terça-feira, 27 de março de 2012






Capítulo X: Um novo destino (Tiago)



Metal e pessoas pareciam passar voando por mim.
Um avião inteiro havia acabado de desmontar em pleno ar 
e as pessoas caíam como chuva.
Lá em baixo, o oceano e uma coluna 
de água subindo em direção às pessoas.
Gabriel!


      _ Thiago!! Thiago!! - a voz de Peter, que parecia chegar de longe - Acorda logo Thiago!
      _ Ele não acorda. – era a voz de Ethan – ACORDA LOGO CARA!
     _ Parem de gritar – disse eu um pouco nervoso, assim que me recuperei – estou com um dor de cabeça e tive o sonho mais estranho que jamais pude pensar em ter.
      _ Você tava meio que tremendo. – respondeu Ethan.
      _ Foi estranho - disse Peter meio preocupado .
      _ E você se importa comigo tanto assim? – perguntei surpreso
    _ Não! – disse ele rindo - Só que você tá me devendo aquele dinheiro e ainda não me pagou, lembra?
     _ Chega de conversa. Vamos dar o fora daqui. As pessoas estão curiosas para saber o motivo de tanto barulho. E por algum motivo penso que estão nos seguindo.
      _ Por que pensa isso? – perguntei.
   _ Quando embarcamos em Bronderslev, uns cinco caras muito pálidos e estranhos embarcaram também e, enquanto você dormia, ele ficaram passando pela nossa cabine o tempo todo.
     _ Eu juro que quando ele tocou no vidro do nosso vagão o lugar fico congelado por um tempo, só com um toque. – disse Peter
    _ Mas não chegamos sequer a Skanderderbarg ainda, como vamos sair daqui? - perguntei.
       _ Vamos pular do trem!! – disse Peter empolgado.
     _ Ah tá que eu vou pular de um trem em movimento, à noite, com uma temperatura bem abaixo de zero. – disse Ethan.
       _ Prefere ficar aqui e lutar contra seres que nem ao menos sabemos o que é? – perguntei a ele.
      _ De acordo com o mapa, se pularmos agora vamos estar a uns três a quatro quilômetros de distância de um vilarejo élfico. Podemos passar por lá e depois continuar a viagem até a cidade mais próxima.
      _ Tá, não tem outra opção mesmo, melhor sairmos daqui antes de chegarmos à próxima estação ou antes deles nos atacarem.


     Juntamos nossas coisas e nos preparamos para sair do trem. Cada um de nós estava usando casacos grossos magicamente feitos. Era tarde da noite e quase todos estavam dormindo em vagões espalhados pelo trem, o que foi muita sorte. Chegamos ao ultimo vagão do trem, ninguém estava lá. Subimos em uma escada que estava no canto e ficamos em cima do trem.
     Andamos um pouco em cima do trem. Claro que isso era extremamente perigoso. Um passo em falso e poderíamos cair. Com o canto do olho vi uma coisa que me assustou. Parei de andar e fiquei olhando para os lados.
     O vento estava muito frio e a neve passava por nós formando uma barreira que não nos deixava ver muito distante. Mesmo assim consegui ver algumas formas vindo em nossa direção.
      _ Temos de sair daqui ou essas coisas, seja lá o que for, vão nos matar.
    _ Esperem até o trem começar a fazer a curva – Ethan estava quase gritando para ser ouvido, por causa do som do vento e do trem - assim ele irá diminuir a velocidade e poderemos ter uma chance de sobreviver.
     _ Uma chance? – disse eu assustado.
     _ É melhor que nada – disse Peter rindo.
     _ Se nós morrermos... – eu disse - eu te mato Ethan!!
   Assim que o trem começou a fazer a curva nós pulamos. Havia uma grossa camada de neve para absorver o impacto. Mas Ethan havia calculado mal. Ele não tinha levado em conta a inclinação do lugar onde pulamos. Assim, quando caímos, rolamos por algumas dezenas de metros.
      _ Você é louco – disse Peter tentando se equilibrar e se colocar de pé. Estava tonto por ter rolado tanto.
      _ Ora, alguém morreu? Não. Então obrigado – respondeu Ethan, enquanto pegava uma lanterna.
      _ Mas vamos morrer se continuarmos aqui, olhem. – eu estava apontando para as cinco figuras que estavam descendo pelo mesmo local que nós. Eram estranhas, meio azuis, grandes, maior que qualquer humano, mas não gigantescos. talvez tivesse de dois metros e meio a uns três metros.
      _ São gigantes de gelo, achei que seu pai havia acabado com eles. - disse Peter
      _ Parece que não com todos. - respondi.
      _ Não dá pra nos vencermos cinco de uma vez só. – disse Peter.
      _ Precisamos de ajuda.
      _ Será que se eu pedir ao meu pai ele nos ajuda? – perguntei a Ethan.
      _ Ele não pode intervir pessoalmente. – respondeu Peter.
      _ Mas e os servos dele? – perguntou Ethan.
      _ Por que tá perguntando isso?
    _ Por causa daquilo, olhem. – assim que olhamos para onde Ethan estava apontando, vimos dois corvos imensos mergulharem na direção dos gigantes.


     _ Hugin e Munin – disse eu – eu estava vendo eles no meu sonho.
     _ Isso significa que seu pai está tentando te ajudar. - disse Peter empolgado.
    Os corvos eram incrivelmente fortes e poderosos. Quando apareceram mataram dois dos gigantes facilmente. Os outros eles mataram sem muita dificuldade também. Enquanto um distraía, o outro simplesmente atacava, dando mergulhos e atravessando cada um deles. Um selo brilhou no meio deles. Assim que mataram o último, todos os outros sumiram virando pó. 
      Os corvos pousaram em uma árvore perto de nós e diminuíram de tamanho, passando de corvos gigantescos a corvos comuns. Os dois deram uma olhada em cada um de nós, soltaram um pio juntos, e saíram voando.


