...
    _ Ei, são nossas armas! – Peter estava apontando para dentro do baú, que após ter a luz apagada, mostrava nossas armas enfileiradas lá dentro.
    _ Como eu ia dizendo, eu resgatei suas armas do acidente que vocês sofreram e as trouxe aqui, junto com vocês, para fazer algumas melhorias.
Ele colocou a mão la dentro, e puxou o martelo do Ethan,que estava no tamanho normal.
    _ É uma bela arma, muito poderosa,e pelo que vejo,pode aumentar o tamanho de acordo com a sua vontade – e com isso, ele aumentou o martelo ao seu tamanho real, o de uma marreta bem grande – Realmente fica grande – e o fez voltar ao tamanho menor.
      Ele pousou a mão de leve na cabeça do martelo e recitou em silêncio algumas palavras. Respondendo às palavras, um símbolo apareceu no martelo.
    _ Está pronta – e entregou o martelo a Ethan.
    _ Ele está mais leve – disse Ethan assim que o pegou na mão. Ele também começou a golpear o ar, com uma velocidade maior do que eu já o vi fazendo.
     _ Eu aumentei a força mágica dele. Agora ele está mais leve, resistente e pode ficar maior. Não posso fazer mais coisas, pois a magia de seu pai interfere com a minha.
       _ Obrigado mesmo assim senhor.
   _ E agora - Odin se virou para o baú e puxou as armas de Peter. – São armas extraordinárias, Peter.
     Repetiu o feito e entregou as pistolas a Peter. Este, assim que recebeu as pistolas, começou a girá-las na mão e a fazer pontaria.
     _ Eu aumentei a precisão dela e o dano que ela causa também. – Disse Odin visivelmente satisfeito. – E agora, o principal – e puxou minha espada do baú – É uma bela espada que você tem meu filho. Leve e muito resistente, mas falta uma coisa – Ele repetiu o mesmo ritual que fez antes, mas dessa vez, foi mais demorado. Ele usava tanto poder, que eu chegava a sentir na pele. A espada começou a brilhar. Quando ele parou, minha espada brilhava, mas depois voltou ao normal. Assim que ele me entregou ela, vi que estava mais poderosa.
    _ E agora, seu escudo. – e fez novamente a mesma coisa – Não se esqueça dessa aqui – e pegou a soqueira, que ele também deixou mais poderosa.
    _ E por último`... – Odin estendeu a mão em minha direção – Um passo à  frente filho.
    Obedeci à ordem e segurei a mão dele. Ele colocou uma mão na minha cabeça e fechou os olhos, como se tentasse se concentrar. Imediatamente depois disso, uma luz começou a brilhar não minha mão, sendo seguida por outra, na mão de Odin que estava na minha cabeça.
     Uma sensação estranha estava percorrendo meu corpo. Era como se uma corrente elétrica passa-se pelo meu corpo, da cabeça, ate a ponta dos pés.
    Meu cérebro parecia que havia sido aberto. A cada segundo, eu recebia mais conhecimento, que era passada pelo meu pai. Poderia tirar 10 em qualquer prova naquele instante. Minhas técnicas de batalhas estavam mudando. Eu as visualizava de uma maneira diferente, reparando qualquer erro, e melhorando tudo. Meu pai passava tanto conhecimento para mim, que eu achava que minha cabeça ia explodir.
     Mas também aprendi uma coisa que nunca vi antes. Magia. Mas não a magia que os mágicos fazem em circos ou festas de aniversários. Uma mágica capaz de restaurar qualquer lesão no corpo, ou de fazer uma planta crescer mais rápido, capaz de fazer coisas incríveis.
    Enquanto pensava nisso, Odin tirou a mãos da minha cabeça e o ciclo de sabedoria e poder que ele me passava parou.
     _ Isso é o máximo que posso te dar filho. Senão você correrá sérios riscos de explodir a cabeça.
