Capítulo XIII: Uma corrida incerta (Tiago)
Após os últimos monstros terem sido destruídos ou terem fugido e os guerreiros inimigos terem sido capturados, fomos em direção àqueles que precisavam de ajuda. Muitos haviam se machucado, alguns seriamente, outros nem tanto.
_ Montem imediatamente os locais pra o tratamento dos feridos – disse fingor a alguns elfos, que pareciam médicos – e leve todos a aqueles que tiverem força para carregar os feridos pra ajudar vocês. Salvem os que puderem.
E assim começou o difícil trabalho de carregar os feridos. Por sorte, dos elfos não foram muitos, no máximo seis ou sete se machucaram. Já os reféns que haviam ajudado no ataque, cerca de dez dos quinze que lutaram estavam feridos, ou com mordidas, ou com flechas e golpes de espadas. Já os guerreiros inimigos que haviam sido machucados, também estavam sendo curados. Eu estava carregando um guerreiro inimigo muito machucado e ele sangrava bastante, Peter me ajudou. Assim que eu o levei aos médicos, percebi que minhas roupas estavam ensopadas de sangue. Aquilo me deixou meio enjoado.
Os elfos usavam certa esfera de energia para curar as pessoas. Alem de seus remédios, sua magia era tão poderosa que podia curar qualquer um, de acordo com o ferimento, rapidamente. Mas assim que acabavam de curar uma pessoa, ficavam mais pálidos do que o normal.
O trabalho de ajudar os feridos se prolongou bastante. Como já era quase noite, alguns elfos haviam feito uma grande fogueira para todos. Outros haviam preparado comida para, em grandes caldeirões de sopa borbulhante.
Estávamos comendo em silêncio, junto com Fingor, quando um elfo veio e nos chamou.
_ Senhor, sinto interromper, mas achamos algumas coisas que o senhor deveria olhar.
Fomos atrás dele, em direção a um galpão. Lá dentro tinha a maior coleção de armas que eu já vi na vida.
_ Achamos isso durante as rondas, senhor – ele disse – parece que aqui funcionava um galpão de armas, que abastecia o exército inimigo.
_ Com certeza atrapalhamos os planos de nossos inimigos – disse Fingor – isso era o que estavam levando nos caminhões.
_ Isso é bom – disse Peter – atrapalhamos bastantes eles.
_ Isso é verdade – eu disse – só queria saber de onde tiraram tantas armas.
_ Essa é uma pergunta que vai demorar para ser respondida. Então, vocês três, vão dormir! Amanhã teremos um dia cheio.
Seguimos o conselho dele e fomos dormir nos dormitórios do acampamento. Enquanto isso os elfos estavam montando a guarda ao redor do acampamento.
Nossa estada no acampamento durou mais do que queríamos. O trabalho de investigação foi mais demorado do que todos havíamos pensado. Alguns dias depois da invasão, estávamos vasculhando uma cabana perto dos dormitórios, quando Fingor nos chamou. Fomos até onde ele estava. Ele havia vasculhado alguns documentos do acampamento e havia encontrado o local para onde as armas iam.
_ Aqui tem um endereço de Berlin e outro de Moscou – e nos entregou o endereço – não tenho certeza de qual dos dois sua mãe está Thiago, mas meu conselho e ir primeiro para Berlin, depois você decide para onde ir.
_ Vou começar por lá mesmo – eu respondi – e eu gostaria de ir embora amanha.
_ Está certo, vou pedir que arrumem sua coisas. Mas como vocês iram?
_ Usaremos aquela Dodge RAM. – disse Ethan - Eu arrumei os estragos nela e, graças aos médicos, meu braço já esta bom para dirigir.
_ E para onde vocês estão pensando em levar os prisioneiros, Fingor? – Peter perguntou.
_ Para alguma cidade dos anões – ele respondeu – já entrei em contato com eles, e disseram que vão nos ajudar. Já os humanos mortais serão levados para suas respectivas casas.
_ Se quiser que eu dirija... – começou Peter.
_ Não precisa, pode deixar.
_ Certo então.
_ Vão se arrumar. Em meia hora estejam perto do portão principal com suas coisas – disse Fingor, depois saiu da cabana.