      _ Obrigado pai!! – disse eu.
      _ Bom vamos continuar, foi muita sorte eles estarem aqui, para nos ajudar.
      _ Sorte?!! SORTE?!! Cara, a gente levaria uma surra se eles não aparecessem. Foi muita sorte mesmo. – disse Ethan.
      _ Bom, ainda temos um longo caminho, vamos – disse eu.
     Andamos por vários minutos. Os casacos que nós trazíamos nos aquecia muito mais que qualquer outro, o que era muito importante naquele momento. Isso se dava porque tinham um pouco de poder em cada um deles. O único barulho que se ouvia era o do vento passando por entre as árvores, ocasionalmente um uivo de lobos e o pio de corujas. O pio era horrível. Fazia com que todos nos ficássemos arrepiados.
   Meia hora após termos pulado do trem, Ethan, que estava olhando o mapa, parou e começou a olhar em volta.
     _ Isso é estranho – disse ele bem baixo, mais para si do que para nós – devia ser aqui.
     _ Ethan, o que foi cara, você parece meio preocupado! – disse Peter.
     _ Olhem aqui no mapa, nós não deveríamos já ter chegado?
    Olhamos todo juntos no mapa. Era um mapa antigo, que parecia mostrar onde as pessoas estão em tempo real. Mostrava toda a Europa e, com um toque, ele aproximava a imagem para mostrar uma cidade ou outra coisa assim.
    _ Que legal! Eu não tinha visto isso antes – disse eu surpreso por estarmos vendo a nós mesmos, só que sendo apenas três pontinhos.
     _ Se concentra Thiago, dá uma olhada, - disse Ethan apontando para um local escuro no mapa –. Pelo que mostra o mapa, já devíamos ter chegado. Estamos praticamente em cima dele.
       _ Não seria o contrário? – disse uma voz atrás de nós.
      Antes mesmo de termos nos virado já estávamos com nossas armas em punho. Mas não ia adiantar nada. Já estávamos cercados por cerca de dez figuras encapuzadas, todos com arcos apontados para nós, preparados para atirarem. Eram elfos!

      _ Digam seus nomes e de onde são, ou serão mortos rapidamente.
     _ Meu nome é Thiago, filho do deus Odim, pai de todos. Este é Peter, filho do deus Tyr, e esse é Ethan, filho de Loki.
     _ E o que fazem aqui, um filho de Odim, Tyr e do odiado Loki? – ao ouvir isso Ethan soltou um grunhido baixo.
     _ Estamos investigando o desaparecimento de alguns humanos e de alguns campistas de Bronderslev. Nosso líder de acampamento, Ralgler, nos mandou falar com um homem, Grankov, que nos deu informações, e segundo eles, essas pessoas estavam indo para Berlin.
     _ E por que estão passando por aqui? Seria muito mais rápido terem ido de trem ou de avião. – disse o chefe do grupo
      _ Não gostamos muito de viajar de avião. E no trem, estávamos sendo seguidos por cinco gigantes de gelo e alguns esqueletos.
      _ Vocês os trouxeram para cá? – com um movimento do braço do líder, os arcos estavam novamente apontados para nós.
     _ Espera, calma. Hugin e Munin mataram eles.
     _ Ora ora, – com um novo movimento os arcos foram abaixados – parece que seu pai quer mesmo que você siga com sua missão.
     _ Então você irá nos ajudar ? – perguntou Peter?
     _ Sim. O que precisam? – perguntou o líder.
     _ De um local para dormir e de alguns suprimentos. Perdemos os nossos – respondi.
    _ Nesses tempos nos é proibido levarmos qualquer pessoa as nossas cidades. Mas nós temos acampamentos espalhados por toda parte.
     _ Mas no mapa que temos mostra que aqui é uma cidade. – disse Ethan.
     _ Não é uma cidade, e sim um acampamento.
     _ Mas onde está esse acampamento? É muito longe? – perguntei
     _ Vocês estão embaixo dele.
     Assim que olhamos, percebemos pela primeira vez que havia pequenas cabanas feitas de madeira sustentadas nas árvores.


     _ Isso não estava aí há alguns segundos – disse Peter olhando admirado
     _ É porque estávamos escondendo com um tipo de nevoa semelhante a dos gregos.
     _ Incrível. – disse Ethan.
   _ Vamos! Iremos mostrar a vocês como subirem lá. Arranjaremos seus suprimentos ate amanhã.
   Subir nas árvores não foi um problema tão grande assim. Os elfos tinham construído escadas que ficavam escondidas dentro das arvores e que só saiam quando os elfos “pediam”,e isso ajudou muito a subida.
     As cabanas eram muito maiores do que aparentavam ser por fora. Enquanto a olhávamos só externamente elas não pareciam ser maiores que uma barraca pequena, mas por dentro, eram do tamanho de um apartamento. Até aquário tinha.
      _ Mas o que? – disse Ethan assim que entrou – como isso é possível?
    _ Eu não sei, mas sei que saímos daquele vento – respondeu Peter – o líder deles me disse que vamos dormir nós três aqui.
     _ Será que vamos manter um vigia? – perguntei.
    _ Acho que não é necessário. Elfos podem ser meio enigmáticos as vezes, mas não são assassinos frios. – respondeu Peter – eles não vão nos matar dormindo, ou qualquer coisa do tipo.
     _ Ok. Então vamos dormir. Amanhã teremos um dia cheio!




terça-feira, 20 de março de 2012







Capítulo  IX: A investigação começa (Tiago)





