Φ Capítulo II: Uma base secreta de semideuses - Gabriel
Φ
Estacionado na rua
estava aquele mesmo Camaro preto que eu vira na escola.
Entramos no carro, eu e Arthur atrás, Rachel e Alfeu na frente.
Ele dirigia a quase
200 km/h como se isso fosse velocidade cotidiana, ia desviando dos
carros com maestria, dirigia com uma habilidade que eu jamais havia
visto.
— Bom - disse
eu quebrando um silêncio que já estava incomodando - Vocês
podem começar a explicar agora.
— Me faça esse
favor Rachel? - disse Alfeu.
— Claro - disse ela. Por onde começo? Ah, sim, sabe toda aquela história
de mitologia? Deuses, heróis, monstros? Então, deuses são seus
pais, heróis possivelmente vocês serão e monstros, bem, eles são
monstros mesmo.
Eu me segurei para
não rir. Deuses? Que piada! Mas, por que então minha mãe me
mandara com eles? Se sabia que eles eram loucos? Ou ela não sabia?
Bom, como eu sei que minha mãe não deixaria eu sair com loucos,
aquilo só poderia ser um sonho. Mas por via das dúvidas, resolvi
não contrariar. Afinal de contas, loucos não podem ser contrariados.
— Então - disse eu concordando falsamente - Se tudo isso existe, por que não
vimos nada até hoje? Quer dizer, nós deveríamos ver monstros
gigantes andando por aí indo para o seu serviço ou sei
lá...
— Boa pergunta - disse Rachel - Isso, é uma aura mágica que os deuses colocam
em todos, assim que nascem, impedindo-lhes de ver os monstros, e,
apenas os semideuses, depois que alguém os mostra podem, digamos,
“tirar” essa aura. Vocês dois agora, passarão a ver tudo como
realmente é.
Nesse momento,
Arthur me cutucou e me mostrou a janela. Agora eu diria que estávamos
a uns 1000 km/h por que tudo que eu via era vultos.
— E, quem seriam
nossos pais? - Perguntou Arthur, aparentemente entrando nessa de não contrariar.
— Bom - disse
Rachel - nós ainda não sabemos, mas creio quem em breve tudo se
esclarecerá.
Eu ia fazer mais
alguma pergunta, mas Alfeu perdeu o controle ao desviar de algo, e
nós capotamos.
Fui abrindo os
olhos, sentia uma dor de cabeça terrível, e pude ver um pouco de
sangue no meu braço. Um pedaço de vidro entrara lá. Fui rastejando
para sair do carro, e quando consegui, levei um susto. Alfeu e Rachel
estavam lutando contra esqueletos, uns quinze, todos vestidos com
armaduras completas, usando espadas, lanças e escudos. Arthur estava
sentado com as costas encostadas na lateral do carro destruído.
Um esqueleto
atingiu Rachel e ela foi lançada até nós. Caiu violentamente, mas
se levantou e exclamou:
— Uma ajudinha
seria bom!
Agora eu descartava a ideia da loucura e me apegava mais a do sonho. Ou pesadelo...
— Mas eu não
sei nada de luta! - retruquei. E, ainda por cima, não tenho
armas!
— Apenas siga
seu instinto - disse ela. E, quanto a arma, o seu presente, é
ela.
Eu ia retrucar mas
ela correu para ajudar Alfeu que tinha três esqueletos em suas
costas. Como um relógio e uma mochila poderiam ajudar? Olhei para o
relógio e apertei o botão que deveria ligar a luz dele, mas em vez
disso, ele virou uma espada com o punho dourado e uma lâmina negra
com um dragão azul desenhado, em um piscar de olhos. Fui até o
carro e peguei a mochila, quando eu segurei em sua alça, ela se
prendeu em meu braço e virou um escudo de ouro com um tridente preto
desenhado no meio.
Arthur me olhava
com uma cara de: como você fez isso?
Dei de ombros,
porque também não sabia.
— Você não
recebeu nenhum presente também? - Perguntei eu.
— Sim - disse
Arthur - Agora me lembrei!
Então, ele puxou
uma corrente de ouro de seu pescoço e ela se transformou em duas
adagas.
— Vamos? —
perguntou ele.
Fomos em direção
aos esqueletos, golpeei um, ele se desmontou inteiro, fui para outro,
a mesma coisa. Pensei que seria fácil. Pensei... De relance eu vi o
primeiro que eu havia matado se remontando e, em alguns segundos ele
estava de pé novamente. Como venceríamos esqueletos que se
reconstruíam a cada vez que eram destruídos?
Fui golpeando,
incessantemente, mas não adiantava. Fazia movimentos evasivos que eu
nem sabia da onde tirara aquilo.
— É o seu
instinto — disse Rachel olhando-me como se lesse meus pensamentos.
Foi quando um
esqueleto veio para a direção dela.
Mas não deu tempo,
o esqueleto a atingiu com o escudo e a lançou sobre os vidros
estilhaçados do carro, vi vários cortes nela, mas ela se levantou.
Outro esqueleto estava correndo na direção dela para atacar com a
espada. Eu senti que deveria protegê-la, e, num movimento rápido,
me entrepus entre ela e o esqueleto. Defendi sua investida e
contra-ataquei, o dragão desenhado na minha espada brilhava. Dessa
vez, o esqueleto virou pó e não se re-ergueu.
