domingo, 2 de setembro de 2012






Φ  Capítulo XVIII: Luto com um monstro “7 em 1”   Thiago Φ








      Eu estava muito, mas muito mesmo querendo rir da cara de Gabriel, ele ficara vermelho de ciúmes. Mas naquele momento, não era lá a situação, já que tinham apenas três dragões nos perseguindo.
       A todo momento eu sentia labaredas esquentando minhas orelhas, e elas só não me queimavam inteiro porque Nidhogg se desviava. Estávamos muito rápidos, atirar flechas não daria certo, o vento era muito forte, iria nos deixar completamente sem mira.
     Nidhogg estava cansando, afinal, ele havia voado da Rússia até o Egito, depois até Roma, tudo isso, com uma pequena quantidade de descanso, isso cansaria qualquer um.
     Um dos dragões voava abaixo de nós, ele estava querendo tomar a nossa frente para nos encurralar. Foi quando tive uma ideia. Abaixei o mais próximo do ouvido de meu dragão, disse-lhe para ficar atento a mim, e me pegar se alguma coisa desse errado. Ele bufou afirmando que sim. Então, eu me soltei dele, e caí, e, como eu pensava, nas costas do dragão. Me segurei o mais que pude, ele se remexia, virava de cabeça para baixo, mas eu não soltava.
     Todo dragão tem um órgão dentro da garganta, que é o que garante fogo a ele, e é um dos órgãos vitais. O mais fácil de ser golpeado em um dragão. Então, eu peguei alguns ganchos para escalada que eu tinha na minha mochila, amarrei uma corda, finquei nas costas do dragão e me dependurei.
     Meu braço não alcançava, e eu estava dependurado. Fui me balançando, o que não era fácil devido ao vento, que em um dos meus balanços, quase me jogou direito na boca do dragão.
     Eu estava cada vez mais perto de alcançar sua garganta. Depois que esse órgão é destruído, o dragão tem mais alguns minutos de vida, e não mostra resistência quando alguém tenta domá-lo, portanto meu plano era o seguinte: depois que eu o condenasse à morte, eu voltaria às suas costas e voltaria à Nidhogg.
     Seria o plano perfeito, se, na hora que eu perfurei sua garganta, ele não tivesse dado um giro, me lançando de suas costas. Mas eu o tinha acertado, fogo com sangue caía dele. Menos um. E, dei um grito e rapidamente Nidhogg me pegou em pleno ar. Agora, faltavam dois, não, um. Eu estava vendo só um.
      — Ei — protestei. — Cadê um dos dragões?
      — Acha que agente ficou só te olhando? — perguntou Ethan.
      Peter assentiu.
     — É cara, o Ethan acertou uma bomba que era ponta de uma das flechas bem na boca do dragão que, sem querer, a engoliu.
      — E por que eu não vi a explosão?
   — Porque ela não atravessou sua pele — disse Ethan. — Mas foi o suficiente para matá-lo.
     Eu ia falar mais alguma coisa, mas meu dragão de estimação fez um loopnos deixou cair. Assim que terminou o loop ele estava cara a cara com o último dragão. Ele fez espetinho dele com apenas uma baforada. Então, veio nos buscar de novo.
      — Boa manobra, garoto — disse eu.
      _ Grr — “disse” ele alegre.
     Nós estaríamos congelando se Nidhogg não mantivesse sou corpo quente constantemente. Eu estava esperando que Nidhogg nos levasse para o lugar certo, ele era o único que poderia nos levar lá, afinal, nem eu nem meus amigos jamais estivéramos no... como é mesmo o nome onde a Medusa ficava? Ah, sim, Tártaro. Eu ainda estava me acostumando à esses termos gregos.
     Voamos por toda a noite, e, ao amanhecer, Nidhogg pousou perto de uma montanha. Ele ficava batendo a pata nela, como se tivesse alguma coisa nela.
Resolvi ver, e, assim que eu toquei em uma pequena saliência, um pedaço de rocha se mexeu e deu passagem à um túnel. Com certeza Nidhogg não cabia lá, mas , assim que chegamos ao final desse túnel, lá estava ele bem atrás de nós.