Cidade de Bronderslev

      Do lado de fora, tudo o que se via do acampamento era somente muros, e um portão. A viagem ate Bronderslev foi tranquila, a não ser pelos sinais de que alguma coisa passou fazendo um pequeno, porém visível estrago.
     Fomos atrás do homem que Ralgler dissera que estaria me esperando em minha casa. E estava.
    Era um homem de meia idade, cabelos grisalhos e barba rala. Falava estranhamente com um sotaque Russo e fedia a cigarro. Parecia que não dormia há dias.
      _ Vocês estão atrasados, muito atrasados.
      _ Olá, meu nome é....
      _ Nem precisa falar, Thiago, sei muito bem quem são vocês. Agora vamos entrar, não se sabe se alguém está nos vigiando.
     Entramos na minha velha casa, uma simples casa verde, de dois andares na rua Algade. Parecia que ninguém há muito tempo não limpava a neve da calçada que havia se acumulado com o passar do tempo.
     Lá dentro as coisas continuavam como eu me lembrava. Um longo corredor levava a cozinha e a escada ao lado levava aos quartos. O chão de madeira velho estava um pouco mais desgastado do que antes. Nada parecia estar errado e por um segundo, eu esqueci o porquê de estar ali.
     _ Precisamos saber as informações que você sabe senhor....
    _ Meu nome e Grankov. Só precisam saber disso. Eu estive viajando por muito tempo monitorando qualquer ameaça a qualquer semideus do norte, ou para suas famílias. Minhas investigações de um grupo de monstros que estavam se reunindo não estava tendo grandes resultados. Então tive que pensar grande. Capturamos um semideus, filho de Efesto e conseguimos com ele muitas informações. Uma delas era a de que um semideus grego havia começado uma guerra contra todos. Mas não levamos fé. Em pouco tempo descobrimos que o que ele falou era verdade e que monstros do mundo todo estavam indo se juntar a eles. Perseguimos um grupo. Um trabalho digno dos melhores espiões. Eles nos levaram até um grupo maior, que pelo visto iria começar uma ronda de ataques. Então nos preparamos. Mas eles atacaram antes do previsto, quando não tínhamos protegidos todos.
      _ Quantos semideuses foram raptados?
     _ Raptados?! Hahahaha... A maioria nem lutou. Eles foram convocados a participarem do exército. Somente os humanos foram raptados mesmo.
      _ E para onde eles foram?
    _ Para Berlin. Não sabemos o porquê mas eles estão indo para o leste. Possivelmente estão se reunindo lá pra que ... - ele parou de falar ao ouvir um barulho de passos no teto – tem alguém aqui!! Eles estão aqui!! RáPIDO PARA FORA....
     Assim que ele falou isso, as janelas e as portas estouraram e cerca de cinco fenris e alguns esqueletos de armadura com um símbolo estranho no peito entraram pela porta nos cercando.


 Foi muito rápido, não pude ver qual era. Antes mesmo de que tirássemos nossas armas um dos fenris pulou em direção a Grankov que o matou com um golpe de uma adaga. Enquanto isso os esqueletos, cerca de dez estavam vindo em nossa direção com as armas na mãos. Estávamos prontos para a batalha.
    _ Vamos dançar!! - disse Peter em dinamarquês enquanto já atirava com suas pistolas mágicas.
     Ataquei um dos fenris, mas outros dois já estavam saltando em minha direção e tive que recuar. Enquanto isso Peter e Ethan cuidavam dos esqueletos. Grankov já estava cuidando de outro fenris. Era eu sozinho contra três fenris super bravos.
      Um me atacou, mas fui mais rápido: cortei a lateral do corpo dele. Rolei e vi que outro já estava correndo em minha direção. Dei um forte soco nele com a minha soqueira, fazendo ele parar longe. Mas o último já estava vindo na minha direção, muito rápido. Ele pulou em mim e eu caí, batendo a cabeça no chão. Ele tentava me morder. O que me protegia de ter o rosto dilacerado era o meu escudo.
      De repente, uma adaga apareceu e entrou atrás do pescoço do fenris, que morreu rapidamente. Grankov estava ao meu lado, lutando com o último fenris que havia se recuperado do soco. Me levantei e virei para ver como estavam meus amigos. Seis dos esqueletos já haviam desmontados, mas quatro ainda estavam de pé e lutavam muito bem.


     Ethan estava lutando contra dois. Me aproximei por trás e sem que eles percebessem cortei o crânio deles fora. No entanto eles ainda se mexiam. Eles viraram em minha direção e Ethan aproveitou a oportunidade. Com seu martelo de guerra ele destruiu os dois com um só golpe. Enquanto isso Peter terminava de matar os dois últimos esqueletos.
     _ Agora...– começou Grankov, mas parou assim que ouviu um uivo - temos que nos afastar da cidade o mais rápido possível. Lembrem-se, os monstros foram para Berlin. Sejam rápidos!
    Assim que ele falou nós saímos correndo da casa. Nos separamos. Grankov foi para o centro da cidade e nós fomos para a ferrovia, no leste da cidade. paramos em um beco a cinco quadras da minha casa para recuperar o fôlego e para guardar nossas armas. Não era um boa idéia sair correndo por aí com elas.
     Fomos atrás de um táxi, tentando agir normalmente. Por sorte tudo correu bem. Achamos um táxi que nos levou para a estação, e de lá, compramos uma passagem para Copenhagen.





quinta-feira, 15 de março de 2012






Capítulo VIII: Um sonho (Tiago)