Arthur, estava em
um outro canto, golpeando velozmente, mas de nada adiantava. Corri
para cima dele e o ajudei. Era um golpe, um esqueleto a menos. Eu
defendia, esquivava rolava, contra-atacava e os esqueletos iam
diminuindo.
Até que sobrou só
um. Investi contra ele , enquanto ele virava pó ele disse:
— Isso... Foi só
o começo, meu mestre está...( palavras indecifráveis) e o Olimpo e
tudo que vocês conhecem vão ser destruídos, uma nova era começará,
chega de deuses... Vocês ainda conhecerão a glória de...
Antes dele dizer o
nome, ele evaporou por completo.
— Você —
disse Alfeu. — Você com certeza é o escolhido.
— Escolhido? —
perguntei eu. — Para que?
— Para salvar o
mundo — respondeu ele. — Salvar a todos nós, como na
profecia.
Ah, que bom, _
pensei _ no primeiro dia que eu descubro essas coisas, e já
sou encarregado de salvar o mundo. Ótimo. Bem, claro que isso no meu
sonho, mas um sonho do qual eu não conseguia acordar.
— Err, e agora?
— Perguntou Arthur. — Como vamos chegar a onde nós íamos? E a
propósito, onde nós íamos mesmo?
— Espera
aí! — exclamei eu. — Cristo? Como assim nós estamos no Rio de
Janeiro? Nós estávamos em São Paulo a alguns minutos atrás!
— Esse é um dos
atributos de um carro mágico — disse Alfeu calmamente.
Andamos até o
Cristo, eu e Rachel amparávamos um ao outro, pois estávamos muito
machucados.
— Obrigada —
sussurrou Rachel.
— Pelo que? —
perguntei eu.
— Ah, não se
faça de bobo! — disse ela — Você salvou minha vida!
— Mas eu deixei
você se machucar — disse eu. — Então, não me agradeça.
— Você está
exigindo muito de si próprio — tranquilizou ela — Hoje foi só
o primeiro dia.
Depois de meia-hora
de caminhada, chegamos ao pé do cristo redentor, e Alfeu chegou à
base dele e apertou um botão escondido, abrindo um elevador bem à
nossa frente.
— Nossa! —
exclamou Arthur — Uma base secreta bem embaixo do Cristo? Que
legal! Estou começando a gostar disso.
Entramos
no elevador e descemos. Saímos em uma instalação, com vários
túneis, que por sua vez, levavam a salas com paredes de vidro. Em
algumas delas, bonecos sendo destruídos por adolescentes empunhando
espadas, lanças, metralhadoras e outras armas extremamente mortais.
Em outras, alguns adolescentes deitados em beliches, dormindo, lendo,
jogado cartas. Pareciam extremamente acostumados com aquilo.
Fomos adentrando
mais e mais, parecia interminável o número de túneis e salas. Com
certeza eu estava perdido a muito tempo, pra mim era tudo igual.
Estava começando a ficar tonto quando Alfeu disse:
— Aqui, esse é
o quarto de vocês Gabriel e Arthur, pelo menos por enquanto. Vocês
terão uma pequena surpresa quando entrar.
E foi assim mesmo,
assim que abri a porta, era como se eu não estivesse mais em uma
instalação super tecnológica embaixo do Cristo Redentor, e sim em
uma cabana de praia, com algumas beliches, poucos móveis e uma
estátua aqui e ali.
Nem deu tempo de
olhar muito, estava muito cansado com dor em todo corpo, foi o tempo
de eu deitar e eu dormir feito uma pedra.
Foi quando eu tive
um sonho, eu não era mais eu, quer dizer, pelo menos não no meu
corpo. Eu estava em algum outro país, pois havia neve, muita neve e,
haviam dois garotos, aparentemente surpresos como se estivessem
recebendo uma notícia que mudaria toda a vida deles. Primeiro,
pensei que talvez fosse eu e Arthur, mas, ao observar melhor, era
outros garotos, mas tudo muito embaçado e eu entendi apenas três
palavras: filhos de deuses.
Então eu
acordei.
—Viu? _
pensei _ era só um sonho.
Mas uma uma sirene
tocava e eu percebi que ainda estava naquele quarto em que fui
deixado. Pensei que fosse um alarme de invasão de monstros
alienígenas, mas logo depois uma voz daquelas vozes tipo aeroporto
que informam os voos disse:
— Café-da-manhã
em 15 minutos.
Arthur estava
levantando também. E, agora eu tinha certeza que não era um sonho e
que Alfeu e Rachel não eram loucos. Aquilo realmente estava
acontecendo. Se era realmente assim, então eu tinha um pai deus. E se tinha mesmo, quem seria? Por que nunca
aparecera para uma visita? Muitas dúvidas encheram minha cabeça,
mas eu, de algum modo, sabia que elas seriam sanadas algum dia.
— Vamos seus
dorminhocos — disse ela. — Vamos perder o café!
Nos aprontamos
rapidamente e fomos por meio daquele emaranhado de túneis novamente,
até que chegamos a um grande salão com várias mesas com cinco
cadeiras em cada, muitos, mas muitos adolescentes sentados e comendo,
como se fosse mais um dia normal em um acampamento de escola.