    O túnel nos levou a uma grande caverna, onde haviam muitas pessoas andando, sentadas, lendo jornais. Havia também uma fila, até onde podia ver-se um precipício O que todas aquela pessoas faziam lá? Eu até tentei perguntar, mas elas nem ligavam para mim. Coisa que eu não entendi até observar bem uma delas. Eu podia ver através delas. Elas na verdade, eram fantasmas, esperando pelo barqueiro para levá-las ao tártaro.
     Fui até a beira do que eu achava que era um precipício, mas, na realidade, era um rio negro, que passava por ali. Ouvi um sino, ao longe, na névoa densa que cobria o rio.
    De repente, uma pequena luz, de um lampião preso à proa de uma pequena embarcação, surgiu no meio da névoa. Assim que ela apareceu toda, vi um esqueleto, coberto com uma capa preta estava remando, guiando o barco.



    Então, ele parou onde a fila de fantasmas estava. Alguns foram embarcando eu tentei também, mas ele me impediu e estendeu a mão. Queria pagamento. Mas é claro! Para isso tínhamos pegados algumas... nossa, como estou ruim de nomes gregos. Ah, sim, algumas dracmas. Moedas de ouro que os gregos usavam para pagar várias coisas, inclusive uma viagem ao sub-mundo. Peguei três dracmas e dei a ele. Nidhogg tentou entrar, mas ele impediu novamente, mostrando dois dedos para mim.
      Entendi o que ele quis dizer: Nidhogg custava duas dracmas para ir, acho que porque ele era meio grandinho e um pouco gordo também.. Embora eu achasse que assim que meu dragão entrasse no barco ele afundaria, eu dei as duas dracmas ao barqueiro. Nidhogg entrou, além de caber naquela minúscula embarcação, ele não a afundou, claro que para ele sentar teve de esmagar alguns fantasmas, mas eles não reclamaram.
      _ Medusa _ eu disse.
    O barqueiro estremeceu, como se tivesse entendido o que eu dissera. Fomos adentrando em meio à névoa, até que uma grande luz no fim do túnel apareceu. Na hora eu lembrei de uma frase: quando estiver morrendo, nunca, nunca vá na luz do fim do túnel. Acho que agora eu descobrira da onde essa frase foi tirada.
      Assim que chegamos à luz, o rio não estava mais no chão, ele ficava no ar, e ia fazendo vários caminhos, um deles, o maior, era o principal e levava até três grandes portões.
     Abaixo de nós, um grande lago de lava, com algumas pedras flutuando, mas eu tinha certeza que tinha poucos momentos de existência, pois logo, seriam derretidas pela lava, ou seja, nada de cair.
      No rio, passavam alguns objetos passavam flutuando ao nosso lado. Era o rio dos sonhos perdidos, frustrados, nunca realizados. Cada coisa daquela, era um sonho de uma pessoa que agora estava morta. Aquilo me fez arrepiar a espinha.
     Quando olhei uma das subdivisões do rio, ela dava a um palácio, muito, mas muito grande. Mas sua fachada, não era das mais bonitas, tinha um jardim, com flores murchas, e árvores mortas. Mas o palácio em si, era bonito, quer dizer, da maneira dele, era bem limpo, brilhava até, era normal, se não contarmos os pontos de terem “porta-tochas” feitos de ossos humanos, e os detalhes serem todos de ossos também. Ele era todo branco, mas um branco já desbotado, o que deixava um ar de mal-assombrado, embora estivesse bem cuidado.
     Graças aos deuses passamos direto e não descemos naquele palácio. Podia jurar que vi uma mulher cuidando dos jardins, embora fosse inútil pois eles estavam mortos.
      Fomos mais um pouco, até que paramos em frente à uma caverna. O barqueiro fez um sinal com a mão e nós descemos, ele acenou se despedindo, com expressão triste, não sei dizer se era por causa do serviço dele, por ele não gostar de ficar levando pessoas mortas pra lá e pra cá, ou por causa de nós, por achar que nós iríamos morrer e que ele não ganharia mais cinco dracmas para nos levar de volta.