    _ Nossa, – minha cabeça estava zonza de tanta informação adquirida – nunca fiquei tão inteligente quanto agora.
     _ Você não viu nada. Quando você voltar da missão, vou te ensinar a controlar a magia. Por hora, eu te dei a maioria das habilidades que um asgardiano tem, uma força sobre humana, envelhecimento mais devagar e se você se concentrar bastante – ele me olhou com cara séria – você pode até tentar se curar de algum machucado. Mas isso não é recomendado ainda.
    _  Desde que o senhor me ajude a controlar ela depois, eu topo.
   _ Ah, antes que eu me esqueça, aqui tem um localizador para vocês – e me entregou um pequeno dispositivo com um botão em cima – Usem quando precisarem se mover rapidamente e terão uma surpresa. - ele soltou um suspiro – Acho que é só nisso que poderei ajudar vocês, já que não vou à guerra com vocês.
    _ Como assim? – Ethan que estava meio escondido deu um passo a frente, fazendo uma cara que deixava claro que ele estava confuso.
   _ Não poderei intervir pessoalmente na Terra, mas vou ajudar vocês na medida do possível.  Tem algumas raças aqui que fariam de tudo para ver a Terra destruída e eu não quero que elas se metam por lá. E tem também o... – ele deu uma rápida olhada para Ethan – Tem também Loki, que ultimamente tem tentado fugir da prisão dele.
   _ Que coisa hein... – Ethan evidentemente estava um pouco constrangido, embora não deixasse isso aparecer. – Pelo menos teremos o senhor de aliado.
    _ Sinto informá-los, mas demoramos demais aqui. O tempo passa mais rápido aqui do que na Terra, então não tenho certeza de quantos dias se passaram la.
    _ Dias? Mas ficamos aqui só alguns minutos.
   _ Estranho não? - Odin puxou um GPS de ultima geração de dento da capa e começou a pressionar vários botões – aqui será um bom lugar. Só devo avisá-los de que talvez os seus corpos estejam um pouco machucados lá na Terra, então vocês não estarão se sentindo totalmente bem. 
    _ Como é que é? – Peter pareceu preocupado assim que ouviu isso.
Mas antes mesmo de ele nos responder, uma luz colorida nos rodeou, e começou a nos levantar devagar.
    _ Pai, quando o verei de novo?
    _ Em muito breve. – a luz começou a ficar mais forte e só conseguia ver o vulto do meu pai           – Lembre-se Thiago – o vulto dele desapareceu - estou sempre com você.
     E tudo ficou escuro.

terça-feira, 8 de maio de 2012






Capítulo XIII: Uma corrida incerta (Tiago)



     Após os últimos monstros terem sido destruídos ou terem fugido e os guerreiros inimigos terem sido capturados, fomos em direção àqueles que precisavam de ajuda. Muitos haviam se machucado, alguns seriamente, outros nem tanto.
       _ Montem imediatamente os locais pra o tratamento dos feridos – disse fingor a alguns elfos, que pareciam médicos – e leve todos a aqueles que tiverem força para carregar os feridos pra ajudar vocês. Salvem os que puderem.
     E assim começou o difícil trabalho de carregar os feridos. Por sorte, dos elfos não foram muitos, no máximo seis ou sete se machucaram. Já os reféns que haviam ajudado no ataque, cerca de dez dos quinze que lutaram estavam feridos, ou com mordidas, ou com flechas e golpes de espadas. Já os guerreiros inimigos que haviam sido machucados, também estavam sendo curados. Eu estava carregando um guerreiro inimigo muito machucado e ele sangrava bastante, Peter me ajudou. Assim que eu o levei aos médicos, percebi que minhas roupas estavam ensopadas de sangue. Aquilo me deixou meio enjoado.
      Os elfos usavam certa esfera de energia para curar as pessoas. Alem de seus remédios, sua magia era tão poderosa que podia curar qualquer um, de acordo com o ferimento, rapidamente. Mas assim que acabavam de curar uma pessoa, ficavam mais pálidos do que o normal.
