Capítulo II - Rachel
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Faltando apenas um dia para o ataque, eu estava andando pela cabana onde
Gabriel dormia, eu passei perto de seu aquário, e, quando eu o
toquei tive uma visão.
E o que eu vi foi
assustador. Um grupo de humanos estava lutando com espadas e escudos,
na base de um monte, contra um exército de monstros. Mas até aí,
tudo “normal”. O estranho foi depois disso: eu vi homens do
exército de mortais, atirando com suas armas, tanques, aviões,
caças, tudo isso lutando contra os monstros. O céu estava de uma
cor laranjada, quase vermelho, uma cor que eu nunca tinha visto
antes.
Haviam homens
gigantes, de uns 4 metros cada, do lado dos humanos. Eles usavam
armaduras gregas, e, na mão de um deles, eu vi um raio. Na mão de
outro, um tridente, e um outro, usava um manto negro de sombras.
Aqueles eram os
deuses, e eles estavam na batalha, o que era muito preocupante, pois
deuses não costumavam entrar em batalhas assim, pois não estavam
ligando muito para o mundo.
Mais a frente do
exército eu reconheci Gabriel, Arthur, eu e... Letícia!? Sim, a
mais nova campista estava lá, lutando ao nosso lado. Onde estariam
Thiago e Ethan?
De repente, a visão
mudou. Eu estava em uma oficina, muito bagunçada por sinal. Havia
várias engrenagens e engenhocas em cima das mesas, havia alguns
robôs destruídos no chão, e outros, catando esses restos de
metal.
Foi quando um homem
velho, vestido como um ferreiro, com seu rosto todo sujo devido ao
seu trabalho, apareceu de um canto escuro. Percebi que ele andava
mancando, nas mãos dele, alguns parafusos, e dos bolsos via-se
chaves de fenda, martelos, enfim, tudo o que um inventor precisaria.
Ele veio até mim, pôs
aquela mão pesada sobre mim, olhou no fundo dos meus olhos e disse:
_ Filha _ então
aquele era meu pai! Aquele senhor, era Hefesto, o deus das forjas! _
Primeiramente, eu queria te pedir desculpas por não ter aparecido
antes, por nunca ter ligado ou mandado um e-mail, mas é que a vida
de um deus não é lá das mais fáceis, e não tem muitas folgas
também.
Seu olhar parecia
triste, como se realmente ele estivesse arrependido, ou triste por
não ter acompanhado meu crescimento.
_ Mas agora, o assunto
que realmente importa _ continuou ele, retomando a expressão de
seriedade. _ Você está passando por um momento delicado certo?
_ Gabriel... _
sussurrei eu.
_ Sim, esse problema.
_ Sua expressão agora, mostrava um ar de preocupação. _ Ah aquele
menino travesso, se eu o pegasse... Mas enfim, temo que vou ter que
te dar um responsabilidade maior do que você poderia aguentar, mas
não vejo ninguém melhor para isso.
_ Você está me
chamando de incompetente? Você me traz aqui só para isso?
_ Não é
incompetência, é falta de experiência eu diria, mas eu confio que
você vai evoluir durante a invasão, eu acredito que você será
capaz de cumprir com a tarefa que eu vou lhe dar.
Eu estava com raiva,
não queria mais ouvir nenhuma palavra daquele velho; incompetente,
eu? Eu já havia salvado o planeta! Quem haveria de ser mais
competente então?
Foi quando eu lembrei
do trato que fiz com Hades, de como eu havia agido precipitadamente,
de como eu tinha perdido as esperanças facilmente, de minha “falta
de experiência” , é, talvez meu pai tivesse um pouco de razão,
decidi ouvi-lo mais um pouco.
_ Gabriel tem uma
certa invulnerabilidade certo? _ falou ele novamente.
_ Hum, sim, foi um
presente de Poseidon.
_ Minha filha, durante
esses dias, eu vim forjando uma coisa, uma coisa muito poderosa.
Ele foi até uma mesa
e pegou uma coisa que parecia uma pistola, só que dourada, e a pôs
em uma caixa.
_ Essa arma, _ disse
ele dando a caixa pra mim _ ela pode matar quase qualquer coisa com
um tiro, e eu estou te entregando ela. Mas cuidado, ela só tem uma
carga, então, use-a bem.
_ Você está falando
pra mim atirar nele?
_ Se você quer
entender assim... Mas o que é certo, é que uma escolha muito
difícil estará em suas mãos, e eu acho que você é a única capaz
de fazê-la no tempo e da maneira correta.
Relutante, peguei a
caixa q continha a arma. Assim que a peguei, ela brilhou e sumiu.
Acho que fora transportada pra dimensão real, afinal eu ainda estava
em um sonho depois de tudo.
