quarta-feira, 3 de outubro de 2012


Capítulo I – Rachel










Eu estava no topo de uma colina, e logo acima de mim havia terra, sim toda a extensão de uma planície, acima de mim, e abaixo, uma grande depressão, como se houvesse uma Terra logo abaixo da outra.
      Um rio surgia dessa colina, ele ia percorrendo toda a sua extensão, ladeado por florestas, não muito densas. Mais abaixo, via-se uma cidade, cercada por grandes muros, mas não via-se carros, nem luz elétrica, pelo menos não àquela distância.
O que eu distingui com certeza foram tochas, nas mãos de guardas que usavam armaduras, espadas, arcos, e lanças. Um pouco estranho para o século XXI.
  De repente fui puxada. Como se eu fosse um grão de poeira, e a cidade um aspirador de pó. Passei voando pelas florestas e, a medida que eu passava, as folhas das árvores amarelavam, caíam, nasciam de novo, amarelavam de novo, e assim por diante, como se o tempo estivesse passando.
Quando cheguei à cidade, ela estava em chamas e, bem no meio dela, estava Gabriel. Sim, ele mesmo, o que matou o Kraken, salvou o mundo, e o garoto pelo qual eu era apaixonada.
Mas ele estava cercado. Dezenas de monstros estavam à sua volta. Eu reconheci também Arthur, ele estava caído em um canto tentando se levantar. Foi quando uma sombra imensa cobriu Gabriel. Quando olhei, um monstro humanoide estava olhando e rindo para ele. Ele era dourado tinha uns quatro metros de altura, e perto dele, tudo estava ficando lento. Ele segurava uma foice, com uma lâmina, que só de olhar pra ela, eu senti minha vida saindo de mim.
Espere: foice, tempo lento, homem grande e dourado. Cronos! O antigo senhor dos tempos, o senhor dos titãs. Mas o que? Como? Ele havia sido cortado em mil pedaços por Zeus, e agora estava ali, inteiro, forte, e prestes a matar Gabriel.
Ele bateu o cabo de sua lança no chão, todos em volta dele caíram, Gabriel estava com uma expressão de terror nos olhos, ele usava uma camiseta verde, mas que já estava cheia de poeira e toda rasgada, estava com uma calça jeans surrada, e um tênis tão destruído, que quem olhasse meio distraído não reconheceria aquilo como um tênis.
      O Titã ergueu sua foice e passou o primeiro corte. Gabriel se defendeu, mas seu escudo se partiu tamanha a força do golpe. 
      Tentei correr pra perto dele, para ajudar, mas eu não sentia minhas pernas estava presa.
  Cronos deu mais um golpe, Gabriel o desviou com sua espada, e o corte  lançou uma espécie de anel azul que cortou tudo por onde passou: Uma árvore, uma parede que um dia fora uma casa, uma estátua. Tudo cortado como se fosse uma motosserra passando em uma folha de papel.

     
       Ele preparou mais um golpe, dessa vez ele acertou. Vi sangue voando. Gabriel não se mexia. NÃO!!! _ tentei gritar mas minha voz também não saía.
De repente ele olhou para mim.
_ O que foi garota? _ sua voz era grossa, um tom assustador. _Ah, ele? _ disse o titã apontando para Gabriel; sua expressão era de desdém. _ Ele teria que morrer mesmo, mas, se você estivesse aqui, isso poderia ter sido adiado.
  Foi quando uma bola de energia atingiu Cronos nas costas e eu acordei. Estava  suada. A primeira coisa que fiz foi ver se sentia as pernas, e, graças aos deuses elas estavam lá, firmes e fortes.

      Olhei no meu relógio. Três e meia da manhã. É, era bom eu tentar dormir de novo, não tinha escolha, era isso ou passar cinco horas sentada na cama sem poder fazer um ruído, sem poder fazer nada.
Acordei lá pelas oito horas no outro dia. Fui para o refeitório. Vi Arthur na mesa. A propósito, ele foi escolhido para participar da mesa de reuniões. Apenas Gabriel e ele, de campistas, participam. Ele estava muito feliz, pois era a primeira vez que sua inteligência era reconhecida. Ele também foi nomeado comandante das operações de estratégia e inteligência.
Eu, ele e Gabriel recebemos medalhas de honra e agradecimento por por termos salvos o mundo.
  Todos os campistas em geral pareciam mais felizes, como se sentissem o ar mais leve, mais calmo, com, digamos, menos perigos.
  Tomamos café até que Alfeu veio até nós. Ao lado dele estava uma garota, com prováveis 14 anos, uma pele bem morena, cabelos medianos lisos, mas claramente alisados por uma chapinha, presos em um rabo-de-cavalo. Seus olhos eram castanhos claro, ela usava um uniforme escolar de uma escola daqui do Rio chamada Dínamis. Usava uma calça leg, e um tênis de caminhada, como se tivesse acabado de sair da educação física.
_ Hum, Rachel? _ disse ele.
_ Sim?
_ Essa é Letícia Silva, ela é nova aqui, você poderia mostrar a base a ela?
_ Sim, claro _Quando a fitei, ela passava os olhos pelos meninos, não sei se foi impressão minha, mas ela pousou mais os olhos em Gabriel. _ Este aqui é o meu namorado Gabriel _ disse a ela apontando para ele. _ E esse é meu amigo Arthur.
Os dois murmuraram algo como muito prazer, mas nada muito animado, o que constrangeu a menina.
_ Enfim, vamos? _ disse a ela com um sorriso no rosto.
Ela tirou a expressão de desconforto e abriu um sorriso mostrando seus dentes perfeitos.
Andamos pela base, mostrei a ela os campos de treinamento, meu quarto, o quarto onde ela ficaria, explicando a ela que aquilo não era definitivo, era apenas até descobrirmos quem era o pai ou mãe dela.
Ela sorriu aliviada. Letícia era uma garota que parecia não querer chamar atenção, daquelas que não se arrumam, não fazem todos os cuidados normais de uma garota. Mas ela era bonita. E essa beleza por si só já chamava atenção. E esse descuido com si mesma, essa despreocupação em agradar a deixava meiga, uma garota linda.
_  Hum, você mora com seu pai ou com sua mãe?
Assim que fiz essa pergunta desejei ter ficado quieta. O rosto dela ficou triste, seu sorriso desapareceu.
_ Eu, bem, nunca conheci nenhum dos dois... Eles morreram na queda de um avião.
_ Me desculpe, e, sinto muito por você. Mas aqui, você ganhará uma família nova, vai ser a melhor que você poderia ter, pode ter certeza!
Ela voltou a sorrir. Mas eu via que ela ainda estava meio triste, e eu tentei de tudo para deixá-la feliz.
Depois de ter mostrado todo o acampamento, eu a deixei em seu quarto, e fui até meu quarto e me arrumei. Depois fui até a casa de Gabriel, ele estava  sentado na cama.
_ Ei _ chamei eu. _ Vamos dar um passeio?
_ Agora? _ respondeu ele com uma voz preguiçosa, se deitando de novo _ fica pra próxima.
Então eu entrei, eu estava com uma blusinha verde, um short jeans azul, e uma rasteirinha, com meu cabelo preso em um rabo-de-cavalo, jeito que eu não costumava muito deixar porque não gostava muito. Fui até lá e puxei ele pelo braço, colocando ele de pé. Quase tive que arrumar ele, igual se arruma um bebê, mas, que bom, ele fez isso sozinho.
_ E... Aonde vamos? _ perguntou ele depois de sairmos da base.
_ Fazer compras! _ respondi
_ O QUE? _ perguntou pasmo, _ Porque não há nada pior do que fazer compras com garotas, não me leve a mal, por favor.
Me limitei a sorrir.
Ele não reclamou mais e me acompanhou, chegamos ao shopping.
Tenho que admitir que ele tinha parte da razão. Eu ia arrastando ele pelas lojas, olhava, olhava, olhava, e fui comprar a primeira peça só depois de meia hora.