     Estava escuro, parecia o anoitecer. No céu, nuvens encobriam as luzes das estrelas e a lua não brilhava. Estava frio, o silêncio era total.
     À minha frente uma floresta escura, nevoenta, antiga e malévola. Atrás, campos secos, com somente uma árvore, na qual dois corvos estavam parados, quase imóveis, observando.
    Um vulto estava parado à frente das árvores, coberto pelo escuro, não era possível ver quem era. Ele entrou na floresta, eu o segui. Um pio dos corvos quebrou aquele silêncio. Um pio de alerta.
     Andou pouco pelo que pude sentir. Meus passos não eram ouvidos, era como eu se estivesse flutuando. O vulto na minha frente virou e entrou numa clareira onde três criaturas o esperavam na escuridão. Eram 3 vozes, mas somente um brilho de um olhar malévolo: As greias.
     _ Me sinto fraco, cansado. Não consigo mais invocar tantos monstros quanto antes. Por que? Quero que me digam tudo o que sabem!!! – disse o vulto
     _ Você usou muito poder para formar o exército que tem. Mas se esqueceu do principal: os olimpianos não são os únicos deuses desse mundo. Se quer mais poder, procure pelo mundo outras formas,  outros monstros, outros poderes...
     _ Mas lembre-se – agora era outra voz que falava – novos monstros e novos deuses trazem novos inimigos.
     _ Por onde devo começar a procurar esse novo exército então?
     _ No norte!!!!

     Então o sonho mudou. Dessa vez eu estava perto de um lago, rodeado de montanhas. Era o amanhecer.
     As greias,  poderosas bruxas gregas, estavam paradas encolhidas perto de algumas rochas. 
     Três pessoas estavam paradas à frente delas. Um deles foi para frente e foi examinado pela greias: Arthur! Um outro foi para frente, um que usava espada e escudo: Gabriel!
     Um corvo piou e chamou minha atenção para o céu.

     _ ACORDE FILHO... Thiago, acorda! Você tava falando dormindo. Não deu pra entender muita coisa. – era meu professor preferido quem tava falando, Frajhar.
     _ Eu tive um sonho estranho só isso. Só quero voltar a dormir.
     _ Tá bem.Vocês ouviram, todos indo dormir, ele está bem.
     Todos estavam voltando a dormir, estavam apagando as luzes, mas eu não ia conseguir dormir depois de tudo isso. 
     Tinha alguma coisa acontecendo lá fora. Algo ruim.
     Mas eu sei que há amigos desconhecidos lá fora também: GABRIEL.







Férias movimentadas




     Era final de ano e a maioria dos campistas havia ido passar as férias com os pais, porém ainda assim, e já naquela hora havia atividades sendo feitas lá fora.
     Era um fim de ano muito estranho já que todas as defesas haviam sido aumentadas devido a alguns acontecimentos em outros acampamentos. Por eu ser um dos melhores espadachins nórdicos eu e meu amigo Ethan, resolvemos ficar.
     O nosso acampamento ficava ao norte da Dinamarca, a uns 200 km de Bronderslev e abrigava em sua maioria filhos de deuses nórdicos, mas também tínhamos semideuses de outros lugares do mundo.
     Meu nome é Thiago, minha mãe é uma brasileira que havia se mudado para a Europa a procura de uma vida melhor. Mas o que ela não esperava era se apaixonar por um deus, ainda mais por Odin, o maior dos deuses nórdicos. Então basicamente eu falava português, inglês, dinamarquês, grego antigo, latim e várias outras línguas.
     Meu melhor e único amigo, Ethan, era filho do deus Loki, o que é uma ironia, pois Odin e Loki eram inimigos. Havíamos nos tornados melhores amigos na escola, há vários anos atrás. Ele não tinha muitos amigos e não tinha família, assim como eu, que não tinha muitos amigos. Ele também sabia falar português, então nos falávamos sempre que queríamos nessa língua. Isso porque ninguém sabe falar ela nem no acampamento e nem na cidade.
     Levantei-me e fui para o salão tomar café da manhã. Como sempre fazíamos dei em oferenda um pouco do meu café para aqueles que estão em Valhalla.
    Como só tinha de amigo o Ethan, sempre sentávamos longe de todos e sozinhos para comermos. Era melhor assim pois Odin não tinha muitos filhos e Loki não era pra ter nenhum, desde que ele estava preso, por isso ninguém falava com Ethan.



    As coisas começaram a ficar malucas quando um mensageiro veio às pressas falar com o líder do acampamento, um anão chamado Ralgler, sobre um ataque à uma cidade ao sul, e sobre um exército que estava sendo formando de fenris, que são grandes lobos, trolls e gigantes das montanhas.
    Ralgler chamou todos que haviam ficado lá, desde campistas até aos criados:
   _ Nos foi informado - disse ele - que um filho de Ades está reunindo um grande exército, criado com todos os tipos criaturas mitológicas existentes. Segundo Zeus, que nos enviou essa mensagem, eles também estão formando seus exércitos e quer nossa participação na guerra que está por vir. Portanto, quero que mandem mensageiros para todos os campistas que saíram de férias para que voltem imediatamente. Preparem todos os que estão aqui pra uma viagem até Paris. Lá eles estão montando um posto de comando para os guerreiro nórdicos. Agora vão e se preparem.
    _ Thiago, Ethan, fiquem aqui. Temos que conversar – disse o nosso professor de luta, Frajhar.
   Era sempre estranho conversar com qualquer um dos dois. Ralgler era baixo e atarracado, mas também muito forte e resistente. Tinha uma voz grave, cabelos castanho-avermelhado e uma longa barba ruiva. Já Frajhar, era um humano alto, forte, com uma voz um tanto grossa, de cabelos grisalhos e era sempre sorridente.