      Assim que descemos, sacamos as armas. Um cheiro horrível saiu lá de dentro. Era horrível demais. O cheiro era como se o esgoto tivesse se perfumado com um exército de gambás, e tivesse comido alguns queijos podres, quando eu digo alguns, eram algumas toneladas.
      Tive que respirar pela boca, logo depois que adentramos um pouco, pois a partir dali, se tornara um cheiro insuportável. Eu até descreveria, mas teriam de existir mais umas duas mil coisas muito fedorentas no mundo para chegar perto do que eu estava sentindo.
    Minha pele começou a secar, o ar foi ficando meio verde. Quando estávamos perto de uma porta, o ar poluído fez um pequeno corte em meu rosto. Tentei respirar pelo nariz, mas foi como esvaziar uma garrafa d'água dentro dele, aquilo ardeu muito o que fez eu me arrepender na hora.
      Assim que pisamos dentro do local onde a porta dava, um barulho horrível, como se uns 10 dragões guinchassem ao mesmo tempo. Eu errei por pouco. Assim que olhei para um lado escuro, vi surgir sete cabeças de dragão.
Isso já tinha me surpreendido, o que sete dragões estariam fazendo ali? Seriam os guardas da medusa? Mas o que mais me surpreendeu, foi o fato de essas cabeças estarem ligadas a um só corpo. Esse nome, Peter fez o favor de me lembrar:
      _ Hi...Hi _ ele gaguejou. _ Hidra.
     _ Aquela Hidra ? _ perguntei eu com esperança de que fosse apenas um apelido para algum bichinho inofensivo.
      Peter fez que sim com a cabeça.
     A Hidra, era um monstro muito grande, do tamanho de um ônibus, toda verde, meio acinzentada, com escamas grossas. Sete cabeças, sendo que a do meio, a maior, mais forte e robusta. Garras afiadíssimas em todas as quatro patas do tamanho de um pneu de ônibus cada uma. Uma cauda com um ferrão na ponta, que parecia que atravessaria blindagem de tanque facilmente.





    Sacamos nossas armas. Não esperávamos por aquilo, não podíamos demorar, muito menos nos ferir, pois logo a frente, teríamos de enfrentar medusa.
     A hidra soltou um gás da boca, mas ele não era totalmente gasoso, estava meio líquido também. E, aonde aquele líquido caiu, até as rochas corroeram.
      Ótimo _ pensei _ um monstro com sete cabeças, que cospe ácido. Era tudo o que precisávamos antes de enfrentar um outro que só de olhar você vira pedra.
      A situação não era nada animadora, as sete cabeças atacavam ao mesmo tempo, o que tornava muito difícil defender ou esquivar. A cada ataque, suas bocas passavam mais perto de nos morder.
     Até que resolvi fazer a coisa mais idiota do dia: cortar uma das cabeças. Assim que ela investiu de novo, eu cortei, na altura do pescoço, a cabeça que veio para cima de mim.
   A hidra guinchou, um pouco de líquido verde escorreu de lá. Mas, rapidamente, duas tomaram o lugar daquela. Como eu havia me esquecido dessa parte? Essa parte assim, sem importância, só uma das principais características da Hidra. Mas havia mais alguma que eu não estava conseguindo lembrar, mas o monstro me fez esse favor.
     A cabeça principal cuspia fogo, e, todo o gás que ficara no ar devido às suas baforadas anteriores de ácido, se inflamou e pôs fogo em todo o local onde estávamos, quase nos assando vivos.
      _ É isso! _ exclamei.
     Peter e Ethan me olharam com uma cara desconfiada e sem entender nada.
      _ Nidhogg, assim que eu cortar uma cabeça, você põe fogo no local, para cicatrizar e impedir que nasça outras duas.
       Ele assentiu.
    Então, parti para cima, desviei de dois ou três ataques e cortei uma cabeça. Nidhogg, no mesmo momento, pôs fogo naquele pescoço, que cicatrizou na hora, e não nasceram duas cabeças naquele lugar. Agora, faltavam mais sete.