Lá pelas cinco horas, ele pediu um descanso. Fomos a praça de alimentação sentar um pouco, eu estava muito feliz, falando muito, e eu acho que isso contagiou ele, pois pouco depois, ele já estava falando pelos cotovelos também.
Assistimos um filme, curiosamente sobre mitologia, e no final, ouvi um jovem de uns vinte anos dizendo:
_ Humpf, aquele cara é muito fraco, eu acabaria com um titã bem mais rápido do que ele.
Eu quase ri. Aquele cara não aguentaria nem um esqueleto, quanto mais um titã, e ele fala isso só porque acha que nada disso existe... coitado.
Ficamos mais um pouco no shopping, ele também comprou algumas coisas, pois depois daqueles dias de guerra, algumas roupas deles ficaram inutilizáveis.
Voltamos para a base mais ou menos às oito horas. Tudo estava correndo normalmente, e foi assim até o fim da noite, quando fui dormir.

No outro dia, quando acordei, estava um dia lindo, o sol brilhava, havia algumas nuvens, uma temperatura agradável, e uma brisa mansa, que fazia com que a temperatura ficasse perfeita.
Fui ao refeitório, muitos adolescentes tomavam café-da-manhã lá, entre eles reconheci Arthur, comendo um grande pedaço de bolo, que tinha tantos doces e cremes que eu acho que quem comesse uma fatia daquele bolo, pegaria diabetes, ficaria obesa, e teria muitos problemas de saúde.
Sentei-me com ele. Ele comia de um jeito tão apressado que chegava a ser engraçado.
_ O que foi? _ perguntou ele com um pouco de chantilly no nariz.
_ Nada _ disse segurando o riso. _ como estão as coisas?
_ Melhor impossível, nunca me senti tão bem, ainda mais agora que não tem nenhum monstro terrível e invencível nos aterrorizando, depois do Kraken não quero ver mais nenhum polvo ou algo do tipo na minha frente pelo resto da minha vida.
_ É _ disse eu rindo. _ admito que aquilo não foi agradável, mas ele até que era fofinho!
_ Então vai lá dar um abraço nele então, depois que ele te engolir espero que ache o estômago dele fofinho também!
Meu café chegou, conversamos mais um tempo, mais tarde, nossa nova amiga apareceu no refeitório, segurando uma bandeja e perguntou tímida:
_ Eu, hum, posso sentar aqui?
_ Mas é claro! _ respondeu Arthur. _ Err, quer dizer, pode sim.
Ele ficou mais vermelho que uma pimenta, e voltou a comer seu bolo de um milhão de calorias.
_ Ah _ continuou ele. _ Me desculpe por ontem, pelo jeito que falei, é que eu estava com sono, não foi por falta de entusiasmo ao te conhecer, por que sim, é um grande prazer e, espero que não tenha ficado magoada nem nada...
_ Ela já entendeu, Arthur _ disse eu rindo, ele estava atropelando as palavras, estava nervoso. _ Não é mesmo Lê?
_ É claro! _ disse ela. _ Também é um prazer conhecê-lo.
Ela fez mais uma de suas caras meigas, Arthur riu, nervoso. Parecia que ele queria enfiar a cara no seu grande pedaço de bolo, e ficar com ela lá até morrer de diabetes. Ou sem ar mesmo.
_ Eu, bem, já acabei meu café. Vou atrás de Gabriel _ falei, mas isso foi apenas uma desculpa para deixá-los sozinhos. _ E é uma oportunidade para vocês se conhecerem melhor, vocês dois combinam, podem se tornar grandes amigos!
Arthur me olhou com uma cara de: vou te matar lentamente depois.
Devolvi uma cara de: você vai me AGRADECER depois.
Fui atrás de Gabriel, andei por toda a base e só fui encontrá-lo na garagem, mas nem deu tempo de falar com ele, ele estava entrando no carro com uma expressão preocupada, séria. Mas quando ele me viu, ele sorriu, me deu um tchauzinho e um beijo através do vidro. Devolvi.
      O carro saiu em alta velocidade e sumiu.
O resto do dia correu normalmente até que Alfeu e Gabriel chegaram, lá pelas duas da tarde. Alfeu vinha com Gabriel desmaiado em suas mãos.
_ Saiam da frente _ ele dizia a qualquer um que tentasse ver o que estava acontecendo.
Fui atrás correndo. Alfeu o levou para sua casa. Pouco depois ele acordou, Alfeu não me autorizou chegar perto, disse que precisava falar com Gabriel. Então eu esperei bem longe, mas de um lugar que dava pra ver os dois.
Assim que a conversa começou, eu vi o rosto de Gabriel perdendo toda a cor, com certeza era uma notícia ruim. A expressão dele se tornou sombria, o que me deu até medo, então, eu me virei e sentei de costas para a parede.
Logo que Alfeu saiu, eu corri até Gabriel, ele estava sentado na beira do riacho, como se estivesse pensando.
_ Ei _ disse eu _ O que ouve?
_ Apenas saia daqui. _ respondeu ele de maneira seca.
_ Mas, talvez eu possa ajudar, você pode desabafar ou algo assim.
_ Não. Já falei saia daqui, me deixe sozinho. SAIA!
Quando ele disse isso, sua mão veio pronta para dar um soco perto do meu rosto, eu chorava. Levantei e saí correndo.
Chorei o resto do dia. Por que ele havia feito aquilo? O que eu tinha feito para ele?
Conversei com Arthur, ele tentou falar com Gabriel, mas sem sucesso também, algo tinha acontecido, e Gabriel estava sombrio, com um olhar de ódio, um olhar que não pertencia a ele. Aquele não era o Gabriel que eu conhecia, com certeza não era, e eu tinha que descobrir o que tinha acontecido.
Mas antes que eu pudesse descobrir qualquer coisa, uma coisa muito ruim aconteceu.
No dia seguinte, fui até a casa de Gabriel bem cedinho para tentar falar com ele, mas ele não estava mais lá. Procurei por toda a base, avisei Alfeu, Arthur, até a Letícia, mas ninguém o encontrava.
