quinta-feira, 15 de março de 2012






Capítulo VIII: Um sonho (Tiago)




     Estava escuro, parecia o anoitecer. No céu, nuvens encobriam as luzes das estrelas e a lua não brilhava. Estava frio, o silêncio era total.
     À minha frente uma floresta escura, nevoenta, antiga e malévola. Atrás, campos secos, com somente uma árvore, na qual dois corvos estavam parados, quase imóveis, observando.
    Um vulto estava parado à frente das árvores, coberto pelo escuro, não era possível ver quem era. Ele entrou na floresta, eu o segui. Um pio dos corvos quebrou aquele silêncio. Um pio de alerta.
     Andou pouco pelo que pude sentir. Meus passos não eram ouvidos, era como eu se estivesse flutuando. O vulto na minha frente virou e entrou numa clareira onde três criaturas o esperavam na escuridão. Eram 3 vozes, mas somente um brilho de um olhar malévolo: As greias.
     _ Me sinto fraco, cansado. Não consigo mais invocar tantos monstros quanto antes. Por que? Quero que me digam tudo o que sabem!!! – disse o vulto
     _ Você usou muito poder para formar o exército que tem. Mas se esqueceu do principal: os olimpianos não são os únicos deuses desse mundo. Se quer mais poder, procure pelo mundo outras formas,  outros monstros, outros poderes...
     _ Mas lembre-se – agora era outra voz que falava – novos monstros e novos deuses trazem novos inimigos.
     _ Por onde devo começar a procurar esse novo exército então?
     _ No norte!!!!

     Então o sonho mudou. Dessa vez eu estava perto de um lago, rodeado de montanhas. Era o amanhecer.
     As greias,  poderosas bruxas gregas, estavam paradas encolhidas perto de algumas rochas. 
     Três pessoas estavam paradas à frente delas. Um deles foi para frente e foi examinado pela greias: Arthur! Um outro foi para frente, um que usava espada e escudo: Gabriel!
     Um corvo piou e chamou minha atenção para o céu.

     _ ACORDE FILHO... Thiago, acorda! Você tava falando dormindo. Não deu pra entender muita coisa. – era meu professor preferido quem tava falando, Frajhar.
     _ Eu tive um sonho estranho só isso. Só quero voltar a dormir.
     _ Tá bem.Vocês ouviram, todos indo dormir, ele está bem.
     Todos estavam voltando a dormir, estavam apagando as luzes, mas eu não ia conseguir dormir depois de tudo isso. 
     Tinha alguma coisa acontecendo lá fora. Algo ruim.
     Mas eu sei que há amigos desconhecidos lá fora também: GABRIEL.







Férias movimentadas




     Era final de ano e a maioria dos campistas havia ido passar as férias com os pais, porém ainda assim, e já naquela hora havia atividades sendo feitas lá fora.
     Era um fim de ano muito estranho já que todas as defesas haviam sido aumentadas devido a alguns acontecimentos em outros acampamentos. Por eu ser um dos melhores espadachins nórdicos eu e meu amigo Ethan, resolvemos ficar.
     O nosso acampamento ficava ao norte da Dinamarca, a uns 200 km de Bronderslev e abrigava em sua maioria filhos de deuses nórdicos, mas também tínhamos semideuses de outros lugares do mundo.
     Meu nome é Thiago, minha mãe é uma brasileira que havia se mudado para a Europa a procura de uma vida melhor. Mas o que ela não esperava era se apaixonar por um deus, ainda mais por Odin, o maior dos deuses nórdicos. Então basicamente eu falava português, inglês, dinamarquês, grego antigo, latim e várias outras línguas.
     Meu melhor e único amigo, Ethan, era filho do deus Loki, o que é uma ironia, pois Odin e Loki eram inimigos. Havíamos nos tornados melhores amigos na escola, há vários anos atrás. Ele não tinha muitos amigos e não tinha família, assim como eu, que não tinha muitos amigos. Ele também sabia falar português, então nos falávamos sempre que queríamos nessa língua. Isso porque ninguém sabe falar ela nem no acampamento e nem na cidade.
     Levantei-me e fui para o salão tomar café da manhã. Como sempre fazíamos dei em oferenda um pouco do meu café para aqueles que estão em Valhalla.
    Como só tinha de amigo o Ethan, sempre sentávamos longe de todos e sozinhos para comermos. Era melhor assim pois Odin não tinha muitos filhos e Loki não era pra ter nenhum, desde que ele estava preso, por isso ninguém falava com Ethan.