     
Bom, Ethan e eu também éramos muito diferentes um do outro. Eu sou alto, magro e tenho o cabelo loiro e olhos castanhos, assim como minha mãe.  Ethan, no entanto, era menor que eu, um pouco mais gordo e também mais forte. Mas  não era muito inteligente.
     Frajhar se aproximou e falou:
    _ Recebemos notícias de que os campistas que foram para Bronderslev foram atacados e que alguns familiares deles estão desaparecidos.
     Abaixando a cabeça, mas  sempre continuando a falar ele completou:  
     _ E sua mãe Célia, está entre eles, Tiago.
     Foi um choque ouvir isso. Eu quase perdi o equilíbrio e Ethan teve que me segurar.
    _ Mas - retruquei -  os nossos familiares não tinham defesas contra monstros? Não tinha um grupo para defende-los caso eles precisassem?
    _ Sim, tinha. Mas o grupo de defesa morreu! Vários campistas ficaram machucados, ainda que nenhum tenha morrido, e também nenhum humano morreu.
  _ Chega de conversa – rosnou Frajhar – enquanto vocês ficam ai falando e choramingando, um exército está precisando de nossa ajuda. Precisamos de uma equipe para ir atrás dos que desapareceram. Já que você não vai deixar o desaparecimento da sua mãe só por isso, você e seu amigo, o Ethan vão atrás desses monstros. Para ajudá-los, vocês irão com o Peter Grownser. Agora vão! Vão fazer sua orações e depois vão se armar. Mas não coloquem nenhuma armadura, vocês irão disfarçados. Vocês têm dez minutos.
      Cada um de nós tinha um tipo de arma, a minha era uma soqueira mágica, uma espada de mihtril e um escudo.



As armas do Ethan era um anel que fazia projeções de quem ele quisesse para enganar os inimigos e um martelo quase de seu tamanho.






     Mas as armas do Peter eram diferentes. Ele usava armas de fogo iguais as que os humanos usam. Essas armas, no entanto, eram feitas por anões das montanhas, os melhores ferreiros do norte, comparáveis a Efesto. Eram pistolas que tinham o poder de se unirem com uma palavra e formarem uma só arma com uma precisão impecável.
    Nos arrumamos e saímos o mais rápido que nos foi possível. Todo acampamento estava em movimento. O som ecoando nas montanhas que circundavam o acampamento deixava o lugar extremamente barulhento.
     Fomos ateé às muralhas que bloqueavam a única passagem para o vale. Lá estavam todos os nossos professores armados, com alguns campistas já prontos. Alguns estavam falando com Frajhar, outros com Ralgler, mas só quando nós três nos aproximamos ele começou a falar dos planos.


    _ Vamos pegar uma passagem subterrânea que existe aqui por perto feita há muito tempo pelos anões. Poderemos marchar por ela até as proximidades de Augsburg. De lá seguiremos em um trem até Paris. Os que chegarem depois, o que nesse caso é a maioria, seguirá pelo mar. E se nosso amigo Poseidon ajudar, chegaremos rapidamente a Calais e de lá seguiremos até Paris. Os outros acampamentos, do leste e do norte também já estão em movimento. Já do sul não temos muitas informações, só sabemos que também ajudarão.
      _ E nós senhor? - Perguntou Peter a Ralgler.
   _ Hum! - disse virando-se, parecendo só notar agora nossa presença - Vocês vão primeiro para Bronderslev, e de lá irão mandar notícia se encontrarem alguma coisa. Tomem – disse nos entregando uma bolsa de couro desgastada. - Aí tem um mapa que mostra as entradas das passagens subterrâneas e também um meio de encontrar ajuda se precisarem. Também tem um pouco de dinheiro humano, grego e nórdico, caso precisem. No local de sua casa,Thiago, achará um homem que irá lhes fornecer todas as informações que precisarem. Agora vão e que a bênção dos deuses estejam com vocês.
     Assim que falou isso os portões foram abertos, revelando um mundo praticamente todo branco de neve. Ainda bem que estávamos bem agasalhados. Seria uma longa viagem se um táxi não tivesse vindo nos buscar.



terça-feira, 6 de março de 2012







Φ   Capítulo  VII: Pego um pequeno suvenier  em Cairo - Gabriel   Φ






      E lá estávamos nós mesmo no Egito. Impressionante. A não ser pelo fato de que estávamos no lugar errado, em contagem regressiva para chegarmos à Roma e impedir que um semi-deus louco invocasse um exército de monstros invencíveis.
       — Ele está aqui. Disse Arthur.
       — Ele quem? — perguntou Laio.
      — O semi-deus filho de Hades que quer destruir o mundo. — respondeu Arthur — ah é, você não sabe disso. Vou te contar: tem um cara que está...
     — Invocando monstros lendários para destruir o Olimpo. Já sei. Hugh me explicou a missão. Mas, como você sabe que ele está aqui?
       — Simples. Olhe bem Aquela tempestade ao sul.
    — Ah sim — disse eu — eu vejo uma forma estranha se levantando, como se a tempestade o encobrisse. Temos de ir até lá.
      — Mas, onde é exatamente lá? — perguntou Laio.
   — Nas pirâmides. — disse Arthur. Vocês não sabiam que elas foram criadas para aprisionar um titã antigo?
     — Sabia que aquelas pirâmides não haviam sido construídas por humanos. — murmurou Laio.
     Andamos até a cidade. A cidade não estava do jeito que esperava que estivesse. Havia pouca gente na rua, muitos, mas muitos mesmo caminhões de bombeiro e de polícia andando pelas ruas. Estava um caos completo. Muitos repórteres faziam suas reportagens mostrando toda a destruição. O que causara aquilo?
     Conseguimos achar um táxi. Devido às nossa facilidades divinas, já tínhamos dinheiro de lá nos bolsos. Fomos até as pirâmides. Por incrível que pareça, a situação lá estava pior. Uma das delas estava totalmente destruída. Dos cinquenta metros de altura, agora tinha uns quatro de pé. Entramos.
    A sala em que entramos, era bem grande. Estava com alguns tijolos de uma tonelada no chão, mas dava para vê-la quase que completa. Era coberta em algumas partes por um tapete vermelho com detalhes dourados, esses tapetes formavam alguns caminhos que dava para as portas destruídas. Havia também vários sarcófagos, todos abertos e vazios. Eles eram todos iguais: de ouro com um desenho de um homem segurando uma espécie de bengala, só que menor, e um pequeno bastão. Esses objetos estavam cruzados em seu peito, segurados por suas mãos. Lá dentro, havia também alguns escudos e espadas pendurados nas paredes. Havia também uma pequena esfinge com os olhos vermelhos. Parecia que olhava diretamente para nós. Atrás dela, havia uma grande porta com muitas trancas e cadeados impedindo a passagem de qualquer um.
      Algo me fez pular para trás e sacar as armas: a esfinge piscou. Eu achava que estava ficando louco, mas logo vi que não. Laio e Arthur também haviam sacado suas armas.
    A esfinge se levantou e garras de bronze muito afiadas saíram de dentro de seus dedos. Dentes igualmente afiados apareceram em sua boca quando ela deu uma espécie de sorriso.
      — Uma esfinge sempre guarda algo valioso — disse Laio. — talvez aquela porta...
      — Sim — disse eu — o único jeito de descobrir é...
      — Matando-a — completou Arthur — e é o que vamos fazer.
   Avançamos alguns passos, liberando a porta. A esfinge fez alguns movimentos, distraindo-nos, e , em pouco tempo, quando percebemos, o lugar estava cheio de monstros.     Eles vinham para cima de nós.
    Laio fez de sua lança uma espada e um escudo. Arthur empunhou suas adagas e eu, empunhei minhas tradicionais armas : minha espada e meu escudo.
    Laio e Arthur viraram para trás para enfrentar o pequeno exército que adentrava a sala. Eu era o encarregado de matar a esfinge.