O desespero tomou conta de mim, eu chorava desesperadamente, nunca havia chorado tanto na minha vida, só parei de chorar porque minhas lágrimas acabaram, secaram. Todos tentavam me consolar, falavam que ele ia voltar, mas eu percebia que nem eles mesmo acreditavam no que diziam. O que tinha acontecido? Alguém o levara? Ele havia ido por conta própria? Por que? Muitas perguntas vinham em minha mente, muitas hipóteses, e eu só ficava mais triste.
Fazia dias que várias equipes de busca iam e voltavam, sempre sem notícias dele. E, desde que ele se foi, uma chuva constante, fria, vnha castigando o Rio. Como se até a natureza estivesse triste, toda a alegria que reinava em todos na base acabou, mesmo os que não eram íntimos ficaram tristes, pois todos gostavam dele.
Eu ficava com o celular 24 horas por dia na mão, esperando uma ligação, uma mensagem, qualquer sinal de vida dele. Eu apertava meu aparelho em minhas mãos. Ele prometera nunca me abandonar,_ pensava eu _ e agora, bem, agora não faço a menor ideia de onde ele esteja, ele havia me abandonado, descumprido sua promessa.
Esse estava sendo a primeira vez, o primeiro momento, desde que eu conhecera aquele garoto, que eu estava me sentindo sozinha, desprotegida.
Foi quando eu percebi que estava usando a função errada do celular. Eu não deveria estar esperando uma chamada, e sim, fazendo. Fui em favoritos e disquei: Gabriel. Chamou a primeira vez, a segunda, pensamentos começaram a invadir minha mente devido a ansiosidade que eu estava. Eu pensava nele, em tudo o que havíamos passado; mais um toque; pensei em seu rosto, seu sorriso, em seu beijo, ah se eu pudesse pelo menos dizer o quanto eu o amava! Por favor, atenda! _ pensava eu.
Foi quando uma voz interrompeu meus pensamentos e me trouxe de volta ao mundo real:
_ Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagem e estará sujeita a cobrança após o sinal. _ disse a gravação do outro lado da linha, quebrando e pisoteando minhas esperanças.
Voltei a chorar. Tentei mais algumas vezes, nada. Aquilo era desesperador, o que poderia ter acontecido?
Passei o resto do dia ainda mais preocupada, nos horários de alimentação, engoli um pouco de comida, não estava com a mínima fome, mas sabia que tinha que comer pelo menos um pouco.
O dia se arrastou numa lentidão tão grande que parecia que nunca ia acabar, e a cada segundo eu me sentia sendo dilacerada por dentro, um sofrimento inexplicável.
Como esperado, eu não consegui dormir, e, no meio da madrugada meu telefone tocou. Nunca atendi um telefonema com tanta rapidez assim.
_ Saia da base, e vá para o mais longe possível em no máximo quatro dias _ disse uma voz quando eu atendi.
_ Ga... Gabriel?! _ perguntei pasma depois que reconheci aquela voz _ onde você está? O que aconteceu? Por que você não voltou? Você...
_ Apenas saia daí no tempo em que te falei _ sua voz estava sombria, seca, mas eu ainda sentia uma ponta de tristeza, dor nela.
_ Mas por que sair?
Ele nem respondeu e desligou o telefone. O que ele estaria querendo dizer? Por que sair da base? As perguntas rondaram minha mente até perto de amanhecer, quando eu dormi por puro cansaço.
De manhã, eu procurei Alfeu e contei tudo a ele. Depois de muito pensar, ele me disse que só havia pensado em uma hipótese:
_ Um ataque _ disse ele já movendo-se para os microfones que fazem a comunicação de toda a base e chamou os participantes da mesa para uma reunião urgente.
Abri o histórico de ligações em meu celular para ligar para Gabriel, mas vi outro nome que me deu uma ideia: Thiago. Reforços _ pensei _ e ele ainda é um grande amigo de    Gabriel, com certeza ajudará.
_ Alô? _ disse ele quando atendeu. _ Algum problema Rachel?
_ Preciso de sua ajuda, AGORA!
_ O que aconteceu?
_ É Gabriel, ele sumiu, e provavelmente vai participar de um ataque à base.
_ O que? Mas por que? Quando? Como? _ sua voz estava incrédula, tão assustado como eu fiquei quando Gabriel se foi.
_ Venha pra cá e eu te explico tudo.
_ Certo. Vou atrás de Ethan e em no máximo dois dias estamos aí.
Quando desliguei, Alfeu veio falar comigo:
_ Tenho que te explicar algumas coisas que eu deixei ocultas, mas agora vejo que você tem que saber. Quando eu saí com o Gabriel aquele dia, nós estávamos indo até a casa da mãe dele. O motivo, era que ela não respondia a nenhum contato, havia se silenciado por tempo demais, o que me preocupou e eu resolvi averiguar. Mas, assim que chegamos lá, Gabriel teve algum tipo de ataque assim que encostou na maçaneta. Ele simplesmente desabou, desacordado. Pus ele no carro, e fui até o interior da casa. A mãe dele realmente não estava lá. E havias sinais que ela já não estava lá há um bom tempo.
_ Então Gabriel saiu para procurar ela _ supus.
_ Não exatamente. Quando nós chegamos, ele me contou o que tinha acontecido com ele, ele tinha tido uma visão, de outro lugar, em que ele vira uma mulher ajoelhada, aparentemente amarrada, aos pés de um homem. Assim que contei a ele do sumiço de sua mãe ele já interligou os fatos, e supos que Joe havia raptado sua mãe, ficou furioso e o resto você já sabe.
_ Sim, então agora ele está atrás de Joe, que provavelmente sequestrou sua mãe. Mas algo ai não se encaixa: por que ele ligaria me falando pra sair da base em no máximo quatro dias?
Alfeu nem precisou responder, nós dois deduzimos a mesma hipótese: Gabriel havia entrado como subordinado de Joe em troca da vida de sua mãe, e, para provar sua lealdade ele teria que destruir a base.








Thiago, Nota Final







Depois de cinco dias que eu havia chegado na Dinamarca de novo, em uma tarde, meu celular tocou. Atendi e a voz desesperada de Rachel dizia:
_ Preciso de sua ajuda. AGORA!