      Nós três atacávamos, para chamar a maior atenção possível, e, assim que possível, cortar mais uma cabeça. Aí, Nidhogg entrava em ação e fazia sua parte.
   Eu estou narrando assim, como se fosse fácil, mas, na verdade, só conseguimos cortar mais duas restando cinco ainda. A cabeça principal, se irritara, e seu fogo era praticamente constante, nos dando um intervalo muito pequeno para atacar. Tempo insuficiente para conseguir arrancar mais uma cabeça.
     Estávamos perdendo tempo, não podíamos demorar. Havíamos deixado Gabriel, Rachel, Arthur e Laio sozinhos contra um exército, mais uma criatura lendária que podia derrotar tudo e todos.
      Tentamos várias coisas, nos separar e atacar cada um por um local, todos pelo mesmo, tentamos até fazer ela acertar a si própria com o fogo. Mas nada deu certo. Aquilo era frustante e desesperador. Como eu derrotaria Medusa se não dava conta nem mesmo de seu guarda?
     Foi quando tive uma ideia. Percebi que a Hidra era bem lenta para se locomover, e Nidhogg era bem rápido. Então, eu me aproximei dele e contei meu plano.
        _ Ei, pessoal _ chamei. _ Subam em Nidhogg, AGORA!
      Eles não discutiram, rapidamente, lá estávamos nós nas costas dele e voando para a próxima porta. A partir daí, meu plano deu errado. A hidra era muito rápida. E se pôs à nossa frente antes mesmo que chegássemos à porta. Então Nidhogg subiu, para não bater na hidra. Foi quando eu tive outra ideia. Peguei um escudo e me soltei dele enquanto ele subia mesmo.
      Coloquei ele na minha frente em quanto caía, me protegendo do fogo, e, assim que cheguei na altura, espetei minha espada no pescoço da cabeça principal, e o rasguei em dois. Mas, a cabeça do meio era imortal, não adiantava arrancar, queimar, cortar, explodir, fatiar. Nada. Então, logo ela começou a se regenerar, mas era lentamente, o que nos dava prazo para tentar arrancar as outras cabeças.
   Tínhamos cinco minutos? Três? Talvez menos. Não sabíamos, mas estávamos agindo o mais rápido possível. Eu cortei uma e Nidhogg a selou. Peter uma, e Ethan uma. Restavam duas: a principal, que acabara de se regenerar, e mais uma que estava espumando de tanto ódio.
     Agora o fogo era incessante, e, com a ajuda da outra cabeça que restara, ele era mais forte ainda, devido aos cuspes ácidos. Tentei ir com a mesma estratégia de ir defendendo o fogo com o escudo, mas, ele era muito forte. Fui lançado sobre uma pedra.
      Se pelo menos o filho de Poseidon estivesse aqui... Não, eu tinha que me virar, não podia ficar dependendo tanto dos outros assim.
    Convoquei toda a força que havia em mim, e atirei a espada, e, para a minha surpresa, ela resistiu ao fogo e atravessou a garganta da cabeça principal, cessando o fogo. Peter e Ethan foram logo para cima , cortando a última cabeça o mais rápido que eles puderam.


    Eu sabia que a última cabeça, se eu a arrancasse, iria apenas “colar” de novo, não iriam nascer duas no lugar. Então, puxei minha espada de seu pescoço, e arranquei aquela cabeça. Ela caiu no chão, e logo, seu pescoço a procurava. Tratamos logo de sair dali.
    Fomos adentrando em um túnel, com um diâmetro bem grande, pois Nidhogg cabia lá folgadamente. Fomos indo, e um som fez minha espinha arrepiar: uma risada. Mas não uma risada normal, como se uma mulher tivesse engolido uma cobra e agora estivesse rindo.
     Chegamos a uma ante-sala, um local bem bonito até, com um tapete vermelho que levava à uma porta menor. Essa sala, se pudesse falar diria isso: Olá! Seja bem vindo! Aproveite o passeio, na sala adiante, está sua morte! Qualquer dúvida dirija-se à senhora Medusa.