Saímos também e fomos pegar nossas coisas no dormitório. Ethan disse no meio do caminho que iria pegar o carro, que estava no outro lado do acampamento, enquanto Peter foi pegar comida e eu fui pegar as mochilas. Dez minutos depois, Peter voltou com uma sacola com comida, mas nenhum sinal de Ethan.
_ Fique e guarde a comida – eu disse a Peter – eu vou atrás do Ethan.
Fui em direção ao local onde o carro estava. Chegando lá, não vi Ethan em lugar algum, então pensei em perguntar para um elfo que estava lá.
_ Você viu o Ethan?
_ Ele foi pra lá - disse apontando na direção da linha das arvores.
_ Obrigado.
Fui em direção de onde ele estava apontando. Assim que passei da linha das árvores, ouvi a voz do Ethan, um pouco longe, mas não muito, e parecia conversar com algum.
_ ... e agora estamos indo para Berlin. Vou tentar senhor. Não, não se preocupe, eu não esqueci o que combinamos. Certo, até a próxima ligação senhor.
Me aproximei com cuidado e o vi no meio de uma clareira, conversando em um celular. Observei enquanto ele jogava alguma coisa no chão e saia da clareira.
Esperei um pouco, e fui ver o que ele jogou no chão. Era um pequeno pedaço de papiro, com um símbolo, igual o que estava nas armaduras do exercito inimigo.
_ Mas o que...
Decidi voltar. Não ia falar nada a ninguém ou iriam suspeitar mais de Ethan. Eu iria descobrir sozinho o que estava acontecendo.
Assim que me virei para voltar, dois corvos piaram de cima de uma árvore. Um deles abriu a boca e ficou me olhando. Pela sua boca saia à voz de um homem.
_ Tome cuidado com a estrada meu filho.
Minha atenção foi desviada dos corvos assim que ouvi o som de um sino tocando. Era o alarme do acampamento que soava alto. Voltei a olhar para os corvos, mais eles haviam desaparecido.
O som de luta chegou aos meus ouvidos e comecei a correr de volta. Assim que passei pela linha das árvores percebi que o portão da frente havia sido destruído e vários monstros entravam por ele, aos montes.
Os elfos estavam resistindo, mas a cada segundo de batalha, os invasores ganhavam mais terreno.
Corri em direção à luta. Puxei minha espada, invoquei meu escudo e me preparei para entrar no combate. Ethan, Peter e Fingor estavam na linha de frente. Atrás de nós, uma linha de elfos lançavam flechas sem parar.
Estávamos indo bem, até que vieram cerca de dez gigantes de gelo e quinze fenris de uma vez. Os gigantes de gelo são bastante difíceis de matar, porém os elfos, com uma incrível habilidade, mataram cinco deles rapidamente. Os outros continuaram atacando.
Então, quando nossa esperança estava alta, a terra começou a tremer. Um urro super alto foi lançado ao ar e, pelo portão, entrou um gigante maior que qualquer outro que eu já tinha visto. Ele tinha cerca de 10 metros, com uma barriga enorme, verde e sujo, com uma espécie de armadura que cobria só sua parte da frente e um só olho na cara.
Ele vinha arrastando uma marreta, que devia pesar uma tonelada, com uns cinco metros de comprimento. Enquanto arrastava, ele abria um sulco no chão.
_ Arqueiros – disse Fingor aos elfos atrás de nós – Façam mira nele. Matem essa coisa.
Atendendo a ordem de Fingor, uma saraivada de trinta flechas foi disparada no gigante. Porém, as flechas não penetravam na pele dele, batiam e caiam sem fazer nenhum dano aparente.
Vendo o desespero dos elfos, o gigante riu. Sua risada parecia mais um berro. Peter começou a atacar ele e suas balas estavam penetrando a pele dele.
Isso o deixou mais bravo ainda. Ele ergueu o sue martelo e bateu no chão, onde Peter e mais alguns teriam morrido se não tivessem se afastado na hora. Assim que bateu no chão, uma enorme quantidade de pedras voou e uma pequena cratera se abriu. Ele era incrivelmente forte.
_ Recuar.
Recuamos com os arqueiros ainda tentando atacar o gigante. Por sorte ele se movia devagar, então deu tempo de correr um pouco.
_ Peter – eu chamei – Assim que estiver tudo pronto, atire no coração, ok.
_ Está certo, mas a armadura dele...