      O trabalho de ajudar os feridos se prolongou bastante. Como já era quase noite, alguns elfos haviam feito uma grande fogueira para todos. Outros haviam preparado comida para, em grandes caldeirões de sopa borbulhante.
    Estávamos comendo em silêncio, junto com Fingor, quando um elfo veio e nos chamou.
      _ Senhor, sinto interromper, mas achamos algumas coisas que o senhor deveria olhar.
     Fomos atrás dele, em direção a um galpão. Lá dentro tinha a maior coleção de armas que eu já vi na vida.
    _ Achamos isso durante as rondas, senhor – ele disse – parece que aqui funcionava um galpão de armas, que abastecia o exército inimigo.
    _ Com certeza atrapalhamos os planos de nossos inimigos – disse Fingor – isso era o que estavam levando nos caminhões.
    _ Isso é bom – disse Peter – atrapalhamos bastantes eles.
    _ Isso é verdade – eu disse – só queria saber de onde tiraram tantas armas.
  _ Essa é uma pergunta que vai demorar para ser respondida. Então, vocês três, vão dormir! Amanhã teremos um dia cheio.
   Seguimos o conselho dele e fomos dormir nos dormitórios do acampamento. Enquanto isso os elfos estavam montando a guarda ao redor do acampamento.
   Nossa estada no acampamento durou mais do que queríamos. O trabalho de investigação foi mais demorado do que todos havíamos pensado. Alguns dias depois da invasão, estávamos vasculhando uma cabana perto dos dormitórios, quando Fingor nos chamou. Fomos até onde ele estava. Ele havia vasculhado alguns documentos do acampamento e havia encontrado o local para onde as armas iam.
     _ Aqui tem um endereço de Berlin e outro de Moscou – e nos entregou o endereço – não tenho certeza de qual dos dois sua mãe está Thiago, mas meu conselho e ir primeiro para Berlin, depois você decide para onde ir.
      _ Vou começar por lá mesmo – eu respondi – e eu gostaria de ir embora amanha.
      _ Está certo, vou pedir que arrumem sua coisas. Mas como vocês iram?
     _ Usaremos aquela Dodge RAM. – disse Ethan - Eu arrumei os estragos nela e, graças aos médicos, meu braço já esta bom para dirigir.
   _ E para onde vocês estão pensando em levar os prisioneiros, Fingor? – Peter perguntou.
  _ Para alguma cidade dos anões – ele respondeu – já entrei em contato com eles, e disseram que vão nos ajudar. Já os humanos mortais serão levados para suas respectivas casas.
   _ Se quiser que eu dirija... – começou Peter.
   _ Não precisa, pode deixar.
   _ Certo então.
  _ Vão se arrumar. Em meia hora estejam perto do portão principal com suas coisas – disse Fingor, depois saiu da cabana.
   Saímos também e fomos pegar nossas coisas no dormitório. Ethan disse no meio do caminho que iria pegar o carro, que estava no outro lado do acampamento, enquanto Peter foi pegar comida e eu fui pegar as mochilas. Dez minutos depois, Peter voltou com uma sacola com comida, mas nenhum sinal de Ethan.
    _ Fique e guarde a comida – eu disse a Peter – eu vou atrás do Ethan.


  Fui em direção ao local onde o carro estava. Chegando lá, não vi Ethan em lugar algum, então pensei em perguntar para um elfo que estava lá.
    _ Você viu o Ethan?
    _ Ele foi pra lá  - disse apontando na direção da linha das arvores.
    _ Obrigado.
   Fui em direção de onde ele estava apontando. Assim que passei da linha das árvores, ouvi a voz do Ethan, um pouco longe, mas não muito, e parecia conversar com algum.
    _ ... e agora estamos indo para Berlin. Vou tentar senhor. Não, não se preocupe, eu não esqueci o que combinamos. Certo, até a próxima ligação senhor.