    Pulei para cima dela. Ele se esquivou e pude ver asas de pedra em suas costas. Ela grunhiu e atacou com uma patada. Defendi com meu escudo, mas não consegui contra-atacar devido à força de seu golpe. Caí com um joelho no chão enquanto ela forçava com sua pata em meu escudo. As assas bateram, criando um forte vento que me arremessou contra a parede.
     Bati na parede de costas e caí no chão. Quando estava levantando, vi que o exército aumentara e que Laio e Arthur estavam perdendo o controle. Investi mais uma vez mas foi inútil. A esfinge fechou suas asas na sua frente, defendendo meu golpe. Ela deu um pequeno voo e caiu em cima de mim. Usou suas patas para imobilizar meus braços. Tentei sair mas não conseguia, quando virei minha cabeça, a única coisa que eu conseguia mexer, para pedir ajuda, vi que Laio estava no chão e que Arthur já estava praticamente imobilizado.
      Quando pensei que havíamos perdido, que iríamos ser mortos, o chão rugiu e, abriu uma espécie de buraco, de onde saíram muitos adolescentes, todos prontos para a luta. Uma visão que me deixou feliz e aliviado. Mas, o que me deixou mais feliz foi quando a última pessoa saiu e eu logo reconheci: Rachel.

  
   Lá estava ela, exuberante, sem nenhum ferimento, totalmente curada e principalmente, bem viva.
     — Rachel ! — gritei.
    Ela olhou para mim no mesmo instante e a esfinge saltou de cima de mim devido à tamanha surpresa que esse ataque causara. Aproveitei o momento para atacar. Com a espada, ataquei. Mais uma vez ela fechou suas asas para se defender, mas agora eu estava bem de novo, com todas as minhas energias recuperadas. Atravessei sua asa e ela se esfarelou.
     Rachel veio para me ajudar. Percebi que ela tinha uma arma nova: Uma foice dupla. Essa foice era curta. Apenas um pequeno cabo juntava as lâminas.
     A esfinge levantou uma parede de areia e dela, saíram vários espinhos de areia diretamente para nós. Conseguimos nos defender. Eu com meu velho escudo e Rachel com seu novo. Investimos juntos. A esfinge se defendeu e recuou. Rachel fez um movimento, e de dentro do pequeno cabo onde ela segurava, começaram a sair correntes, pendurando as lâminas nelas. Rachel girou aquilo e arremessou. Um grande círculo prata foi rodando para a direção da esfinge e enrolou-se em suas pernas, derrubando-a e deixando-a indefesa.
     O exército inimigo estava com pouco mais de dez integrantes e estavam cercados. A vitória era nossa. Fui até a esfinge. Ela se debatia para tentar se livrar das correntes, mas não iria conseguir.

     Peguei a espada e cortei seu pescoço. Ela foi se dissolvendo em areia e sumindo. A areia em que ela se transformou se mexeu de novo e criou um artefato no chão: uma coisa de madeira igual à das tatuagens dos monstros com os quais eu lutara. Peguei e pus na mochila.
      Fui em direção à porta e destranquei todas as trancas e cadeados e a abri. Enquanto a porta se abria uma luz dourada começou a sair de lá de dentro, mas, quando ela se abriu totalmente, a luz cessou e mostrou uma sala escura e sem nada dentro.
    Assim que a porta se abriu totalmente, o lugar começou a tremer, as paredes que restavam começaram a cair em cima de nós. Os escudos nas paredes giraram e mostraram arcos carregados “até os dentes” com flechas. Eles se viraram em nossa direção e começaram a atirar. Corremos em direção à porta. Ela começou a se fechar, mas todos conseguiram sair de lá de dentro. Alguns estavam feridos.
     Assim que a adrenalina baixou, lembrei de Rachel e fui até ela. Ela estava sentada em uma pedra afastada dos outros. Quando ela me viu ela se levantou e me deu um beijo. Assim que ela parou, ela me deu um sorriso e me abraçou.