       Nidhogg teve de ficar lá nessa sala de espera “lendo algumas revistas”, além de ele não caber na porta, (uma coisa que não seria problema, pois era só ele arrancar tudo e abrir seu espaço) ele não seria de muita ajuda, pois, com certeza olharia nos olhos mortais da medusa, e, eu não queria ter de levar uma estátua de dragão de vinte toneladas para casa. Ele choramingou mas acabou aceitando, depois de eu prometer que daria uma recompensa para ele no final. Eu acho que ele iria querer um cheeseburger. Isso mesmo! Um cheeseburger não, um caminhão. Eu tinha o único dragão que gostava de lanches do Mac'Donalds. Era a comida preferida dele.
     Mas, voltando ao assunto principal, nós entramos naquela porta, e, ela deu numa caverna, muito grande e sombria. Lava corria abaixo de nós, mas, bem abaixo, aquilo parecia o grand cannyon, só que em vez de um riozinho em baixo, um grande lago de lava. Tinha apenas alguns caminhos acima, sustentados por finas colunas de terra, que pareciam que iam desmoronar à qualquer momento. Fiquei feliz por Nidhogg não ter vindo, afinal, ele estava um pouquinho acima do peso máximo permitido, tipo, uma 19,9 toneladas à mais.
     Andamos um pouco por esses caminhos e estátuas começaram a aparecer, de pessoas, monstros, de tudo um pouco. Alguns tinham feições apavoradas, outras de surpresa, alguns nem tinham, foram arrancadas, como se a Medusa não tivesse gostado daquela. Mas todas me davam medo.
   Mais à frente, havia um trono, mas ele estava vazio. Ela sabia que estávamos lá.
      Mais uma risada, e eu pressenti algo e rolei, desviando-me de uma flecha certeira.
     _ Aaah _ Ela berrou às minhas costas. _ Como você viu? Bem, não importa, já, já vocêssss serão maisss algumas essstátuasss de minha coleção. _ ela riu.
    _ Cabeças abaixadas! _ gritou Ethan. _ Olhem apenas para o chão, resistam à tentação!
     Foi quando percebi que meu escudo havia perdido todo o polimento por causa do fogo da Hidra, e agora não refletia mais nada. Como eu veria a Medusa agora? Hora do plano B: meu celular. Ainda bem que ele tinha a tela bem grande, me dando uma visão razoável.
     Mais um som de flecha zunindo no ar. Dessa vez, passou raspando na cabeça de Peter. Vi que ela tinha veneno. Peguei uma lança nas minhas costas, fechei os olhos e atirei.
    Ela soltou um guincho horrível de dor. Eu a havia acertado. Então, vi a lança caindo na lava.
     Saquei a espada e fiquei de olho só no reflexo do meu celular. Agora, tenho de fazer um agradecimento à Ethan, pois, nesse momento, ela parou bem na minha frente, e, eu já estava levantando o olhar quando Ethan pôs a mão sobre meus olhos, um instante antes de eu virar pedra.
     Peter, vendo a situação, golpeou às cegas e a cortou. Ela rastejou para algum outro canto. Mais flechas, mas conseguíamos desviar ou defender.  Então ela partia para o corpo à corpo, sempre nos tentando fazer olhar para seus olhos, mas resistíamos e estávamos mais atentos agora. Senti sua cauda passando em minha perna e espetei a espada nela. Ela tentou se livrar, mas estava bem presa. Peguei uma pequena adaga que carregava, e, pelo reflexo do meu celular, golpeei, mas ela desviou por um centímetro, eu até arranquei algumas cabeças de cobra de seu cabelo.
    Ela se livrou da espada e se escondeu de novo. Ela era rápida, se esgueirava por pedaços de coluna que haviam lá, por baixo de nós, pelo teto. Sempre atirando flechas e, de vez em quando, se aproximando para tentar nos transformar em estátuas. Sempre a feríamos um pouco mais e ela recuava.
     Em um ataque à distância, ela acertou a flecha em meu celular, e , por muito pouco, não acertou minha mão também. Eu era praticamente um peso morto nessa luta, agora que não podia vê-la.