  Me aproximei com cuidado e o vi no meio de uma clareira, conversando em um celular. Observei enquanto ele jogava alguma coisa no chão e saia da clareira.
   Esperei um pouco, e fui ver o que ele jogou no chão. Era um pequeno pedaço de papiro, com um símbolo, igual o que estava nas armaduras do exercito inimigo.
   _ Mas o que...
  Decidi voltar. Não ia falar nada a ninguém ou iriam suspeitar mais de Ethan. Eu iria descobrir sozinho o que estava acontecendo.


   Assim que me virei para voltar, dois corvos piaram de cima de uma árvore. Um deles abriu a boca e ficou me olhando. Pela sua boca saia à voz de um homem.
     _ Tome  cuidado com a estrada meu filho.
    Minha atenção foi desviada dos corvos assim que ouvi o som de um sino tocando. Era o alarme do acampamento que soava alto. Voltei a olhar para os corvos, mais eles haviam desaparecido.
    O som de luta chegou aos meus ouvidos e comecei a correr de volta. Assim que passei pela linha das árvores percebi que o portão da frente havia sido destruído e vários monstros entravam por ele, aos montes.
   Os elfos estavam resistindo, mas a cada segundo de batalha, os invasores ganhavam mais terreno.
   Corri em direção à luta. Puxei minha espada, invoquei meu escudo e me preparei para entrar no combate. Ethan, Peter e Fingor estavam na linha de frente. Atrás de nós, uma linha de elfos lançavam flechas sem parar.
   Estávamos indo bem, até que vieram cerca de dez gigantes de gelo e quinze fenris de uma vez. Os gigantes de gelo são bastante difíceis de matar, porém os elfos, com uma incrível habilidade, mataram cinco deles rapidamente. Os outros continuaram atacando.
    Então, quando nossa esperança estava alta, a terra começou a tremer. Um urro super alto foi lançado ao ar e, pelo portão, entrou um gigante maior que qualquer outro que eu já tinha visto. Ele tinha cerca de 10 metros, com uma barriga enorme, verde e sujo, com uma espécie de armadura que cobria só sua parte da frente e um só olho na cara.
    Ele vinha arrastando uma marreta, que devia pesar uma tonelada, com uns cinco metros de comprimento. Enquanto arrastava, ele abria um sulco no chão.


   _ Arqueiros – disse Fingor aos elfos atrás de nós – Façam mira nele. Matem essa coisa.
  Atendendo a ordem de Fingor, uma saraivada de trinta flechas foi disparada no gigante. Porém, as flechas não penetravam na pele dele, batiam e caiam sem fazer nenhum dano aparente.
    Vendo o desespero dos elfos, o gigante riu. Sua risada parecia mais um berro. Peter começou a atacar ele e suas balas estavam penetrando a pele dele.
    Isso o deixou mais bravo ainda. Ele ergueu o sue martelo e bateu no chão, onde Peter e mais alguns teriam morrido se não tivessem se afastado na hora. Assim que bateu no chão, uma enorme quantidade de pedras voou e uma pequena cratera se abriu. Ele era incrivelmente forte.
     _ Recuar.
   Recuamos com os arqueiros ainda tentando atacar o gigante. Por sorte ele se movia devagar, então deu tempo de correr um pouco.
    _ Peter – eu chamei – Assim que estiver tudo pronto, atire no coração, ok.
    _ Está certo, mas a armadura dele...
   _ Pode deixar que eu cuido dela. Ethan – me virei procurando ele – faça uma projeção sua para chamar a atenção dele, faça-o virar de costas para nós.
   Ele mirou o anel dele para o chão e uma luz saiu dele. Em segundos um outro Ethan estava me olhando, até que este correu em direção ao gigante.