quarta-feira, 26 de setembro de 2012






Φ Capítulo XX - O fim, ou quase isso – Gabriel Φ








      O Kraken era invencível. Não tinha como, ele era grande demais, tinha pele impenetrável, era rápido, e nós não duraríamos muito naquele ritmo.
Mas, uma sombra de esperança apareceu. Era uma sombra conhecida: Nidhogg.
O que significava que Thiago havia obtido sucesso em sua missão. A cabeça da Medusa estava com ele. Era só apontar para o Kraken e ele viraria apenas mais um ponto turístico da Itália.
Parecia simples, mas o que realmente aconteceu foi muito, mas muito pior e mais difícil. Antes do dragão conseguir descer, eles foram golpeados por um dos centenas de tentáculos do Kraken. Vi os os dois meninos mais o dragão caindo no mar. Uma sacola se soltou de um deles, e ele, a todo custo quis pegar mas não conseguiu.
Eu fiz o mar pegá-los, consegui fazer que eles não sofressem danos. Mas foi aí que eu notei uma coisa: só tinha dois meninos, três haviam saído de Roma. O que haveria acontecido?
O meu “pequeno” inimigo me lembrou da presença dele, me acertando em cheio com um de seus tentáculos. Voei uns vinte metros até bater contra uma pedra. Aquilo doeu, como doeu, mas eu não perdi a consciência, consegui me levantar no mesmo momento. Cambaleei de volta aos meus amigos. Thiago e Ethan estavam terminando de sair do mar. Nidhogg ao lado deles.
Seu sorriso era triunfante, enquanto ele me mostrava a sacola. Acabou - pensei.
Eles se juntaram a nós, e Thiago disse:
_ Não é muito bom que vocês olhem pra o que eu tenho aqui.
_ Com certeza _ disse Arthur se virando.
Assim que estávamos de costas, eu ouvi um zíper se abrindo. Algo foi puxado de lá de dentro. A cabeça da Medusa. De repente silêncio. Nada fazia barulho, nem o mar, nem meus amigos, nem o monstro.
_ Hã, o que deveria acontecer mesmo? -  perguntou Ethan.
_ Bom, o Kraken era pra virar uma estátua - respondi.
_ Entao é bom você dar uma olhadinha aqui.
      Quando eu me virei, lá estava o monstro, totalmente bem, sem nenhuma partezinha de pedra. Totalmente vivo e pronto para nos matar.
_ Como? Is... isso não é possível! O que, o que deu errado? - perguntei desesperado.
_ Eu explico - disse uma voz distante: Joe.
Olhei para a cabeça do Kraken e ele estava lá em cima, em pé.
_ O Kraken, não está mais, digamos, vivo - continuou ele, - eu o invoquei através de um selo proibido, um selo que me permite trazer seu corpo de volta, mas não sua alma, sua vida.
Arthur se mexeu ao meu lado. Exatamente como ele fazia quando estava perto de solucionar um enigma, quebra-cabeça, essas coisa do gênero.
_ Não há meio de matá-lo.
_ Ei - eu disse à Joe. - Mas os outros monstros também tinha esse selo, e foi só bater um pouquinho e eles já morriam.
_ Humpf - suspirou ele. - Esse selo, quanto maior a força da criatura, mais forte ele se torna, ou seja, para matar Kraken, você precisaria de quase o dobro da força dele. Aceite sua derrota garoto, chega de brincar, você nunca iria conseguir mesmo...
Ele continuou falando, mas Arthur chamou minha atenção, e falou em meu ouvido:
_ Tenho um plano, é desesperador, mas tenho. E, como não temos nada a perder, e nenhuma outra opção, acho que devemos tentar.
Depois de ter me contado, e aos meus amigos, todos nos preparamos. Montamos nos pégasus, e em Nidhogg.
_ Um último esforço ou uma fuga? - Riu Joe.
Trinquei os dentes.
_ Vamos ver quem é que vai rir depois dessa - provoquei.
Alçamos voo. Os tentáculos do Kraken atacavam- nos, mas nossa determinação era tanta que ficara fácil desviar. Ethan começou a disparar com sua arma, fazia grandes explosões, mas nada de dano. Apenas para distrair a criatura.
Eu e Arthur voamos para o selo no peito do monstro, eu tirei a insignia que pegara em Cairo da esfinge. Era exatamente igual. Talvez o plano de Arthur desse certo. Foi quando algo bem ruim aconteceu: Hades, o todo-poderoso deus da morte apareceu em uma grande nuvem de fumaça negra. Ele usava um grande manto negro, que virava fumaça mais abaixo, assim como sua cintura e pernas. Tinha uma expressão de extremo ódio, acho que ele sempre era assim, afinal ele tinha seus motivos.




_ Hora de pagar sua dívida - disse ele à Rachel.
Trinquei os dentes.
_ Só por cima do meu cadáver - repliquei.
_ Isso seria fácil - provocou.
Ele estava na praia, e foi andando lentamente até o mar, Rachel me olhava com uma expressão muito assustada, pedindo ajuda, suplicando para mim manter minha promessa feita anteriormente.
      Como eu odeio esses monstros! Logo agora que eu estava mais desesperado e com pressa de matar ele, ele aumentou a frequência de seus ataques, estava difícil desviar. Quando eu estava bem perto do selo em seu peito, um tentáculo me acertou e eu cai. Joguei o selo para Arthur. Nidhogg me pegou no ar, estávamos eu, Thiago e Ethan juntos.  Olhei para Arthur, quando ele ia encostar o selo no peito do Kraken, ele também foi acertado. Peguei a insignia, e um pégasus segurou Arthur. Hades já caminhava sobre a água.
Voamos para cima do peito dele de novo. E, mais uma vez fomos atingidos. Com o canto do olho vi Hades já no ar, perto do Kraken, erguendo a mão para um golpe. Isso me fez não soltar o selo, e segurá-lo com mais força ainda. Thiago também não o soltou. Fiz uma ultima e desesperadora tentativa. Convoquei o mar, que subiu com grande força, e nos arremessou para cima de novo. Eu e Thiago conseguimos cravar a espada perto do selo, ficando eu de um lado e ele do outro, ambos dependurados.
_ MORRA! - gritamos e cravamos o selo no peito do Kraken.
Aquilo se desfez, não era mais madeira, mas agora pura energia, que, quando encaixou com o selo do peito do Kraken, fez uma explosão em forma de anel, nos arremessando para longe. O mar nos pegou mais uma vez, e logo eu me pus de pé na praia e comecei a observar de novo.
_ Ainda não acabou! - gritou com ódio Joe, e ele sumiu em uma fumaça negra.
O Kraken se debateu, o selo brilhava. Ele começou a derreter, e deu seu último guincho de ódio, antes de sumir para sempre.
_ Hmpf - resmungou Hades. - eu poderia acabar com vocês agora mesmo, mas você e seu futuro me interessam... Vocês são seres humanos um pouco menos insignificantes, algo em vocês me intriga, e acho que logo logo vou descobrir o que é, e, quando isso acontecer ai poderei acabar com vocês. - Ele deu uma última risada e sumiu novamente.
Caí de joelhos. Tinha acabado, quer dizer, praticamente, mas agora estávamos muito mais perto da vitória. Nos abraçamos, e nos parabenizamos.
      _ Você realmente cumpriu sua promessa - disse Rachel.
      _ É, é o que cavalheiros e bons garotos devem fazer.
    _ Ei, os dois pombinhos - disse Arthur. - Temos que voltar para Roma, talvez ainda precisem de nossa ajuda lá.
   Quando voltamos para a cidade, a guerra já havia acabado. E os campistas haviam vencido.
Thiago já havia me contado sobre Ethan, e eu contei a ele sobre Laio, mas agora devíamos esquecer aquilo, tínhamos vencido!
O exército olhou para nós com apreensão enquanto pousávamos. Alfeu olhou para mim. Fiz um sinal de positivo com a cabeça. Ele sorriu e uma onda de aplausos começou.
Arrumamos as coisas e voltamos cada um para seu país e acampamento respectivo. Esse tinha sido um dos melhores verões da minha vida. Não, o melhor verão da minha vida.