— Então —
disse Arthur depois que sentamos — onde está a comida? Não
estou vendo nada
Rachel suspirou em
reprovação e disse:
— Preste
atenção. E não pisque.
Então, ela olhou
para o prato e, do nada, surgiram algumas frutas e um copo de suco.
— Uau! —
exclamei eu — eu também consigo?
Rachel assentiu.
Então pensei em um misto-quente e um suco de abacaxi, na mesma hora,
apareceu tudo isso em meu prato. Começamos a comer. Gostei daquilo. Depois de um
pouco de conversa, eu perguntei:
— Rachel, você
disse quando chegou em minha casa que não eram vocês que haviam me
dado o presente. Então, quem foi?
— Seu pai —
respondeu ela. — No dia que apareceu aqui nós não sabíamos de
quem era, apenas estava endereçado à você. Então, quando vi seu
escudo na batalha, eu entendi quem era seu pai...
— Quem? —
perguntei eu apreensivo.
— Poseidon —
respondeu ela. — O deus do mar, um dos três grandes, Gabriel,
você talvez seja um dos semideuses mais poderosos que já existiu.
Fiquei boquiaberto.
Então, meu pai era Poseidon, minha mãe nunca quis falar muito sobre
ele, talvez pela falta de criatividade que ela tinha, talvez não
conseguisse inventar algo convincente o suficiente. Por isso,
preferira o silêncio.
— Ah —
disse eu. — O.k., em um dia, um garoto normal, no outro um dos
“semideuses mais poderosos que já existiu”.
— Você vai se
acostumar — disse Rachel com um sorriso tranquilizador. — Eu
me acostumei, todos aqui se acostumaram.
— E eu? —
perguntou Arthur. — Quem é a minha mãe? Por que pai eu tenho.
— Atena —
respondeu Rachel. — analisando seus gostos, jeito de viver, só
pode ser ela.
Você é inteligente e gosta de arquitetura, só isso
já basta para sabermos.
De repente, um
homem chegou e se pôs atrás de mim dando me um susto. Era um homem de uns
40 anos, casaco preto, embora não estivesse frio, calça camuflada,
botas pretas e uma boina também preta. Uma barba rala grisalha, o
que aparecia de seu cabelo, mostrava que ele também era raspado e
grisalho.
— Bom dia —
disse o homem — Gabriel não é?
— Err.. sim —
respondi desconfiado.
— Muito prazer,
eu sou Hugh — disse ele — fui designado especialmente para
treiná-lo.
—
Especialmente? — perguntei eu — Ah sim, para ensinar TUDO
desde o começo não é? Por que eu não sei nada!
— Não foi isso
que Alfeu disse. — disse ele. — Mas chega de papo, venha
quero medir seu poder de luta.
Voltamos aos
corredores, mas eu já começava a me familiarizar, quase já me
orientava lá, depois daquilo, até o labirinto de Dédalo seria mole
para mim.
Chegamos à uma das
primeiras salas que eu vi. Aquela com bonecos e crianças destruindo
eles.
Hugh me mostrou uma grande quantidade de armas que estavam em um móvel e perguntou:
Hugh me mostrou uma grande quantidade de armas que estavam em um móvel e perguntou:
— Qual você
escolhe? Tem espadas, escudos, metralhadoras, rifles...
— Essas aqui —
disse eu interrompendo-o e mostrando as minhas.
— Ah, hum...sim
— disse ele surpreso ao ver que eu já tinha minhas próprias
armas, presente de meu pai. — pronto?
— Hum, sim, eu
acho.
Então ele
investiu, e, em um reflexo eu defendi e contra-ataquei, e ele
esquivou-se tomando distância para um novo ataque. Foi uma bela
sequencia de ataques, defesas, esquivas e contra-ataques. Observando
seu rosto durante a luta, seu rosto foi de tranquilidade à esforço
e surpresa. Hugh fez sinal para que parássemos.
— Bom, muito
bom .Vou classificá-lo como nível... altíssimo. Você deve ser
mesmo um dos semideuses mais poderosos de todos os tempos, só você,
desde que esse lugar existe, treinou no nível altíssimo logo no
primeiro dia.
Eu estava achando
aquilo o máximo, até que meus adversários apareceram: robôs
gigantes com espadas muito, mas muito afiadas. Cada um com duas delas
e mais dois braços robóticos livres. Por que eu não podia treinar
com fantoches que ficavam parados só esperando você acabar com eles
como os outros?
No começo, aquilo
foi uma completa humilhação, mal conseguia tempo para me defender,
eu rolava, usava a espada e o escudo, tudo na defensiva, não
arranjava tempo para contra-atacar. Pedi uma pausa.
— Você não
pode só defender — disse Hugh enquanto eu bebia uma água. —
aumente sua velocidade, tente pelo menos contra-atacar e mantenha sua
postura melhor, ela está como se estivesse prestes a morrer.
E eu realmente
estaria prestes a morrer se aqueles robôs não estivesse programados
para não matar, eu acho. Aquela água me fez muito bem. Senti minhas
energias renovando-se a medida que a garrafinha térmica ia se
esvaziando.
— Mais um round
— disse eu mais confiante.
Dessa vez, consegui
contra-atacar, parecia muito mais fácil, eu estava mais rápido.