   Assim que o viu, o gigante tentou atacá-lo, mas ele era só uma projeção e o martelo dele passou por ele. O gigante enraivecido tentou atacar de novo e praticamente se esqueceu dos outros que estavam ali. Aproveitei o momento e pus meu plano em pratica. Era um pouco louco e precipitado, mas eu tinha que fazer.
   Corri em direção as pernas dele sem que ele percebesse. Ataquei a perna esquerda dele, fazendo o maior estrago o possível, fazendo-o perder a sustentação do corpo naquela perna. 
   Ele, com muita raiva, tentou me esmurrar, mas eu desviei e cortei as tiras que seguravam a armadura dele, deixando o seu peito descoberto .
    Fiz o sinal para Peter atirar. O tiro foi certeiro, bem no coração. Porém ele era muito forte, dessa forma isso não foi o suficiente para matá-lo.
   Se recuperando do corte da perna, ele me deu um tapa e acabei voando para trás. Estava com mais raiva e iriam matar a todos ali.
Mas uma coisa que vi me deu muito medo. Peter, Ethan e fingor estavam cercados de um lado por uma cabana e pelo outro pelo gigante. Não tinham para onde fugir. 
   O gigante se preparou, erguendo o martelo acima de sua cabeça. Eu tinha de agir e rápido. Levantei e corri em direção a eles e tive uma ideia.
    Assim que o martelo estava bem acima da cabeça do gigante, eu fiz o maior corte o possível em sua barriga, por onde um sangue preto escorreu. Ao mesmo tempo, Peter atirou no coração dele novamente, o que o fez soltar o martelo imediatamente, fazendo-o cair em sua cabeça, matando-o.
   Os monstros, que estavam somente observando, assim que viram o gigante ser morto, ficaram com mais raiva ainda, e mais monstros entravam pelo portão a cada segundo.
    _ Meninos – Fingor nos chamou com uma voz fraca – Fujam o mais rápido o possível. Eu irei tentar para-los com os que estão aqui ainda.
  _ Esquece Fingor, não deixaremos você lutando sozinho – eu respondi.
  _ Isso é uma ordem – ele respondeu – Vocês precisam continuar com a sua missão, pois ela e muito importante.
   _ Isso não justifica nada, só porque temos uma missão não iremos te abandonar.
   _ Não quero saber, isso e uma ordem, agora vão, VÃO!!!
   _ Vamos Thiago – Peter começou a me puxar – temos que sair daqui.
  Fomos em direção ao carro, que estava um pouco afastado do portão. Todas as nossas coisas já estavam dentro dele.
   Ethan foi para a direção, eu fiquei no banco do passageiro da frente e Peter no banco de trás, onde abriu as janelas para poder atirar, se fosse preciso. O carro era muito bonito, por dentro e por fora.
    Saímos em disparada em direção ao portão. Na nossa frente, devia haver uns 20 monstros inimigos, que acabaram sendo todos atropelados enquanto saímos do acampamento.
     Dos dois lados da estrada, havia uma plantação de Pinheiros que parecia acompanha-la por toda a extensão dela.
    _ Pessoal – Peter chamou – tem dois carros nos seguindo.
    Olhei pelo retrovisor e vi que era verdade. Outras duas Dodge ram estavam em perseguição com a nossa. Ethan também viu, pois assim que olhou pelo retrovisor, acelerou.
   _ Peter atire neles.
  Peter colocou a cabeça pra fora pela janela e começou a atirar nos carros, que o atacaram com flechas.
   Então, após uma curva, um vulto apareceu na nossa frente, parado no meio da estrada. Ethan tentou desviar, mas estava muito rápido. Ele jogou o carro para direita e quando tentou voltar para a estrada, o carro capotou.
  Tudo ficou em câmera lenta, enquanto tudo girava. O carro capotou quatro ou cinco vezes, antes de parar de cabeça para baixo.
   Me arrastei para fora do carro, com a visão muito embaçada. Acima de mim, dois corvos voavam. Um vulto aparecia em meio a um turbilhão de cores.
     Estava indo para Valhalla.