      — Você não sabe a falta que fez — disse a ela. — quase morremos. E, por falar em morte, você não estava morta?
        — Não exatamente — disse Rachel — Nós estávamos meio mortos meio vivos.
        — Como assim?
    — Nós estávamos mortos de corpo, sem batimento cardíaco, nenhum orgão funcionando, mas estávamos vivos na essência, algo que fica dentro da alma e, se vocês fizessem a cerimônia nós serviríamos de sacrifício vivo e aí sim, morreríamos de verdade. Nós fomos levados ao mundo inferior antes que vocês fizessem a cerimônia, graças a Perséfone não estamos mortos, foi ela quem convenceu Hades a nos tirar de lá e nos salvar.
     — Me lembre de fazer uma oferenda a ela.
     — Gabriel, quando eu me vi no mundo inferior, achando que estava morta, senti tanto a sua falta, não queria te perder, por favor, me jure que você não vai me deixar, a não ser que você morra.
     — É o que eu mais quero, ficar ao seu lado para sempre.
     Ela me abraçou e deu um beijo de novo.
     — Obrigada, Gabriel.
     — Agora, é melhor você ir ver Arthur, ele também sentiu sua falta.
     — Ah sim, claro. Vamos lá?
     Nos levantamos e voltamos para a frente da pirâmide. Arthur estava no meio de todos.  Assim que ele viu Rachel ele a abraçou bem forte.
      — Nunca mais morra assim, viu? — disse Arthur bastante emocionado.
      — Pode deixar — disse ela rindo.
    Eu saí de perto dos dois e fui até Laio. Ele estava sozinho. Parecia conversar com alguém, vi um pedaço de uma mensagem de Íris, mas não deu pra ver com quem conversava. Assim que me viu ele passou a mão na imagem. Ela tremulou e desapareceu.
       — Hã, com quem estava falando? — perguntei eu.
    — Estava apenas dando relatórios — disse ele parecendo desconfortável. — Mas, então, que dia partimos?
      — Amanhã de manhã. Você está pronto?
      — Eu nasci pronto — disse ele com um sorriso confiante.
     Saímos e voltamos à cidade. Pegamos um táxi e fomos à Cairo, que já estava bem menos caótica, embora ainda estivesse quase que totalmente destruída e tivesse alguns focos de incêndio, mas já sendo controlados pelos bombeiros.
    — O que foi que passou aqui? — disse Rachel boquiaberta. — um furacão? Um terremoto?
       — Não — disse Arthur.
       — Um titã — completei. — Nosso tempo está acabando. Temos que correr.
     Nós estávamos andando por uma das ruas do Cairo em um táxi, quando o inesperado aconteceu. O chão explodiu, arremessando o táxi, e o fazendo capotar. Eu e meus amigos saímos rapidamente de dentro dele. Armas em punho. Quando a fumaça se dissipou e eu vi o que era, já era tarde. O centauro que eu vira em meu sonho estava bem ali, Nesso era seu nome. Ele estava com quatro flechas prontinhas para serem lançadas, todas de uma vez.



      Ele riu e soltou as flechas, cada uma veio na direção de um de nós. Antes um pouco de chegar na gente, elas se transformaram em cordas com pesos em ambas as pontas. Aquilo se enrolou em nós, prendendo-nos. Ele guardou o arco, nós estávamos caídos de costa devido à força que os pesos fizeram para trás no momento do impacto.
     Agora, eu tinha certeza que íamos morrer. Tentei olhar para Rachel, mas ela estava atrás de mim, e eu estava bem imobilizado, nem Arthur nem Laio esboçavam reação.
    Nesso sacou uma adaga, e veio para cima de nós. Um pouco antes dele chegar, uma forma, algo que eu podia ver apenas com o canto dos olhos, chegou. De repente, minha orelha esquerda esquentou, e eu vi o centauro coberto por uma labareda de fogo. Seria um dragão a forma no canto do meu olho?
     Senti alguns passos perto de mim. As cordas foram cortadas e quando eu olhei era Thiago, o mesmo garoto que eu vira em meu sonho.
      — Vo... Você? — gaguejei eu. — Mas, como? Quando? Você me conhece?
     — De alguns sonhos — disse ele. — Mas, você parece que me reconheceu também. De onde?
     — Sonhos também. Por que será que um sonhou com o outro?
     Antes de um de nós tentar responder, Rachel, Arthur, Laio, Ethan, e Peter chegaram.
    Thiago usava um casaco de couro aberto, por baixo, uma camiseta com algo escrito que eu não entendi. Usava calça jeans azul e um coturno. Peter usava apenas apenas um moletom preto um pouco mais grosso, calça jeans preta e tênis Adidas. Ethan, estava vestido com um casaco de lã vermelho, que parecia que faria você suar na Antártida se você estivesse vestido com ele. Mas ele não parecia sentir calor. Usava calça estilo exército preta, e um tênis rebook.
      — Bom — disse eu. — Vamos às apresentações. Eu sou Gabriel, esse aqui é meu amigo Arthur, e minha... bem...minha...
     — Namorada — completou Rachel. — Embora não tenha havido um pedido oficial, mas eu acho que posso falar isso. Ah, meu nome é Rachel. Prazer.
    — Prazer — disse Thiago. — Meu nome é Thiago, esses são Ethan e Peter. Vocês são semideuses certo?
    — Sim —disse eu. — Eu sou filho de Poseidon, o deus do mar, Rachel, é filha de Hefesto, deus das forjas, e Arthur é filho de Atena, deusa da inteligência. E vocês?