Usava o escudo para defender dois ataques de uma vez, e ainda atacava
ao mesmo tempo outro robô que estivesse mais distraído. Cinco
minutos depois, restavam apenas pedaços de metal retorcido no chão.
Somente um perito poderia dizer que aquilo um dia fora robôs.
— Muito bem —
disseram Hugh, Rachel e Arthur aplaudindo.
— Não foi nada
— disse eu. — E agora hã, mentor?
— Bom, agora...
— disse meu instrutor com cara de espanto — agora vá
descansar pois você acaba de derrotar os robôs mais fortes da
instalação, vou ver o que posso fazer, mais talvez demore um pouco.
— Já sei —
disse Rachel — vou te levar ao seu quarto novo.
— Quarto novo?
— perguntei eu.
— Sim —
disse ela. — aquele era só temporário, enquanto não sabíamos
quem era o seu pai. Agora temos um local novo, só para os filhos de
Poseidon.
Ela foi me levando
pelos corredores e chegamos a uma porta em que havia um tridente
desenhado. Era lá. Meu segundo dia, minha segunda casa.
— Vou deixar
que você mesmo conheça. Tchau, nos vemos no jantar.
— Se eu achar o
caminho — disse eu.
Ela riu, mas não
era uma brincadeira eu realmente não sabia chegar ao refeitório
dali, mas resolvi deixar por isso mesmo, com certeza encontraria
alguém no caminho que poderia me guiar.
Ao abrir mais uma
surpresa: A casa não era logo depois da porta. Havia uma ponte que
levava até lá. Embaixo dela, um pequeno rio corria para o oceano
Atlântico que banha o Rio de Janeiro. Eu podia ver a sua foz, onde
ele desaguava no mar.
Mais a frente, uma
casa de praia, toda de madeira, bem bonita, se fosse no mundo
“normal” eu diria que seria de alguem BEM rico. Ela era grande,
com um belo jardim na frente, estátuas de monstros marinho que
jogavam água em um recipiente no centro. Lá por sua vez, a água ia
por pequenos canais de volta à estátua, repetindo o processo
novamente. Havia um passarela de mármore que levava à porta casa.
Uma porta de cedro, com a maçaneta e o tridente desenhado no meio em
ouro puro.
Lá dentro, uma
sala com dois sofás, e, no lugar onde eu acho que deveria haver uma
lareira, havia uma cachoeira que caia num pequeníssimo lago em
baixo, onde haviam alguns monstros marinhos em miniatura, daqueles do
tamanho de suvenirs mas eles estavam vivos, nadavam, caçavam
uns aos outros, espirravam água para fora, e o local secava
instantaneamente.
Havia alguns
quartos, eu escolhi um no qual tinha um estátua do meu pai, trajando
roupas gregas de guerra e um tridente. Ele realmente seria daquele
jeito? Ou seria muito diferente? Ou ainda, seria da forma que ele
quisesse? Eu até pensaria mais nisso mas eu estava MUITO cansado e
tinha que dormir. Mas, eu ouvi um barulho vindo do rio, fui lá
verificar.
Ao
entrar na água, minhas energias voltaram em grande velocidade e
aquilo foi extremamente bom. Pouco depois já estava totalmente
recuperado, estava prestes a sair quando vi uma silhueta humana se
aproximando de mim sobre a água. Quase sai correndo, mas quando
reconheci quem era, me acalmei. Era meu pai. Como sabia que era ele?
Simples, na minha casa haviam vários quadros dele pendurados na
parede, cada uma de um jeito, e o jeito que ele estava, estava
igualzinho a um desses quadros. Assim, ficou fácil reconhecê-lo.
Meu pai, quando
estava em forma humana, era um homem de olhos extremamente azuis,
cabelos castanhos e uma barba também castanha. Usava uma camiseta
laranjada, um short bege e um chinelo havaianas.
—
Pa...Pa...Pai — gaguejei eu — é você mesmo? Então você é
mesmo meu pai? Eu tenho tantas perguntas e...
— Calma filho
— disse ele — depois teremos tempo para suas perguntas, isto
é, se você sobreviver à sua missão e se você conseguir salvar o
mundo. Mas, deixando isso para lá, vim aqui para te dar um aviso: um
semi-deus muito poderoso está juntando um exército que está se
preparando para atacar o olimpo. Dentro desse exército, estão
criaturas muito poderosas que lutaram na primeira guerra entre os
deuses e os titãs. Mas, na guerra, eles lutaram um de cada vez,
tornando possível sua derrota. Mas, agora, eles estão sendo
ressuscitados para lutarem juntos, se todos eles forem ressuscitados
e vierem juntos para atacar, estaremos perdidos, nem os deuses
poderão detê-los e será o fim desse mundo. Se eles tomarem o
poder, o caos se estabelecerá até que o mundo se acabe em trevas.
Por favor filho, nos ajude, já que você é o único capaz, pois, os
deuses não podem interferir diretamente por causa de uma lei criada
a séculos atrás. Estou contando com você.
— Mas, quem é
esse semi-deus tão poderoso?
— Não sabemos,
caberá a você descobrir quem é e pará-lo, destruindo seu
exército.
— Tem certeza
que eu tenho que fazer isso? Afinal, eu não tenho experiência e...