      Mas ela cometeu dois erros: me subestimou e teve excesso de confiança. Ela se aproximou por trás de mim, sendo nada sorrateira, então eu a ouvi e virei dando um golpe certeiro. Arranquei sua cabeça.





      Peter, com a ajuda de seu escudo refletor, jogou um pano sobre a cabeça, e fizemos esse pano de sacola provisória.
     Agora eu observei melhor o corpo dela: era um corpo de mulher, só que cheio de escamas, e tinha uma cauda longa, de uns três metros. Seu arco estava caído lá também, mas resolvi nem mexer, vai que tivesse uma maldição ou algo do gênero.
     Saímos de lá, voltamos à sala onde Nidhogg estava e o pegamos também. Ele me olhava com uma cara de: não se esqueça dos meus cheesebugueres.
    Quando chegamos à caverna da Hidra, lá estava ela de novo, com sua única cabeça, e com mais ódio que nunca, mas dessa vez, ela não deu trabalho. Eu só apontei a cabeça da Medusa para sua cabeça, e, é claro que ela olhou e logo virou uma estátua. Logo depois disso, um símbolo em seu peito brilhou e a estátua virou pó. Nidhogg nos levou voando até a saída, então, economizamos cinco dracmas. Tínhamos de voltar o mais rápido possível. Acho que tínhamos passado uns dois dias lá dentro, pois o tempo no sub-mundo é diferente do mundo normal. Eu estava cansado e com fome, mas resolveria isso assim que chegássemos à Roma.
       Depois de voarmos uma meia-hora em silêncio, Peter suspirou e disse:
   _ Eu... Eu não posso deixar você simplesmente levar essa cabeça lá e derrotar Kraken. Sinto muito.
     _ O … O que? _ perguntei eu perplexo.
     _ Exatamente o que você ouviu. _ disse ele pulando para cima de mim.
    Nós dois caímos e lutávamos no ar. Nidhogg já nos alcançava. A mochila onde estava a cabeça da Medusa se soltou das minhas costas e caiu.
     _ Pega, Nidhogg! _ gritei eu.
    Então ele mergulhou e logo estava com a sacola na boca. Eu continuava a lutar com Peter, em plena queda livre. Tínhamos uns dois minutos até espatifarmos no chão.
     _ Mas, mas por que? _ perguntei melancólico.
    _ Não tem como vocês vencerem, nem os deuses podem derrotar Kraken, e, eu quero ficar vivo depois disso.
     _ Mas você não vai sobreviver nem à essa queda!
     _ É o que você pensa. _ Disse ele abrindo um para quedas improvisado.
   Então, Nidhogg foi rosnar e deixou a mochila cair. Eu a segurei, mas ela estava aberta e a cabeça caiu, fora do pano, totalmente à mostra. Eu a segurei pelos cabelos, e, no movimento de colocá-la de volta, pus a face voltada para cima, e, Peter olhou diretamente nos olhos.
    _ Não! _ eu gritei enquanto Peter se transformava em apenas uma estátua sem vida.
    Ele riu, e foi assim que ele terminou de se transformar. Agora era apenas uma estátua caindo de para quedas, e, por falar em caindo, eu ainda estava caindo em queda livre! Estava a uns cinquenta metros do chão quando Nidhogg me segurou.
      _ Boa garoto _ eu disse.
      Então, olhei para a estátua até ela se espatifar no chão.
      _ Vamos _ disse Ethan à Nidhogg. _ Não temos tempo à perder.
   Assim, voamos até o litoral da Itália, onde uma coisa nos chamou a atenção, logo ao amanhecer: um monstro do tamanho de um estádio de futebol, com tentáculos humanóides de uns cem metros de comprimento cada, isso para jogar baixo, porque eu acho que tinha bem mais.
     E, lá em baixo, bem à frente do monstro três pessoas que logo reconheci: Gabriel, Rachel e Arthur.



2 comentários:

  1. О России доступ к моему сайту?

    Traduzido pelo Google tradutor... uma forma de perguntar em russo....rs

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