Eu ia me virando para
sair, quando meu pai pôs a mão em meu ombro e disse:
_ Filha, você é mais vital nessa guerra do que você imagina, grandes coisas estão por vir, e você é uma das principais e mais importantes peças, não se subestime!
_ Filha, você é mais vital nessa guerra do que você imagina, grandes coisas estão por vir, e você é uma das principais e mais importantes peças, não se subestime!
Não entendi muito bem
o porquê daquele conselho, mas fiz um sinal de positivo com a
cabeça. Foi quando a imagem
começou a ficar distorcida, e a imagem do aquário da casa do
Gabriel estava voltando.
_ … chegaram! _
disse uma voz ao fundo. _ Rachel! _ continuou ela; agora eu já ouvia
com clareza, era Alfeu atrás de mim. _ Eles chegaram! A invasão
começou! Venha!
Quando eu assimilei as
palavras dele, me virei com uma expressão de espanto. A invasão
pela qual todos estavam apreensivos começara. Eu comecei a ouvir o
barulho de fora, uma pequena guerra estava acontecendo lá.
Saí o mais rápido
que pude, e vesti minha armadura. Peguei minhas armas, inclusive a
minha mais nova, dada por meu pai. Aquilo pesava mais que tudo em
minha bolsa.
Corri pelos corredores
ofegante, a cada passo que eu dava, a barulho se tornava mais
intenso, espadas se encontrando, monstros grunhindo, adolescentes
gritando, tudo estava um caos.
Quando virei para o
corredor principal, dei de cara com Arthur e Letícia,que
estavam encurralados por um minotauro. Eu entrei na luta para
ajudá-los, afinal, já havíamos vencido um minotauro, outro não
seria difícil. Se bem que da outra vez, ele estava conosco. Talvez
por isso fora mais fácil.
Mas agora não era
hora de ficar imaginando hipóteses, ele não estava com a gente e
ponto, deveríamos nos virar. Mas começamos a apanhar, como
pequenas crianças indefesas, aquilo me fez sentir inútil, se eu não
poderia vencer um simples minotauro o que dirá um titã, gigante ou
algo pior que isso.
À medida que o tempo
de luta avançava, íamos recuando pelos corredores, fugindo do
minotauro, até que surgiu uma parede atrás de nós e ficamos
presos. O minotauro estava cada vez mais perto de acertar um golpe,
e, no momento que ele ia me acertar, a parede ao lado explodiu, e um
escudo voou na cara no minotauro. Ele ficou atordoado, havia muita
poeira, e tudo que eu vi foi uma silhueta pulando no minotauro, logo
depois, poeira dourada, indicando a morte do monstro.
_ Eles são meus _
disse uma voz de dentro da fumaça.
Antes que eu pudesse
reconhecer, Gabriel saiu correndo de dentro da fumaça pra cima de
nós três. Eu fiquei paralisada. Arthur e Letícia o atacaram, mas
não eram páreos, sem nem mesmo parar de correr, Gabriel acertou os
dois e os pôs inconscientes no chão.
Agora ele vinha pra
cima de mim, sua expressão era outra, de ódio, dor, uma expressão
que não era do Gabriel que eu conhecera um dia. Eu estava
paralisada, não conseguia me mexer, ele acabara de vencer facilmente
dois amigos meus e não seria diferente comigo.
Quando ele estava a
uns três passos de mim, de um corredor à direita, surgiu outra
silhueta pulando pra cima dele. Gabriel foi arremessado contra a
parede, e caiu.
A silhueta era de
Thiago!
_ Cheguei atrasado? _
perguntou ele.
_ Na verdade, bem na
hora _ respondi.
Gabriel já havia se
levantado, e partia pra cima de nós de novo. Dessa vez eu não
estava mais tão perplexa.
_ Rachel _ chamou
Thiago _ eu cuido dele, vá ajudar Ethan na entrada, ele está com
sérios problemas lá.
Não confiei muito,
mas assenti e saí correndo, com o canto dos meus olhos, vi o começo
da luta; uma luta com um padrão de qualidade jamais visto, afinal, a
habilidade de batalha dos dois era incomparável.
Corri um
pouco, e cheguei à entrada. Ethan realmente
estava com problemas. Ele estava na porta da base, que estava
totalmente destruída agora, lutando contra um manticore, e ele
estava sozinho.
Mas antes mesmo de eu
conseguir chegar perto, ele acertou uma marretada na cabeça do
manticore que se desfez em pó na hora. Eu desacelerei. Ele
sorriu pra mim, e quando abriu a boca pra falar algo, o chão tremeu
e ele desequilibrou. Ele olhou para trás, e uma expressão de
espanto tomou seu rosto.