quarta-feira, 19 de setembro de 2012



Φ  Capítulo XIX - Resolvo um assunto com uma velha amiga – Gabriel








Lá estava ela: a dracaenae. No topo da colina, com seu olhar com mais ódio que da outra vez em que nos vimos. E suas espadas muito mortais estavam lá com ela também.
Ela sibilou.
_ Essstava esperando por esssse momento com muita ansssiedade.
_ Bom _ disse eu. _ eu não queria te matar, mas já que você insiste...
Ela espumou de raiva e veio para cima de mim. Se ela fosse uma humana, ganharia do Usain Bolt fácil, ela cruzou os cem metros que nos separavam em uns cinco segundos, isso desviando de todos que estavam em seu caminho.
Ela atacou. Defendi e minha espada encontrou a dela. Plín!  Ela atacou com a outra e eu defendi também.
_ Não vou deixar isso encostar em mim de novo! _ exclamei. _ Você teve sua chance quando me pegou de surpresa em relação à força dela, mas não aproveitou, agora, nem adianta tentar.
Ela sempre atendia às minhas provocações, ficava com mais raiva, e mais descuidada em seus ataques também. Tudo o que eu queria. Mas eu teria de acabar com ela em um golpe certeiro, pois um que eu acertasse e não fosse fatal, ela recobraria a sanidade e fecharia sua guarda novamente.
_ Sua mão devia ser uma cobra cega paralítica! _ provoquei.
E mais uma vez ela atendeu e atacou com um golpe com as duas espadas, eu desviei e pus o pé em sua “perna” fazendo ela cair.  Eu a golpeei em pleno ar, espetando a espada para baixo, mas, em um reflexo, ela girou e defendeu. Tudo isso em um piscar de olhos.
Ela ficou precavida de novo, não atacava mais sem pensar. Não atendia às minhas provocações mais, estava mais rápida, e defendia melhor. Eu havia perdido minha chance, e, agora eu teria que fazer do jeito mais difícil.
Em um dos golpes, sua espada cortou meu braço, só de passar raspando, já abriu um corte considerável em minha pele, aquilo ardia, aquelas espadas não eram normais. Eu deveria redobrar o cuidado para não ser atingido.
Investi de novo, ela defendeu e contra-atacou, com o escudo eu defendi e com outro movimento, joguei uma de suas espadas para o alto. Ela caiu ao nosso lado, fincando-se no chão.
  Ela sibilou. A outra espada que antes era negra, agora, tornava-se cinza, como se as duas tivessem que estar na mão de uma só pessoa para terem poder. Mas não fui muito confiante a essa ideia, pois, se o poder dela ainda estivesse ali, e eu descuidasse, morreria em um golpe.
Enquanto eu pensava isso, eu olhei para a espada que estava no chão. Quando fui olhar para cima, aquela visão de um mundo em guerra retornou, mas dessa vez, eu reconheci uma coisa: Joe, meu antigo diretor e mais novo arque-inimigo. Ao lado dele uma mulher ajoelhada com a cabeça para baixo e amarrada. Ele ria, o barulho da guerra continuava.
Quando voltei a mim, eu estava no chão e a dracaenae já estava com a espada rente ao meu peito fazendo um ataque. Defender era impossível naquele instante. A única coisa que podia ser feita era rezar por um milagre.
E, foi mais ou menos isso que aconteceu. A espada, assim que me tocou, se quebrou, comprovando minha especulação anterior de que elas não tinham poder se separadas. A outra, que estava bem ao meu lado, ainda fincada no chão, também se partiu, e a dracaenae ficou sem armas.
Me pus de pé, e ataquei. Ela desviava, e ia recuando, alguns monstros se punham na frente, mas eu acabava com eles facilmente, era o fim dela e ela sabia disso. Ela começou a “correr” se é que podemos dizer assim, fui atrás sem pensar, alcancei ela no topo da montanha, estava tudo muito escuro pois era de madrugada.
Consegui segurá-la pela armadura. Pus a espada em seu pescoço e perguntei:
_ Onde está Joe?
_ Como se eu soubesse... _ respondeu ela com um tom de desinteresse.
Fui apertando a espada, onde a ponta dela perfurou, um pouco de sangue verde saiu de lá. Ela​ gemia de dor. Tirei a espada de lá, e pus no braço, fui cortando lentamente, me senti um torturador naquela hora, não gostava daquilo, mas eu precisava saber onde Joe estava.
_ Tudo bem _ disse ela às pressas _ ele está perto de Fiumicino, está na praia.
Então  eu tirei a espada do braço dela e dei um corte fatal, ela foi virando pó e deu seu último grito de ódio.
Voltei para o meio da batalha, chamei Athur.
_ Temos que sair daqui _ eu disse a ele.
_ Por que? Ir para onde então?_ perguntou ele.
_ Acabei de descobrir onde Joe e o Kraken estão, é em uma cidade aqui perto, ele está no litoral, provavelmente com o Kraken.
Ele fez um sinal e Rachel veio para junto de nós. Contei tudo a eles e avisamos Alfeu.
Ainda bem que os pégasus estavam lá ainda. Montamos neles e rapidamente chegamos no litoral. Estava amanhecendo, e, assim que descemos, eu vi uma das coisas que mais me deu medo na vida: o Kraken.