— Apenas acredite em você mesmo. Se conseguir fazer isso, liberará seu verdadeiro poder e superará a todos. Eu confio em você, até mais filho.
— Apenas acredite em você mesmo. Se conseguir fazer isso, liberará seu verdadeiro poder e superará a todos. Eu confio em você, até mais filho.
Então ele se
transformou em água e sumiu no rio. Estava novamente sozinho. Saí
do rio e fui para casa.
Já estava na hora
do jantar, e eu nem tinha visto o tempo passar. Mais uma vez a sirene
tocou e avisou a todos que estava no horário.
Saí para aqueles
corredores, procurando alguém que me guiasse, mas, para a minha
surpresa eu não precisei, era como se o caminho tivesse sido
implantado em minha mente, pois agora eu me guiava facilmente lá
dentro.
Depois do jantar,
Rachel se ofereceu para mostrar o resto da instalação para eu e
Arthur, ele recusou e disse que estava cansado. Eu também iria, a
conversa com meu pai me deixara atordoado, mas ela disse que não
aceitaria não como resposta.
Ela agarrou meu
braço e foi me puxando pelos corredores, até que chegamos em uma
porta, não bem uma porta, como se fosse a entrada de uma caverna. Ao
entramos passamos por um longo túnel, e ao fim dele, avistamos um
lago, não sei onde estava aquilo, para mim que no Rio não tinha
essas coisas, mas Rachel me explicou que a aura esconde todos os
limites do “acampamento”, por isso, ninguém podia ver aquelas
coisas.
O lugar era lindo,
o lago era calmo, um azul parecido com o dos olhos de Rachel, e, eu
fui pego olhando para eles, o que me fez ficar vermelho, mais que um
tomate maduro. Havia um pequena floresta que ficava à esquerda dele,
não era tão pequena assim, mas não podíamos chamar aquilo
de grande.
Fomos até uma
pequena ponte, e sentamos em sua ponta, colocamos os pés na água (os meus não molharam), e começamos a olhar as estrelas.
Não consegui
dormir direito aquela noite, pensando em que monstros poderiam ser
tão poderosos que fosse impossível até para os deuses detê-los e
pensei também no semi-deus que os comandava. Ele devia ser muito
forte pois um monstro lendário, que pode derrotar um deus, não
obedeceria qualquer um, tinha que ser alguém muito especial, muito
forte.
Depois
de muito tempo pensando nisso, consegui dormir. Depois, enquanto
dormia senti uma presença entrando em meu quarto. Era algo sombrio,
tentei ver o que era, mas não consegui. Sabia que estava dormindo,
mas não conseguia acordar, era como se a presença me impedisse de
acordar. Senti que aquilo foi embora, e, finalmente, acordei. Estava
sem ar, suado e cansado. Ouvi baterem na porta. Era Alfeu.
— Tem alguem...
— disse ele.
— Aqui — eu
interrompi — ele veio até meu quarto, era como se ele me
segurasse dormindo, era algo muito poderoso, sombrio.
— Exatamente —
disse ele num tom preocupado. — Mas não foi só aqui que ele
veio.
Agora tenho quase certeza de uma coisa. Ninguém entraria ou sairia daqui se não fizesse parte dos semideuses autorizados. Isso ativaria nossas defesas. Vou contar-lhe o que venho conjecturando: Há alguns dias fomos informados de um ataque que ocorreu em nosso companheiros da Argentina. Eles tem radares poderosos que podem detectar uma pulga à 5 km de distância. E, esses mesmos radares não detectaram um exército de mais de mil criaturas. Hoje, essa coisa entrou e saiu sem ligar nossas defesas, que também são boas além de nossa base ser secreta, protegida por uma aura que os monstros não podem ver nem uma pessoa entrando, ela apenas desaparece e eles nunca descobrem aonde é, o que me leva a pensar uma coisa: essas pessoas estão fazendo viagens pelas sombras, os únicos que podem fazer isso levando um exército, são Hades ou um filho dele, um filho muito poderoso.
Agora tenho quase certeza de uma coisa. Ninguém entraria ou sairia daqui se não fizesse parte dos semideuses autorizados. Isso ativaria nossas defesas. Vou contar-lhe o que venho conjecturando: Há alguns dias fomos informados de um ataque que ocorreu em nosso companheiros da Argentina. Eles tem radares poderosos que podem detectar uma pulga à 5 km de distância. E, esses mesmos radares não detectaram um exército de mais de mil criaturas. Hoje, essa coisa entrou e saiu sem ligar nossas defesas, que também são boas além de nossa base ser secreta, protegida por uma aura que os monstros não podem ver nem uma pessoa entrando, ela apenas desaparece e eles nunca descobrem aonde é, o que me leva a pensar uma coisa: essas pessoas estão fazendo viagens pelas sombras, os únicos que podem fazer isso levando um exército, são Hades ou um filho dele, um filho muito poderoso.
Lembrei na hora da
conversa com meu pai.
— Quer dizer
que o semi-deus que está no comando desse exército é um filho de
Hades? — Perguntei eu.
Eu já ia contar
da conversa com meu pai quando Rachel chegou aonde estávamos. Ela
estava vestida com um pijama, pantufas de coelho e tinha uma cara
como se tivesse de acabado de ver o pior fantasma do mundo misturado
com seu maior medo e multiplicado por cem. Mas ainda estava bonita.