    As coisas começaram a ficar malucas quando um mensageiro veio às pressas falar com o líder do acampamento, um anão chamado Ralgler, sobre um ataque à uma cidade ao sul, e sobre um exército que estava sendo formando de fenris, que são grandes lobos, trolls e gigantes das montanhas.
    Ralgler chamou todos que haviam ficado lá, desde campistas até aos criados:
   _ Nos foi informado - disse ele - que um filho de Ades está reunindo um grande exército, criado com todos os tipos criaturas mitológicas existentes. Segundo Zeus, que nos enviou essa mensagem, eles também estão formando seus exércitos e quer nossa participação na guerra que está por vir. Portanto, quero que mandem mensageiros para todos os campistas que saíram de férias para que voltem imediatamente. Preparem todos os que estão aqui pra uma viagem até Paris. Lá eles estão montando um posto de comando para os guerreiro nórdicos. Agora vão e se preparem.
    _ Thiago, Ethan, fiquem aqui. Temos que conversar – disse o nosso professor de luta, Frajhar.
   Era sempre estranho conversar com qualquer um dos dois. Ralgler era baixo e atarracado, mas também muito forte e resistente. Tinha uma voz grave, cabelos castanho-avermelhado e uma longa barba ruiva. Já Frajhar, era um humano alto, forte, com uma voz um tanto grossa, de cabelos grisalhos e era sempre sorridente.



     
Bom, Ethan e eu também éramos muito diferentes um do outro. Eu sou alto, magro e tenho o cabelo loiro e olhos castanhos, assim como minha mãe.  Ethan, no entanto, era menor que eu, um pouco mais gordo e também mais forte. Mas  não era muito inteligente.
     Frajhar se aproximou e falou:
    _ Recebemos notícias de que os campistas que foram para Bronderslev foram atacados e que alguns familiares deles estão desaparecidos.
     Abaixando a cabeça, mas  sempre continuando a falar ele completou:  
     _ E sua mãe Célia, está entre eles, Tiago.
     Foi um choque ouvir isso. Eu quase perdi o equilíbrio e Ethan teve que me segurar.
    _ Mas - retruquei -  os nossos familiares não tinham defesas contra monstros? Não tinha um grupo para defende-los caso eles precisassem?
    _ Sim, tinha. Mas o grupo de defesa morreu! Vários campistas ficaram machucados, ainda que nenhum tenha morrido, e também nenhum humano morreu.
  _ Chega de conversa – rosnou Frajhar – enquanto vocês ficam ai falando e choramingando, um exército está precisando de nossa ajuda. Precisamos de uma equipe para ir atrás dos que desapareceram. Já que você não vai deixar o desaparecimento da sua mãe só por isso, você e seu amigo, o Ethan vão atrás desses monstros. Para ajudá-los, vocês irão com o Peter Grownser. Agora vão! Vão fazer sua orações e depois vão se armar. Mas não coloquem nenhuma armadura, vocês irão disfarçados. Vocês têm dez minutos.
      Cada um de nós tinha um tipo de arma, a minha era uma soqueira mágica, uma espada de mihtril e um escudo.



As armas do Ethan era um anel que fazia projeções de quem ele quisesse para enganar os inimigos e um martelo quase de seu tamanho.






     Mas as armas do Peter eram diferentes. Ele usava armas de fogo iguais as que os humanos usam. Essas armas, no entanto, eram feitas por anões das montanhas, os melhores ferreiros do norte, comparáveis a Efesto. Eram pistolas que tinham o poder de se unirem com uma palavra e formarem uma só arma com uma precisão impecável.
    Nos arrumamos e saímos o mais rápido que nos foi possível. Todo acampamento estava em movimento. O som ecoando nas montanhas que circundavam o acampamento deixava o lugar extremamente barulhento.
     Fomos ateé às muralhas que bloqueavam a única passagem para o vale. Lá estavam todos os nossos professores armados, com alguns campistas já prontos. Alguns estavam falando com Frajhar, outros com Ralgler, mas só quando nós três nos aproximamos ele começou a falar dos planos.


    _ Vamos pegar uma passagem subterrânea que existe aqui por perto feita há muito tempo pelos anões. Poderemos marchar por ela até as proximidades de Augsburg. De lá seguiremos em um trem até Paris. Os que chegarem depois, o que nesse caso é a maioria, seguirá pelo mar. E se nosso amigo Poseidon ajudar, chegaremos rapidamente a Calais e de lá seguiremos até Paris. Os outros acampamentos, do leste e do norte também já estão em movimento. Já do sul não temos muitas informações, só sabemos que também ajudarão.
      _ E nós senhor? - Perguntou Peter a Ralgler.
   _ Hum! - disse virando-se, parecendo só notar agora nossa presença - Vocês vão primeiro para Bronderslev, e de lá irão mandar notícia se encontrarem alguma coisa. Tomem – disse nos entregando uma bolsa de couro desgastada. - Aí tem um mapa que mostra as entradas das passagens subterrâneas e também um meio de encontrar ajuda se precisarem. Também tem um pouco de dinheiro humano, grego e nórdico, caso precisem. No local de sua casa,Thiago, achará um homem que irá lhes fornecer todas as informações que precisarem. Agora vão e que a bênção dos deuses estejam com vocês.
     Assim que falou isso os portões foram abertos, revelando um mundo praticamente todo branco de neve. Ainda bem que estávamos bem agasalhados. Seria uma longa viagem se um táxi não tivesse vindo nos buscar.



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