domingo, 2 de setembro de 2012






Φ  Capítulo XVIII: Luto com um monstro “7 em 1”   Thiago Φ








      Eu estava muito, mas muito mesmo querendo rir da cara de Gabriel, ele ficara vermelho de ciúmes. Mas naquele momento, não era lá a situação, já que tinham apenas três dragões nos perseguindo.
       A todo momento eu sentia labaredas esquentando minhas orelhas, e elas só não me queimavam inteiro porque Nidhogg se desviava. Estávamos muito rápidos, atirar flechas não daria certo, o vento era muito forte, iria nos deixar completamente sem mira.
     Nidhogg estava cansando, afinal, ele havia voado da Rússia até o Egito, depois até Roma, tudo isso, com uma pequena quantidade de descanso, isso cansaria qualquer um.
     Um dos dragões voava abaixo de nós, ele estava querendo tomar a nossa frente para nos encurralar. Foi quando tive uma ideia. Abaixei o mais próximo do ouvido de meu dragão, disse-lhe para ficar atento a mim, e me pegar se alguma coisa desse errado. Ele bufou afirmando que sim. Então, eu me soltei dele, e caí, e, como eu pensava, nas costas do dragão. Me segurei o mais que pude, ele se remexia, virava de cabeça para baixo, mas eu não soltava.
     Todo dragão tem um órgão dentro da garganta, que é o que garante fogo a ele, e é um dos órgãos vitais. O mais fácil de ser golpeado em um dragão. Então, eu peguei alguns ganchos para escalada que eu tinha na minha mochila, amarrei uma corda, finquei nas costas do dragão e me dependurei.
     Meu braço não alcançava, e eu estava dependurado. Fui me balançando, o que não era fácil devido ao vento, que em um dos meus balanços, quase me jogou direito na boca do dragão.
     Eu estava cada vez mais perto de alcançar sua garganta. Depois que esse órgão é destruído, o dragão tem mais alguns minutos de vida, e não mostra resistência quando alguém tenta domá-lo, portanto meu plano era o seguinte: depois que eu o condenasse à morte, eu voltaria às suas costas e voltaria à Nidhogg.
     Seria o plano perfeito, se, na hora que eu perfurei sua garganta, ele não tivesse dado um giro, me lançando de suas costas. Mas eu o tinha acertado, fogo com sangue caía dele. Menos um. E, dei um grito e rapidamente Nidhogg me pegou em pleno ar. Agora, faltavam dois, não, um. Eu estava vendo só um.
      — Ei — protestei. — Cadê um dos dragões?
      — Acha que agente ficou só te olhando? — perguntou Ethan.
      Peter assentiu.
     — É cara, o Ethan acertou uma bomba que era ponta de uma das flechas bem na boca do dragão que, sem querer, a engoliu.
      — E por que eu não vi a explosão?
   — Porque ela não atravessou sua pele — disse Ethan. — Mas foi o suficiente para matá-lo.
     Eu ia falar mais alguma coisa, mas meu dragão de estimação fez um loopnos deixou cair. Assim que terminou o loop ele estava cara a cara com o último dragão. Ele fez espetinho dele com apenas uma baforada. Então, veio nos buscar de novo.
      — Boa manobra, garoto — disse eu.
      _ Grr — “disse” ele alegre.
     Nós estaríamos congelando se Nidhogg não mantivesse sou corpo quente constantemente. Eu estava esperando que Nidhogg nos levasse para o lugar certo, ele era o único que poderia nos levar lá, afinal, nem eu nem meus amigos jamais estivéramos no... como é mesmo o nome onde a Medusa ficava? Ah, sim, Tártaro. Eu ainda estava me acostumando à esses termos gregos.
     Voamos por toda a noite, e, ao amanhecer, Nidhogg pousou perto de uma montanha. Ele ficava batendo a pata nela, como se tivesse alguma coisa nela.
Resolvi ver, e, assim que eu toquei em uma pequena saliência, um pedaço de rocha se mexeu e deu passagem à um túnel. Com certeza Nidhogg não cabia lá, mas , assim que chegamos ao final desse túnel, lá estava ele bem atrás de nós.
    O túnel nos levou a uma grande caverna, onde haviam muitas pessoas andando, sentadas, lendo jornais. Havia também uma fila, até onde podia ver-se um precipício O que todas aquela pessoas faziam lá? Eu até tentei perguntar, mas elas nem ligavam para mim. Coisa que eu não entendi até observar bem uma delas. Eu podia ver através delas. Elas na verdade, eram fantasmas, esperando pelo barqueiro para levá-las ao tártaro.
     Fui até a beira do que eu achava que era um precipício, mas, na realidade, era um rio negro, que passava por ali. Ouvi um sino, ao longe, na névoa densa que cobria o rio.
    De repente, uma pequena luz, de um lampião preso à proa de uma pequena embarcação, surgiu no meio da névoa. Assim que ela apareceu toda, vi um esqueleto, coberto com uma capa preta estava remando, guiando o barco.



    Então, ele parou onde a fila de fantasmas estava. Alguns foram embarcando eu tentei também, mas ele me impediu e estendeu a mão. Queria pagamento. Mas é claro! Para isso tínhamos pegados algumas... nossa, como estou ruim de nomes gregos. Ah, sim, algumas dracmas. Moedas de ouro que os gregos usavam para pagar várias coisas, inclusive uma viagem ao sub-mundo. Peguei três dracmas e dei a ele. Nidhogg tentou entrar, mas ele impediu novamente, mostrando dois dedos para mim.
      Entendi o que ele quis dizer: Nidhogg custava duas dracmas para ir, acho que porque ele era meio grandinho e um pouco gordo também.. Embora eu achasse que assim que meu dragão entrasse no barco ele afundaria, eu dei as duas dracmas ao barqueiro. Nidhogg entrou, além de caber naquela minúscula embarcação, ele não a afundou, claro que para ele sentar teve de esmagar alguns fantasmas, mas eles não reclamaram.
      _ Medusa _ eu disse.
    O barqueiro estremeceu, como se tivesse entendido o que eu dissera. Fomos adentrando em meio à névoa, até que uma grande luz no fim do túnel apareceu. Na hora eu lembrei de uma frase: quando estiver morrendo, nunca, nunca vá na luz do fim do túnel. Acho que agora eu descobrira da onde essa frase foi tirada.
      Assim que chegamos à luz, o rio não estava mais no chão, ele ficava no ar, e ia fazendo vários caminhos, um deles, o maior, era o principal e levava até três grandes portões.
     Abaixo de nós, um grande lago de lava, com algumas pedras flutuando, mas eu tinha certeza que tinha poucos momentos de existência, pois logo, seriam derretidas pela lava, ou seja, nada de cair.
      No rio, passavam alguns objetos passavam flutuando ao nosso lado. Era o rio dos sonhos perdidos, frustrados, nunca realizados. Cada coisa daquela, era um sonho de uma pessoa que agora estava morta. Aquilo me fez arrepiar a espinha.
     Quando olhei uma das subdivisões do rio, ela dava a um palácio, muito, mas muito grande. Mas sua fachada, não era das mais bonitas, tinha um jardim, com flores murchas, e árvores mortas. Mas o palácio em si, era bonito, quer dizer, da maneira dele, era bem limpo, brilhava até, era normal, se não contarmos os pontos de terem “porta-tochas” feitos de ossos humanos, e os detalhes serem todos de ossos também. Ele era todo branco, mas um branco já desbotado, o que deixava um ar de mal-assombrado, embora estivesse bem cuidado.
     Graças aos deuses passamos direto e não descemos naquele palácio. Podia jurar que vi uma mulher cuidando dos jardins, embora fosse inútil pois eles estavam mortos.
      Fomos mais um pouco, até que paramos em frente à uma caverna. O barqueiro fez um sinal com a mão e nós descemos, ele acenou se despedindo, com expressão triste, não sei dizer se era por causa do serviço dele, por ele não gostar de ficar levando pessoas mortas pra lá e pra cá, ou por causa de nós, por achar que nós iríamos morrer e que ele não ganharia mais cinco dracmas para nos levar de volta.
      Assim que descemos, sacamos as armas. Um cheiro horrível saiu lá de dentro. Era horrível demais. O cheiro era como se o esgoto tivesse se perfumado com um exército de gambás, e tivesse comido alguns queijos podres, quando eu digo alguns, eram algumas toneladas.
      Tive que respirar pela boca, logo depois que adentramos um pouco, pois a partir dali, se tornara um cheiro insuportável. Eu até descreveria, mas teriam de existir mais umas duas mil coisas muito fedorentas no mundo para chegar perto do que eu estava sentindo.
    Minha pele começou a secar, o ar foi ficando meio verde. Quando estávamos perto de uma porta, o ar poluído fez um pequeno corte em meu rosto. Tentei respirar pelo nariz, mas foi como esvaziar uma garrafa d'água dentro dele, aquilo ardeu muito o que fez eu me arrepender na hora.
      Assim que pisamos dentro do local onde a porta dava, um barulho horrível, como se uns 10 dragões guinchassem ao mesmo tempo. Eu errei por pouco. Assim que olhei para um lado escuro, vi surgir sete cabeças de dragão.
Isso já tinha me surpreendido, o que sete dragões estariam fazendo ali? Seriam os guardas da medusa? Mas o que mais me surpreendeu, foi o fato de essas cabeças estarem ligadas a um só corpo. Esse nome, Peter fez o favor de me lembrar:
      _ Hi...Hi _ ele gaguejou. _ Hidra.
     _ Aquela Hidra ? _ perguntei eu com esperança de que fosse apenas um apelido para algum bichinho inofensivo.
      Peter fez que sim com a cabeça.
     A Hidra, era um monstro muito grande, do tamanho de um ônibus, toda verde, meio acinzentada, com escamas grossas. Sete cabeças, sendo que a do meio, a maior, mais forte e robusta. Garras afiadíssimas em todas as quatro patas do tamanho de um pneu de ônibus cada uma. Uma cauda com um ferrão na ponta, que parecia que atravessaria blindagem de tanque facilmente.