— Alfeu eu
estava dormindo e... — disse ele com a voz seca.
— Eu sei,
aconteceu com o garoto aqui também e comigo, tem alguem aqui, e já
temos uma ideia: um filho de Hades.
Ela ia falar algo
quando Arthur também apareceu com a mesma cara dela.
— Um... —
disse ele.
— Nós sabemos — dissemos eu, Alfeu e Rachel em uníssono.
— Alguém esteve no seu quarto não é? — completei
— Nós sabemos — dissemos eu, Alfeu e Rachel em uníssono.
— Alguém esteve no seu quarto não é? — completei
— Si.. Sim —
gaguejou ele.
Com isso eu contei a
história da aparição de meu pai para mim.
— Então —
disse Alfeu com tom preocupada. — Já está acontecendo...
— O que? —
perguntou Arthur.
— Ainda não
posso dizer ; vão dormir, já é tarde amanhã vejo vocês.
No café-da-manhã,
(eu milagrosamente achara o refeitório sozinho) uma nova pessoa
sentou-se conosco: um garoto de uns 16 anos, cabelos loiros em
penteado de moicano, olhos castanhos claros, usava uma regata branca,
um short jeans e um tênis nike.
— Olá
— disse ele — Meu nome é Laio , muito prazer. Já te deram a
notícia?
— Não —
respondi. — Muito prazer meu nome é Gabriel.
— É, eu sei seu
nome. Bom, eu mesmo vou te dar a notícia então: você vai treinar
comigo enquanto Hugh projeta robôs que realmente te desafiem. Ah,
Arthur, você também é para vir. O.k?
— Pode deixar
— disse ele.
Então ele deixou
nossa mesa e foi até a mesa de seus amigos.
— Gabriel —
disse Rachel
— Sim? —
disse eu.
— Eu estava
pensando se... eu... poderia... — gaguejou ela. — treinar com
você hoje mais tarde. Posso?
— Claro! —
exclamei eu.
— Então até
depois — disse ela apressadamente. — E ela saiu da mesa.
Não sei se foi
impressão minha, mas tenho quase certeza que a vi ficar vermelha.
— Por que ele
ficou tão nervosa quando foi perguntar aquilo? — perguntei eu à
Arthur.
Ele deu de ombros.
— E como eu vou
saber? — perguntou ele. — Enfim, nos vemos mais tarde?
— Espero que
sim — respondi.
Ele saiu da mesa
também, fui para o meu quarto, e, mais uma vez, não sei como eu o
encontrei.
Mais tarde, todos
nos encontramos na arena de treinamento, mas em outra sala, lá
haviam ringues onde os campistas lutavam entre si. Apenas para
treinar, mas me Rachel havia me dito que já houvera casos de
ferimentos sérios lá.
Laio estava em um
deles e acenou para nós irmos até lá. Eu ia subindo quando ele já
me atacou, eu consegui me esquivar. Empunhei minhas armas logo depois
de seu ataque.
— Ou! —
reclamei eu — espere!
— Primeira
lição — disse ele. — Os inimigos não vão te esperar.
Vi que ele estava
de guarda baixa e ataquei. Foi como se eu o tivesse atacado em câmera
lenta. Ele se defendeu, sorriu debochante e contra-atacou, cortando
meu rosto, e ainda derrubou minha espada e eu no chão.
— Uau! —
exclamou Arthur. — como você consegue fazer isso?
— Com muito
treino. — disse Laio com a espada em meu pescoço. —
levante-se Gabriel, faça jus à sua fama e me deu pelo menos um
pouco de trabalho.
Me devolveu a
espada e me atacou de novo, dessa vez consegui defender-me, dessa
vez. Ele me atacou de novo logo depois e me acertou fazendo outro
corte em mim. Dessa vez na mão. Pedi uma pausa. Bebi um pouco de
água e minhas feridas fecharam-se em um piscar de olhos e eu já
tinha energia de novo. Recomeçamos a luta. Conseguia defender-me e
contra-atacar. Mas ele sempre defendia e me atacava novamente. Foi
essa monotonia até que vi uma brecha um sua quase perfeita defesa: a
perna. Fingi um ataque com o escudo em seu peito e o ataquei na perna
com a espada. Vi ele se ajoelhando com um corte no joelho,
rapidamente coloquei a espada em seu pescoço. Peguei sua espada e a
joguei do outro lado da arena. Depois que o libertei notei uma coisa:
estava extremamente cansado mesmo depois de ter tomado água.
— Tudo bem? —
perguntou Laio.
— Sim —
respondi. — só estou um pouco cansado.
— O.k. — disse ele preocupado. — Vamos parar por aqui por
enquanto.
Deixei
Rachel e Arthur treinando e fui ao meu quarto, no meio do caminho,
passei em frente a uma sala que parecia ser a mais importante da
instalação, e uma reunião estava acontecendo lá no momento. E eu,
sem querer, ouvi um pedaço:
— ... não
podemos por ele nessa guerra! — dizia Alfeu. — ele não está
pronto! Ele tem pouco treinamento e não tem experiência.
— Errado —
disse Hugh — ele já é bom, ele ganhou de meus melhores robôs,
e a está treinando com Laio neste momento.
— Aquele
Laio? — Perguntou uma voz rouca — o melhor campista?