Voltei a
correr, e quando atravessei a poeira que estava na porta, vi um
monstro grande, muito
grande, vindo para nossa direção.
_ Gigante de Gelo _
disse Ethan com um medo na voz.
O gigante tinha uns
oito metros de altura, era todo branco, afinal, ele era feito de
gelo. Carregava uma clava gigante apoiada no ombro. E olhava com um
olhar aterrorizante para nós dois.
Atrás dele, um
exército de monstros aguardava ansiosamente pela ordem de invasão,
com certeza estávamos perdidos.
Ethan partiu pra cima
do gigante. Eu como que por reflexo atirei minhas foices, e as
correntes dela se enrolaram nas pernas do gigante, e o fizeram cair,
Ethan rapidamente o acertou, e seu golpe rachou a cabeça do gigante,
mas não o matou.
Um apito soou, eu não
tenho a mínima ideia de onde tenha vindo, mas o exército gritou em
resposta e avançou. Eles iam invadir a base.
Começaram a correr
pra cima de nós, o gigante já estava de pé; algumas pessoas,
inclusive Alfeu, tinham vindo pra porta fortificar as defesas, mas
nada que fosse aguentar muito.
Olhei para Alfeu a
espera de alguma coisa miraculosa que pudesse nos ajudar, ele pareceu
ter entendido o que eu esperava, e pôs a mão no bolso.
Pareceu procurar algo,
o que será que ele iria tirar do bolso? Talvez uma arma mágica
muito forte, ou então algo que chamasse reforços, ou algo do tipo,
mas, o que ele tirou, foi algo mais inesperado, impressionante, que
me deixou em estado de choque.
Ele foi tirando a mão
do bolso, um item pequeno foi surgindo na mão dele, e era... nada
mais nada menos que... A CHAVE DO ALARME DO CARRO.
Pelos deuses, de que
aquilo iria adiantar? Iríamos fugir? Atropelar monstros?
Olhei com uma cara de
desapontamento. Ele sorriu pra mim, e apontou a chave para o cristo
redentor.
Ah ótimo, agora Alfeu
tinha enlouquecido de vez. O que ele estava pensando em fazer? E
aquela por acaso era hora de ter um ataque de esquizofrenia? Deuses,
que vergonha!
Mas
quando ele apertou o botão, algo muito
impressionante aconteceu: os olhos do cristo piscaram em laranja,
assim como os faróis de um carro quando o alarme está sendo
desativado. E ele também fez o “ PI PI” tradicional barulho que
faz quando abrimos o carro.
Os braços do cristo
começaram a se fechar, as partes da estátua que formavam a túnica
se quebraram inteiras, e se esculpiram em uma armadura grega de
batalha.
Jesus vestido com uma
armadura grega era a coisa mais estranha que eu já tinha visto, mas
qualquer coisa que pudesse nos ajudar naquele momento eu estava
agradecendo.
O exército parou, e
como a estátua ficava num monte atrás deles, eles se viraram todos,
e viram o que era apenas uma velha estátua parada num monte a
décadas, correr pra cima deles, agora trajada para uma guerra.
Ela acabou com uns 30
monstros com apenas um chute, uma grande quantidade de poeira dourada
ia subindo à medida que a estátua ia golpeando.
_ Ei, Rachel _ chamou
Alfeu, vá com Ethan pra dentro de novo, talvez Thiago precise de
vocês.
Assenti e puxei Ethan
pra dentro. Corremos ofegantes pelos corredores, e começamos a ouvir
a luta dos dois, cada vez mais alta. Quando viramos em um corredor
maior, vimos Thiago de joelhos na frente de Gabriel, que estava
pronto para dar um golpe com sua espada.
Ethan correu, e tentou
golpear Gabriel pelas costas. Mas com um movimento rápido, Gabriel
defendeu colocando a espada na frente da marreta. Quando as duas
armas se chocaram, uma explosão de energia, e um barulho estrondoso
foram produzidos, os dois foram arremessados longe.
_ Rachel, tire Thiago
daqui, RÁPIDO! _ gritou Ethan se levantando.
_ Certo, aguente as
pontas aí, eu já volto.
Peguei Thiago,
apoiei-o nos ombros e fui arrastando ele até a enfermaria da base,
lá eu poderia cuidar dos ferimentos dele. E mais uma vez, deixei um
amigo meu lutando com Gabriel, eu estava me sentindo na função
errada, eu não deveria estar apenas de suporte, carregando feridos,
olhando para as lutas, eu deveria lutar também! Meu pai me dissera
pra não me subestimar, que meu valor e importância eram maiores
que eu pensava.
Mas depois eu cuidaria
disso, agora, meu amigo estava muito ferido se apoiando em mim, e eu
ia cuidar dele.
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