    Sacamos nossas armas. Não esperávamos por aquilo, não podíamos demorar, muito menos nos ferir, pois logo a frente, teríamos de enfrentar medusa.
     A hidra soltou um gás da boca, mas ele não era totalmente gasoso, estava meio líquido também. E, aonde aquele líquido caiu, até as rochas corroeram.
      Ótimo _ pensei _ um monstro com sete cabeças, que cospe ácido. Era tudo o que precisávamos antes de enfrentar um outro que só de olhar você vira pedra.
      A situação não era nada animadora, as sete cabeças atacavam ao mesmo tempo, o que tornava muito difícil defender ou esquivar. A cada ataque, suas bocas passavam mais perto de nos morder.
     Até que resolvi fazer a coisa mais idiota do dia: cortar uma das cabeças. Assim que ela investiu de novo, eu cortei, na altura do pescoço, a cabeça que veio para cima de mim.
   A hidra guinchou, um pouco de líquido verde escorreu de lá. Mas, rapidamente, duas tomaram o lugar daquela. Como eu havia me esquecido dessa parte? Essa parte assim, sem importância, só uma das principais características da Hidra. Mas havia mais alguma que eu não estava conseguindo lembrar, mas o monstro me fez esse favor.
     A cabeça principal cuspia fogo, e, todo o gás que ficara no ar devido às suas baforadas anteriores de ácido, se inflamou e pôs fogo em todo o local onde estávamos, quase nos assando vivos.
      _ É isso! _ exclamei.
     Peter e Ethan me olharam com uma cara desconfiada e sem entender nada.
      _ Nidhogg, assim que eu cortar uma cabeça, você põe fogo no local, para cicatrizar e impedir que nasça outras duas.
       Ele assentiu.
    Então, parti para cima, desviei de dois ou três ataques e cortei uma cabeça. Nidhogg, no mesmo momento, pôs fogo naquele pescoço, que cicatrizou na hora, e não nasceram duas cabeças naquele lugar. Agora, faltavam mais sete.
      Nós três atacávamos, para chamar a maior atenção possível, e, assim que possível, cortar mais uma cabeça. Aí, Nidhogg entrava em ação e fazia sua parte.
   Eu estou narrando assim, como se fosse fácil, mas, na verdade, só conseguimos cortar mais duas restando cinco ainda. A cabeça principal, se irritara, e seu fogo era praticamente constante, nos dando um intervalo muito pequeno para atacar. Tempo insuficiente para conseguir arrancar mais uma cabeça.
     Estávamos perdendo tempo, não podíamos demorar. Havíamos deixado Gabriel, Rachel, Arthur e Laio sozinhos contra um exército, mais uma criatura lendária que podia derrotar tudo e todos.
      Tentamos várias coisas, nos separar e atacar cada um por um local, todos pelo mesmo, tentamos até fazer ela acertar a si própria com o fogo. Mas nada deu certo. Aquilo era frustante e desesperador. Como eu derrotaria Medusa se não dava conta nem mesmo de seu guarda?
     Foi quando tive uma ideia. Percebi que a Hidra era bem lenta para se locomover, e Nidhogg era bem rápido. Então, eu me aproximei dele e contei meu plano.
        _ Ei, pessoal _ chamei. _ Subam em Nidhogg, AGORA!
      Eles não discutiram, rapidamente, lá estávamos nós nas costas dele e voando para a próxima porta. A partir daí, meu plano deu errado. A hidra era muito rápida. E se pôs à nossa frente antes mesmo que chegássemos à porta. Então Nidhogg subiu, para não bater na hidra. Foi quando eu tive outra ideia. Peguei um escudo e me soltei dele enquanto ele subia mesmo.
      Coloquei ele na minha frente em quanto caía, me protegendo do fogo, e, assim que cheguei na altura, espetei minha espada no pescoço da cabeça principal, e o rasguei em dois. Mas, a cabeça do meio era imortal, não adiantava arrancar, queimar, cortar, explodir, fatiar. Nada. Então, logo ela começou a se regenerar, mas era lentamente, o que nos dava prazo para tentar arrancar as outras cabeças.
   Tínhamos cinco minutos? Três? Talvez menos. Não sabíamos, mas estávamos agindo o mais rápido possível. Eu cortei uma e Nidhogg a selou. Peter uma, e Ethan uma. Restavam duas: a principal, que acabara de se regenerar, e mais uma que estava espumando de tanto ódio.
     Agora o fogo era incessante, e, com a ajuda da outra cabeça que restara, ele era mais forte ainda, devido aos cuspes ácidos. Tentei ir com a mesma estratégia de ir defendendo o fogo com o escudo, mas, ele era muito forte. Fui lançado sobre uma pedra.
      Se pelo menos o filho de Poseidon estivesse aqui... Não, eu tinha que me virar, não podia ficar dependendo tanto dos outros assim.
    Convoquei toda a força que havia em mim, e atirei a espada, e, para a minha surpresa, ela resistiu ao fogo e atravessou a garganta da cabeça principal, cessando o fogo. Peter e Ethan foram logo para cima , cortando a última cabeça o mais rápido que eles puderam.