Era a voz de um
homem sentado ao lado de Hugh. Ele era gordo, de meia estatura,
careca, barba totalmente branca, usava uma camiseta onde estava
escrito: Mago. Usava um colete por cima da camiseta Também
usava uma calça camuflada e tênis Olimpikus.
— Sim
Jack — respondeu Hugh — aquele Laio.
— Então ele já
está pronto — disse Jack.
— Vamos esperar
mais um pouco quero avaliá-lo melhor daqui a três dias teremos
outra reunião — disse Alfeu em tom definitivo. — Reunião
encerrada.
Saí de lá
rapidamente antes que eles me vissem e fui para a minha casa. Como eu
havia ido lá só para trocar minha roupa que estava rasgada,
rapidamente eu sai e no corredor eu encontrei Alfeu.
— Ei, Alfeu —
chamei eu.
— Sim?
— Você disse
ontem, que já estava acontecendo algo, a que se referia?
— Bom, acho que
já está mesmo na hora de te contar. Mas os únicos que podem saber
disso são: você, Rachel e Arthur.
— Mas, porque?
— indaguei.
— Porque a
profecia se refere a vocês, e mais dois semideuses que ainda não
conhecemos. Vou te contar ela:
Pénte
imítheous tha
Tésseris na gnorízoun to iliostásio ,
kai mia agápipou tha emfanisteí,
to teleftaío imítheos tha entachtheí
Dýo apó tous prodótes,
kai oi zoés tous ítan o termatismós tou imítheou ischyróteri
Móno tin teleftaía méra , oi íroes tha synantithoún
Oi skiés pou érchontai , allá óla prépei na doúme
I méra teleiónei o kósmos
Tésseris na gnorízoun to iliostásio ,
kai mia agápipou tha emfanisteí,
to teleftaío imítheos tha entachtheí
Dýo apó tous prodótes,
kai oi zoés tous ítan o termatismós tou imítheou ischyróteri
Móno tin teleftaía méra , oi íroes tha synantithoún
Oi skiés pou érchontai , allá óla prépei na doúme
I méra teleiónei o kósmos
Vocês podem não acreditar, mas eu entendi o que ele falou. Não sei como, mas sei que de alguma forma, eu entendi. E foi como se ele tivesse falado em português mesmo. Alfeu havia dito isso:
Cinco
semideuses irão,
Quatro no
solstício se conhecerão,
e de um amor que
surgirá, o ultimo semideus se juntará
Dois deles
traidores, e suas vidas findadas pelos semideuses mais fortes
Apenas no dia
final, os heróis todos se unirão
Pelas sombras
eles virão, mas todos hão de ver
O dia em que o
mundo acabar.
— Quatro no solstício... — disse eu pensativo. — Eu, Arthur, Rachel e?
— Rachel não —
disse ele. — Apenas você e Arthur, que nós temos conhecimentos
— Então, por
que Rachel pode saber se ela não está incluída?
— Mas ela está
— disse Alfeu. — e de um amor que surgirá, o último
semideus se juntará.
— Amor? —
perguntei confuso.
— Sim. Gabriel,
Rachel está apaixonada por você, e isso provavelmente virará um
amor mais tarde, e, pelo jeito que você olha para ela, posso dizer
que você sente o mesmo.
Queria dizer que
não. Mas era verdade, eu, desde a primeira vez que a vi, sabia que
seria alguém muito especial para mim. E isso também explicava o
modo como ela agia para comigo, nervosa, tímida talvez. Fiquei
vermelho.
— Por isso não
queria te contar Gabriel, por causa desses dois desconhecidos, e uma
informação errada pode levar a morte em uma missão.
Seu rosto pareceu
sentir dor quando ele falou em morte em uma missão. Ficou tão
triste e carregado, que, por um momento, ele pareceu dez anos mais
velho. Mas rapidamente ele mostrou um sorriso novamente. Embora eu
soubesse que aquele sorriso era falso. Resolvi perguntar, saber mais
dessa história.
— Eu sei que
muita audácia minha, mas, que informação errada você deu que
resultou na morte de alguém?
Seu sorriso falso
sumiu de sua boca, sua expressão ficou gélida e triste novamente.
— Ah, isso é
uma longa e triste história, você não vai querer ouvir...
— Por favor, eu
quero sim!
Não deveria ter
insistido no assunto, percebi que havia acabado com o dia de
Alfeu. Tive a impressão de que nem salvar o mundo o faria se sentir melhor naquele momento.
Alfeu. Tive a impressão de que nem salvar o mundo o faria se sentir melhor naquele momento.
— Era o ano
1001. Estava acontecendo uma guerra, entre a Grécia e Itália.
Pensei que ele
estava brincando, pois se fosse verdade, ele teria mais de um milênio
de vida . Mas, resolvi não interromper.