     — Bem — disse Thiago. — eu sou filho de Odin, o deus da sabedoria, e da morte. Ethan é filho de Loki, deus do fogo, o deus nórdico que é mal. Mas os filhos não são necessariamente igual aos pais. Ethan é uma das pessoas mais boas que eu já conheci. Peter é filho de Tyr, deus da guerra. Ah, e esse é Nidhogg — disse ele apontando para seu dragão.
     — Existem deuses nórdicos? — Perguntou Rachel surpresa.
    — Mas é claro — disse Peter. — Muitas das mitologias são reais. Algumas poucas são falsas ou cópias de outras.
     — Vocês estão aqui por que? — perguntou Arthur.
     — Estamos atrás de um cara, um filho de um deus grego, Hades. — explicou Ethan.
   — Esse cara está arranjando um bocado de problemas — disse eu. — Nós também estamos atrás dele. Mas ele não está aqui. Está em Roma, e é para lá que estamos indo assim que amanhecer.
     — Bom, então está resolvido — disse Thiago. — Vamos com vocês.
     Nesse momento, quatro pégasus apareceram voando, e pousaram perto de nós.
     _ Poseidon disse que vocês fizeram o que tinha que ser feito aqui — disse o maior deles. — agora estamos autorizados a os levar até Roma. Mas já estamos cansados de vir do estábulo até aqui. Amanhã de manhã vamos.
     Agora estávamos em sete. A profecia dizia que cinco semideuses iriam, e haveria dois traidores. Eles certamente estavam entre nós. Mas, quem seriam? Agora eu deveria dormir com um olho aberto, pois poderia ser qualquer um. Não podia confiar em mais ninguém.
   Andamos até um hotel e pagamos por uma noite. O hotel era mais caro do que aparentava. Não que eu entendesse dos valores da moeda do Egito, mas o tanto de notas que eu tive que dar ao recepcionista me pareceu exagerado.
    O recepcionista estava usando uma calça branca, um sapato social também branco. Usava um blazer branco por cima de um colete e uma camisa, ambos brancos, e para terminar, uma gravata branca. Ele parecia um médico que errara de local de serviço: um hospital por um hotel.
   O homem era jovem, uns 30 anos, tinha um sorriso estampado na cara que faziam aparecer duas covinhas em suas bochechas lisas. Seus olhos eram pretos( pelo menos algo nele não era branco), sua barba perfeitamente feita. Seu cabelo era castanho-escuro penteado para o lado com o auxílio de gel.
     O recepcionista nos deu um cartão verde e uma chave.
     Saímos e fomos em direção a um corredor. O mesmo recepcionista já nos esperava onde o corredor se dividia em dois.
     — Como você chegou aqui tão rápido? — perguntou Arthur.
    — Todos fazem a mesma pergunta — murmurou ele — tem uma passagem lá da portaria para cá.
    — E, por que o corredor se divide em dois? Como você fala a nossa língua? — perguntei eu me atrapalhando um pouco com as palavras.
    — Calma garoto. O corredor se divide pois o hotel tem duas áreas: a área econômica e a área vip. A área econômica para a esquerda e a área vip para a direita. E eu sei falar o português devido ao treinamento que recebemos. Sei falar português, egípcio, francês, russo, alemão e inglês.
     Eu estava indo para o corredor da a esquerda quando o recepcionista entrou em minha frente e apontou para o outro lado.
     — Ei garoto, vocês não são aqui. Me sigam por favor.
    Ele pegou nossas mochilas e nos levou através de um outro corredor, dessa vez bem mais bonito e limpo.
     Desse corredor se tinha a vista de uma área de lazer, com piscinas, academia e salão de jogos. Ele nos deixou em uma porta dupla de carvalho pintada de branco com as maçanetas douradas.
      — É aqui — ele disse — esse é o quarto de vocês.
     Ele levou Thiago, Ethan e Peter para outro quarto mais à frente.
    Entramos. O quarto era todo branco com dourado também. Tinha duas camas de casal com um edredom roxo escuro cada. O quaro tinha um degrau que separava a parte onde íamos dormir da parte onde tinha o banheiro e a sala. A sala tinha uma grande tv de led 40 polegadas. Tinha um sofá marrom-escuro em forma de L. Tinha uma mesinha de vidor entre a televisão e o sofá. O chão era todo coberto por um carpete branco, a não ser pelo degrau, que era de madeira. Haviam várias estantes de ferro pelo quarto. Havia também um grande guarda-roupa de cedro também branco. Eu me sentia um ponto de sujeira no meio daquele branco todo.
     Joguei minha mochila em cima da cama e fui tomar um banho. No banheiro, tinha uma grande banheira de hidromassagem, um box de vidro, uma pia de mármore, uma torneira que abria por meio de um sensor.
    Acho que fiquei uma hora tomando banho pois quando saí já era noite e Rachel e Arthur quase me mataram.
   Liguei a televisão. Enquanto passava de canal, passei por um noticiário que mostrava grandes destruições pelo mundo, os quais eles falavam que eram terremotos, furacões, mas eu sabia que eram monstros invocados pelo semi-deus.



   Uma imagem me chocou. Era uma cobertura ao vivo do mar morto. Grandes ondas se levantavam e destruíam algumas poucas embarcações que navegavam por ali. Mas, não foi isso que me assustou, foi o fato de que um cruzeiro passava por ali, já tentando dar meia-volta, foi enrolado por um tentáculo imenso e ,literalmente, quebrado ao meio. Vi muitas pessoas no mar com seus coletes salva-vida amarelo fluorescente. O helicóptero quase fora atingido pelo tentáculo, mas, ele já estava de saída e conseguiu escapar.
     O mundo estava em caos. Eu precisava fazer alguma coisa, e logo. Rachel e Arthur já estavam de espectadores. Fui desligar a televisão mas vi que o controle estava quebrado em minha mão cerrada.
    Fomos dormir, pois no outro dia teríamos um bocado de aventuras, um exército de monstros e um semi-deus muito poderoso para derrotar. Quase não consegui dormir de ansiedade, mas depois de um bom tempo, consegui.