    Eu sabia que a última cabeça, se eu a arrancasse, iria apenas “colar” de novo, não iriam nascer duas no lugar. Então, puxei minha espada de seu pescoço, e arranquei aquela cabeça. Ela caiu no chão, e logo, seu pescoço a procurava. Tratamos logo de sair dali.
    Fomos adentrando em um túnel, com um diâmetro bem grande, pois Nidhogg cabia lá folgadamente. Fomos indo, e um som fez minha espinha arrepiar: uma risada. Mas não uma risada normal, como se uma mulher tivesse engolido uma cobra e agora estivesse rindo.
     Chegamos a uma ante-sala, um local bem bonito até, com um tapete vermelho que levava à uma porta menor. Essa sala, se pudesse falar diria isso: Olá! Seja bem vindo! Aproveite o passeio, na sala adiante, está sua morte! Qualquer dúvida dirija-se à senhora Medusa.
       Nidhogg teve de ficar lá nessa sala de espera “lendo algumas revistas”, além de ele não caber na porta, (uma coisa que não seria problema, pois era só ele arrancar tudo e abrir seu espaço) ele não seria de muita ajuda, pois, com certeza olharia nos olhos mortais da medusa, e, eu não queria ter de levar uma estátua de dragão de vinte toneladas para casa. Ele choramingou mas acabou aceitando, depois de eu prometer que daria uma recompensa para ele no final. Eu acho que ele iria querer um cheeseburger. Isso mesmo! Um cheeseburger não, um caminhão. Eu tinha o único dragão que gostava de lanches do Mac'Donalds. Era a comida preferida dele.
     Mas, voltando ao assunto principal, nós entramos naquela porta, e, ela deu numa caverna, muito grande e sombria. Lava corria abaixo de nós, mas, bem abaixo, aquilo parecia o grand cannyon, só que em vez de um riozinho em baixo, um grande lago de lava. Tinha apenas alguns caminhos acima, sustentados por finas colunas de terra, que pareciam que iam desmoronar à qualquer momento. Fiquei feliz por Nidhogg não ter vindo, afinal, ele estava um pouquinho acima do peso máximo permitido, tipo, uma 19,9 toneladas à mais.
     Andamos um pouco por esses caminhos e estátuas começaram a aparecer, de pessoas, monstros, de tudo um pouco. Alguns tinham feições apavoradas, outras de surpresa, alguns nem tinham, foram arrancadas, como se a Medusa não tivesse gostado daquela. Mas todas me davam medo.
   Mais à frente, havia um trono, mas ele estava vazio. Ela sabia que estávamos lá.
      Mais uma risada, e eu pressenti algo e rolei, desviando-me de uma flecha certeira.
     _ Aaah _ Ela berrou às minhas costas. _ Como você viu? Bem, não importa, já, já vocêssss serão maisss algumas essstátuasss de minha coleção. _ ela riu.
    _ Cabeças abaixadas! _ gritou Ethan. _ Olhem apenas para o chão, resistam à tentação!
     Foi quando percebi que meu escudo havia perdido todo o polimento por causa do fogo da Hidra, e agora não refletia mais nada. Como eu veria a Medusa agora? Hora do plano B: meu celular. Ainda bem que ele tinha a tela bem grande, me dando uma visão razoável.
     Mais um som de flecha zunindo no ar. Dessa vez, passou raspando na cabeça de Peter. Vi que ela tinha veneno. Peguei uma lança nas minhas costas, fechei os olhos e atirei.
    Ela soltou um guincho horrível de dor. Eu a havia acertado. Então, vi a lança caindo na lava.
     Saquei a espada e fiquei de olho só no reflexo do meu celular. Agora, tenho de fazer um agradecimento à Ethan, pois, nesse momento, ela parou bem na minha frente, e, eu já estava levantando o olhar quando Ethan pôs a mão sobre meus olhos, um instante antes de eu virar pedra.
     Peter, vendo a situação, golpeou às cegas e a cortou. Ela rastejou para algum outro canto. Mais flechas, mas conseguíamos desviar ou defender.  Então ela partia para o corpo à corpo, sempre nos tentando fazer olhar para seus olhos, mas resistíamos e estávamos mais atentos agora. Senti sua cauda passando em minha perna e espetei a espada nela. Ela tentou se livrar, mas estava bem presa. Peguei uma pequena adaga que carregava, e, pelo reflexo do meu celular, golpeei, mas ela desviou por um centímetro, eu até arranquei algumas cabeças de cobra de seu cabelo.
    Ela se livrou da espada e se escondeu de novo. Ela era rápida, se esgueirava por pedaços de coluna que haviam lá, por baixo de nós, pelo teto. Sempre atirando flechas e, de vez em quando, se aproximando para tentar nos transformar em estátuas. Sempre a feríamos um pouco mais e ela recuava.
     Em um ataque à distância, ela acertou a flecha em meu celular, e , por muito pouco, não acertou minha mão também. Eu era praticamente um peso morto nessa luta, agora que não podia vê-la.
      Mas ela cometeu dois erros: me subestimou e teve excesso de confiança. Ela se aproximou por trás de mim, sendo nada sorrateira, então eu a ouvi e virei dando um golpe certeiro. Arranquei sua cabeça.





      Peter, com a ajuda de seu escudo refletor, jogou um pano sobre a cabeça, e fizemos esse pano de sacola provisória.
     Agora eu observei melhor o corpo dela: era um corpo de mulher, só que cheio de escamas, e tinha uma cauda longa, de uns três metros. Seu arco estava caído lá também, mas resolvi nem mexer, vai que tivesse uma maldição ou algo do gênero.
     Saímos de lá, voltamos à sala onde Nidhogg estava e o pegamos também. Ele me olhava com uma cara de: não se esqueça dos meus cheesebugueres.
    Quando chegamos à caverna da Hidra, lá estava ela de novo, com sua única cabeça, e com mais ódio que nunca, mas dessa vez, ela não deu trabalho. Eu só apontei a cabeça da Medusa para sua cabeça, e, é claro que ela olhou e logo virou uma estátua. Logo depois disso, um símbolo em seu peito brilhou e a estátua virou pó. Nidhogg nos levou voando até a saída, então, economizamos cinco dracmas. Tínhamos de voltar o mais rápido possível. Acho que tínhamos passado uns dois dias lá dentro, pois o tempo no sub-mundo é diferente do mundo normal. Eu estava cansado e com fome, mas resolveria isso assim que chegássemos à Roma.
       Depois de voarmos uma meia-hora em silêncio, Peter suspirou e disse:
   _ Eu... Eu não posso deixar você simplesmente levar essa cabeça lá e derrotar Kraken. Sinto muito.
     _ O … O que? _ perguntei eu perplexo.
     _ Exatamente o que você ouviu. _ disse ele pulando para cima de mim.
    Nós dois caímos e lutávamos no ar. Nidhogg já nos alcançava. A mochila onde estava a cabeça da Medusa se soltou das minhas costas e caiu.
     _ Pega, Nidhogg! _ gritei eu.
    Então ele mergulhou e logo estava com a sacola na boca. Eu continuava a lutar com Peter, em plena queda livre. Tínhamos uns dois minutos até espatifarmos no chão.
     _ Mas, mas por que? _ perguntei melancólico.
    _ Não tem como vocês vencerem, nem os deuses podem derrotar Kraken, e, eu quero ficar vivo depois disso.
     _ Mas você não vai sobreviver nem à essa queda!
     _ É o que você pensa. _ Disse ele abrindo um para quedas improvisado.
   Então, Nidhogg foi rosnar e deixou a mochila cair. Eu a segurei, mas ela estava aberta e a cabeça caiu, fora do pano, totalmente à mostra. Eu a segurei pelos cabelos, e, no movimento de colocá-la de volta, pus a face voltada para cima, e, Peter olhou diretamente nos olhos.
    _ Não! _ eu gritei enquanto Peter se transformava em apenas uma estátua sem vida.
    Ele riu, e foi assim que ele terminou de se transformar. Agora era apenas uma estátua caindo de para quedas, e, por falar em caindo, eu ainda estava caindo em queda livre! Estava a uns cinquenta metros do chão quando Nidhogg me segurou.
      _ Boa garoto _ eu disse.
      Então, olhei para a estátua até ela se espatifar no chão.
      _ Vamos _ disse Ethan à Nidhogg. _ Não temos tempo à perder.
   Assim, voamos até o litoral da Itália, onde uma coisa nos chamou a atenção, logo ao amanhecer: um monstro do tamanho de um estádio de futebol, com tentáculos humanóides de uns cem metros de comprimento cada, isso para jogar baixo, porque eu acho que tinha bem mais.
     E, lá em baixo, bem à frente do monstro três pessoas que logo reconheci: Gabriel, Rachel e Arthur.