— Meu filho,
estava participando dessa guerra, ele era o comandante. Ele estava
encarregado de matar o melhor
guerreiro do inimigo. Esse guerreiro tinha mergulhado no rio Estige e
pegado os poderes de Aquiles, ou seja, a invulnerabilidade em quase
todo o corpo, menos em um minúsculo ponto. Quando soube que meu
filho o enfrentaria, tratei de descobrir qual era o seu calcanhar de
Aquiles. Depois de certo tempo, enquanto eu segurava meu filho,
tentando-o convencer de esperar até que esse calcanhar de Aquiles
fosse descoberto, um espião que mandei chegou trazendo-me boas
notícias: o calcanhar fora descoberto. Era uma região muito difícil
de ser acertada: a sola do pé direito. Contei a meu filho e ele
finalmente saiu. E eu, é claro, fui junto. Chegando lá, seu inimigo
já estava à sua espera com espada em punho. Seu nome era Hércules,
não o verdadeiro, mas intimidava igualmente. ele era um homem de
mais ou menos 2 metros de altura, tinha músculos grandes, cabelo
castanho escuro, olhos pretos, usava uma armadura completa, um elmo
de ouro e uma espada de bronze. Talvez nem precisasse da
invulnerabilidade para vencer alguém. Meu filho era realmente bom,
até para alguém que ficara invulnerável, não era páreo para ele.
Eram golpes e esquives perfeitos, nada o atingiu, mas também, nenhum
de seus golpes feriu Hércules. Até que, quando Hércules atacou,
meu filho desviou e conseguiu derrubá-lo e fazer um corte do tamanho
suficiente para ver o calcanhar de Arthur de Hércules. Golpeou com
toda a força, fechei os olhos e pensei: acabou,
meu filho venceu. Mas,
quando reabri os olhos vi a espada de meu filho quebrada, Hércules
se levantando lentamente, meu filho me olhando, ao mesmo tempo,
horrorizado e desapontado comigo. Vi que Hércules já avançava para
cima de meu filho de novo. Ele rapidamente recebeu uma espada de
outra pessoa de seu exército, mas já estava ficando cansado, não
tinha a mesma agilidade do começo da luta e recebeu vários golpes.
Entendi
então o porquê de ele ficar com tanta dor em sua expressão ao
dar-nos a informação que ele havia nos dado. Seu filho morrera por
causa de uma informação errada que seu pai lhe dera. Então a
expressão de Alfeu mudou, não era mais aquela de tristeza mas sim,
triunfante, orgulhoso. Pouco depois entenderia o porquê.
— Então —
continuou ele. — eu já estava com lágrimas nos olhos vendo a
morte de meu filho por minha causa, quando ele, de repente, olhou
para mim e deu um sorriso. Aquilo me encheu de paz, uma ponta de
esperança veio até mim e eu senti que meu filho poderia vencer
Hércules.
Alfeu contava
aquilo como se estivesse acontecendo em sua frente naquele momento.
— Meu filho se levantou e golpeou Hércules com tanta força que
seu elmo se partiu ao meio e caiu no chão. Hércules estava
aterrorizado, talvez estivesse pensando:
como ele pôde reunir tanta força para lutar? Há um momento ele
estava praticamente morto! Antes
que ele recuperasse a sobriedade, meu filho o atacou na parte
superior da orelha, arrancando-a fora. Uma quantidade exagerada de
sangue jorrou de lá. Era o verdadeiro calcanhar de Aquiles de
Hércules. Eu estava tão feliz, meu filho havia vencido, mas
rapidamente minha felicidade acabou. Hércules em um último esforço
disse:
“não vou morrer indignamente...” Lembro-me
que sua voz estava fraca e rouca, ele mal se aguentava em pé, mas
deu um golpe certeiro. Sua espada atravessou a armadura de meu filho
e perfurou seu peito e chegou a seu coração. Pude sentir. Hércules
deu um sorriso maligno e, ao mesmo tempo satisfeito e caiu morto no
chão. Meu filho também, a espada cravada em seu peito. Corri até
lá. Os exércitos, vendo seus líderes mortos, começaram a lutar
sem nenhuma coordenação. Abaixei-me perto de meu filho e disse-lhe:
“
desculpe-me por ter dado a informação errada. Se a tivesse acertado
você teria vencido, Desculpe-me.”. Para
a minha surpresa ele sorriu. Eu sabia que era a última vez. Ele
disse-me : “Obrigado
pelo o que o senhor me fez até agora, o senhor me deu forças para
me levantar de novo e...”
Sua voz falhou, ele apertou minha mão com força e me puxou para
baixo dando-me um abraço. “Eu
te amo filho — disse-lhe
eu
— te amo mais que tudo nessa vida!”. “ Eu...Eu também...pai
—
disse me ele fracamente“ . Foram suas últimas palavras e ele
suspirou pela última vez.
Ao terminar da
história eu estava chorando feito um bebê. Enxuguei as lágrimas, e
lhe disse:
— Não se culpe.
Ele te amava. E o erro não foi seu e, sim de seu espião. E mais um
coisinha: Como é que você estava vivo no anos 1001?
— Eu sou um deus menor Gabriel, sou imortal, achei que você já
sabia, por isso não mencionei nada.
Queria
falar alguma coisa que pudesse ajudar de alguma maneira, mas não
achei nada que pudesse ser útil. Então, fiz um gesto de despedida
com a mão e saí.
Fiquei
pensando naquelas coisas todas a tarde toda, mas a parte que mais me
impressionou, foi a parte em que dizia : Pelas sombras eles virão,
mas todos hão de ver o dia em que o mundo acabar.
Será
que a parte de o mundo acabar, seria literal? Profecias sempre eram
confusas, mas nessa, estava bem clara essa parte de fim do mundo.
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