_ Pode deixar que eu cuido dela. Ethan – me virei procurando ele – faça uma projeção sua para chamar a atenção dele, faça-o virar de costas para nós.
Ele mirou o anel dele para o chão e uma luz saiu dele. Em segundos um outro Ethan estava me olhando, até que este correu em direção ao gigante.
Assim que o viu, o gigante tentou atacá-lo, mas ele era só uma projeção e o martelo dele passou por ele. O gigante enraivecido tentou atacar de novo e praticamente se esqueceu dos outros que estavam ali. Aproveitei o momento e pus meu plano em pratica. Era um pouco louco e precipitado, mas eu tinha que fazer.
Corri em direção as pernas dele sem que ele percebesse. Ataquei a perna esquerda dele, fazendo o maior estrago o possível, fazendo-o perder a sustentação do corpo naquela perna.
Ele, com muita raiva, tentou me esmurrar, mas eu desviei e cortei as tiras que seguravam a armadura dele, deixando o seu peito descoberto .
Fiz o sinal para Peter atirar. O tiro foi certeiro, bem no coração. Porém ele era muito forte, dessa forma isso não foi o suficiente para matá-lo.
Se recuperando do corte da perna, ele me deu um tapa e acabei voando para trás. Estava com mais raiva e iriam matar a todos ali.
Mas uma coisa que vi me deu muito medo. Peter, Ethan e fingor estavam cercados de um lado por uma cabana e pelo outro pelo gigante. Não tinham para onde fugir.
O gigante se preparou, erguendo o martelo acima de sua cabeça. Eu tinha de agir e rápido. Levantei e corri em direção a eles e tive uma ideia.
Assim que o martelo estava bem acima da cabeça do gigante, eu fiz o maior corte o possível em sua barriga, por onde um sangue preto escorreu. Ao mesmo tempo, Peter atirou no coração dele novamente, o que o fez soltar o martelo imediatamente, fazendo-o cair em sua cabeça, matando-o.
Os monstros, que estavam somente observando, assim que viram o gigante ser morto, ficaram com mais raiva ainda, e mais monstros entravam pelo portão a cada segundo.
_ Meninos – Fingor nos chamou com uma voz fraca – Fujam o mais rápido o possível. Eu irei tentar para-los com os que estão aqui ainda.
_ Esquece Fingor, não deixaremos você lutando sozinho – eu respondi.
_ Isso é uma ordem – ele respondeu – Vocês precisam continuar com a sua missão, pois ela e muito importante.
_ Isso não justifica nada, só porque temos uma missão não iremos te abandonar.
_ Não quero saber, isso e uma ordem, agora vão, VÃO!!!
_ Vamos Thiago – Peter começou a me puxar – temos que sair daqui.
Fomos em direção ao carro, que estava um pouco afastado do portão. Todas as nossas coisas já estavam dentro dele.
Ethan foi para a direção, eu fiquei no banco do passageiro da frente e Peter no banco de trás, onde abriu as janelas para poder atirar, se fosse preciso. O carro era muito bonito, por dentro e por fora.
Saímos em disparada em direção ao portão. Na nossa frente, devia haver uns 20 monstros inimigos, que acabaram sendo todos atropelados enquanto saímos do acampamento.
Dos dois lados da estrada, havia uma plantação de Pinheiros que parecia acompanha-la por toda a extensão dela.
_ Pessoal – Peter chamou – tem dois carros nos seguindo.
Olhei pelo retrovisor e vi que era verdade. Outras duas Dodge ram estavam em perseguição com a nossa. Ethan também viu, pois assim que olhou pelo retrovisor, acelerou.
_ Peter atire neles.
Peter colocou a cabeça pra fora pela janela e começou a atirar nos carros, que o atacaram com flechas.
Então, após uma curva, um vulto apareceu na nossa frente, parado no meio da estrada. Ethan tentou desviar, mas estava muito rápido. Ele jogou o carro para direita e quando tentou voltar para a estrada, o carro capotou.
Tudo ficou em câmera lenta, enquanto tudo girava. O carro capotou quatro ou cinco vezes, antes de parar de cabeça para baixo.
Me arrastei para fora do carro, com a visão muito embaçada. Acima de mim, dois corvos voavam. Um vulto aparecia em meio a um turbilhão de cores.
Estava indo para Valhalla.
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